Tropa Zero

Você pode não saber o nome de Mckenna Grace, mas com certeza já viu seu rostinho por aí. A atriz mirim apareceu em diversas séries e filmes de sucesso nos últimos anos, tanto em pontas, quanto com papéis maiores. A lista de trabalhos incluí Jovem Sheldon, Fuller House, Annabelle 3: De Volta Para Casa, Capitã Marvel, O Mundo Sombrio de Sabrina, A Maldição da Residência Hill, Um Laço de Amor e Eu, Tonya. Curiosamente, quando ganhou um filme estrelado por ela, quase ninguém viu. Tropa Zero chegou em janeiro exclusivamente na Amazon Prime Vídeo.

Christmas Flint (Mckenna Grace) é uma garotinha fora dos padrões e com poucos amigos, que sonha com a vida no espaço. Quando a Nasa oferece uma competição entre grupos de escoteiras, para gravar uma mensagem em seu Disco de Ouro a ser enviado para o espaço, ela reúne sua própria tropa Birdie. Formada por outras crianças excluídas como ela, e comandada pela nada maternal assistente de seu pai Miss Rayleen (Viola Davis).

O roteiro é assinado por Lucy Alibar de Indomável Sonhadora, e o tom que contrapõe um mundo realista e decante, com a imaginação e determinação crianças é o mesmo. Mas, ao invés do foco no amadurecimento, aqui falamos sobre encontrar seus pares, seu lugar no mundo. O que de certa forma também é amadurecer. A jornada é bastante conhecida. Desafio proposto, as crianças precisam se encontrar, se entender, descobrir em que são boas, usar estas qualidades em conjunto no grande desafio. O resultado deste condiz com a realidade cruel da sociedade, mas para os pequenos representa superação e vitória pessoal.

Também há desafios para os adultos, especialmente para a personagem de Viola Davis. Estagnada em um trabalho abaixo de suas capacidades, vai encontrar motivação em um desafio que não queria aceitar, e para o qual não tinha habilidade nenhuma. Repare como ao tomar um susto Rayleen foge, deixando Christmas para trás sem hesitar. ao seu lado. Cuidar de crianças não está em seus instintos.

Os personagens de Jim Gaffiganv e Allison Janney, pai da protagonista e comandante do grupo de escoteiras rival respectivamente, também conquistam algo no processo, embora em um arco muito mais simples. Trabalho que a dupla de atores veteranos tira de letra.

E por falar no elenco, este não deixa a desejar. Viola acerta ao equilibrar sua incapacidade para a tarefa, com uma vontade genuína de ajudar. Enquanto Mckenna Grace consegue manter o foco em si, mesmo competindo com grandes nomes. 

As demais crianças, entregam direitinho os estereótipos do grupo de desajustados. Entre estes, os que ganham maior destaque são Charlie Shotwell (Capitão Fantástico, Eli) e Milan Ray. Embora a amizade de Hell-No Price (vivida por Ray), e da protagonista soe meio repentina, excluindo as outras crianças da equação.

A fotografia amarelada e desgastada enfatiza tanto o mundo renegado em que vivem, quando a época em que a trama se passa, a década de 1970. Já a acertada trilha sonora, composta por canções de David Bowie, dá conta do lado lúdico e de comunidade. A direção da dupla Bert &Bertie, não traz grandes novidades, mas é eficiente para a história que pretende contar.

Tropa Zero soa como um encontro de Moonrise Kingdom e Pequena Miss Sunshine. Não tem tanta personalidade quanto primeiro, ou a complexidade emocional do segundo, mas tem mensagem e estéticas bem claras. Padrões são superestimados, todos merecem voz e a sensação de pertencimento no mundo. Além é claro, de um excelente elenco adulto e mirim, motivo mais que suficiente para dar uma chance à produção. 

Tropa Zero (Troop Zero)
2019 - EUA - 94min
Drama, Comédia

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