Em Ritmo de Fuga

Sabe aquele seu amigo que odeia musicais? Leve ele para assistir Em Ritmo de Fuga e depois vocĂȘ pode dizer que ele gostou depois vocĂȘ pode dizer que ele finalmente assistiu um exemplar do gĂȘnero atĂ© o fim. JĂĄ quem nĂŁo curte o estilo Velozes e Furiosos vai se descobrir completamente imerso nas cenas de perseguição. Pois o longa de Edgar Wright parece atĂ© um musical disfarçado de filme de ação! Brincadeiras Ă  parte, a produção deve seu sucesso ao bom uso da trilha sonora.

Baby (Ansel Elgort) sofreu um acidente na infĂąncia que o deixou com um zumbido permanente nos ouvidos, som que ele abafa ouvindo mĂșsica todo o tempo. Ele tambĂ©m Ă© um excelente piloto de fuga, e bom moço. É contra as mortes, nĂŁo gosta de ver os "colegas de trabalho" em ação e pretende partir para outra assim que pagar sua dĂ­vida, para ter um trabalho honesto, cuidar do pai e ser feliz com a garota que ama. Mas Ă© claro que deixar a vida do crime nĂŁo Ă© tĂŁo simples assim.

Bandido de bom coração, levado ao mal caminho pelas circunstĂąncias em busca de redenção. NĂŁo Ă© uma histĂłria original, Ă© verdade! Mas nem sempre o mais interessante Ă© a histĂłria mas a forma como ela Ă© contada. E isso faz toda a diferença. Wright resolveu usar a mĂșsica para conduzir a trama, coordenando nĂŁo apenas o tom das cenas, mas atĂ© os gestos dos atores e as sequencias de tiroteio. Oferecendo um ritmo Ășnico nĂŁo apenas para cada sequĂȘncia de ação, mas tambĂ©m para os momentos de respiro e construção da trama entre elas. É assim que a histĂłria comum deixa de ser "mais do mesmo" e traz algumas sequencias memorĂĄveis. 

Esta caracterĂ­stica se faz presente desde a primeira cena, uma frenĂ©tica perseguição ao som de Bellbottoms, do The Jon Spencer Blues Explosion. É claro, que depois disso a trama faz uma pausa para apresentar personagens e circunstĂąncias. É este o Ășnico momento em que o filme patina um pouco, apĂłs uma sequĂȘncia de abertura que eleva a adrenalina do expectador ao mĂĄximo, esperar pela prĂłxima sequencia de ação pode ser uma tortura para alguns. Cedo ou tarde estas cenas chegam, com ainda mais adrenalina e sincronia musical que a primeira.


Conhecido por A Culpa é das Estrelas e da franquia Divergente, Elgort cumpre bem o seu papel. Embora particularmente, eu preferiria alguém com um pouco mais de carisma, nada que não possa ser relevado, especialmente diante dos muitos bons coadjuvantes. Estão no elenco Kevin Spacey, Jon Hamm (um pouco exagerado em um momento ou outro), Jon Bernthal (o Justiceiro da Netflix/Marvel) e Lily James (de Cinderela). A mexicana Eiza Gonzålez se sai bem considerando que tem que contracenar com gente mais conhecida e experiente que ela, enquanto Jaime Foxx é quem realmente se destaca ao mergulhar na insanidade violenta de Bats.

Um musical disfarçado, um longo vĂ­deo-clipe, um filme que encontrou uma forma prĂłpria de dar ritmo Ă  ação, Em Ritmo de Fuga nĂŁo perde o bom humor, mesmo nos momentos mais tensos do filme. Tem uma relação com a mĂșsica que deve aguçar amantes de ação, e tornar o gĂȘnero infinitamente mais interessante para quem nĂŁo curte longas perseguiçÔes de carros. Tomara que inspire outras produçÔes de ação Ă  investir mais no estilo e um pouco menos na megalomania.

Em Ritmo de Fuga (Baby Driver)
2017 - EUA/Reino Unido - 113min
Musical Ação

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