Sanditon - 3ª (e última) temporada

Baseada no romance inacabado de Jane Austen, Sanditon trilhou um caminho difícil. Estreou antes de Bridgerton, mas foi inevitavelmente comparada à muito mais cara produção da Netflix (especialmente no Brasil, onde estreou depois). Foi cancelada, resgatada, perdeu seu mocinho e nome mais conhecido do elenco e por precisou reorganizar toda sua trama. Mesmo assim, a produção conseguiu encerrar sua trama de forma razoavelmente competente. 

Georgiana (Crystal Clarke) está prestes a completar maioridade e finalmente ser dona do próprio dinheiro e destino. Charlote (Rose Williams) retorna à Sanditon para a celebração ao lado do noivo fazendeiro. É claro que seu antigo patrão/interesse amoroso Sr. Colbourne (Ben Lloyd-Hughes) decide voltar no mesmo dia. O que não seria problema se a mocinha realmente ficasse apenas para a festa de aniversário, mas contestação à herança Srta. Lambe, faz a protagonista ficar na cidade por mais tempo para apoiar a amiga, e consequentemente conviver com o pretendente, e contestar seu casamento arranjado.

Os outros arcos da trama, traz o próximo passo na transformação de Sanditon em um resort, a construção de um hotel de luxo. Que ameaça o centro histórico da cidade e seus pobres moradores, e coloca o Sr. e Sra. Parker  (Kris Marshall e Kate Ashfield) em conflito. E traz à cidade um senhor com o qual a respeitável Lady Denhan (Anne Reid) tem um passado. 


E por falar na dama, seu sobrinho vigarista demonstra um interesse incomum por Augusta (Eloise Webb), que já tem idade para procurar um marido, e um bela herança a receberm. Por último, mas não menos importante, a família Montrose, falida porém de renome, vem a caça de bons casamentos, mas talvez seu herdeiro encontra algo mais na convivência com Arthur (Turlough Convery).

Tudo isso em seis episódios! Parece muito? E é! Entretanto, à exceção do processo em torno da herança de Georgiana, e da briga pela construção do hotel, todas as adições e tramas desenvolvidas aqui parecem ter apenas um propósito, dar final feliz à todos. De preferência com um romance, inclusive para personagens secundários, dos quais não nos preocupávamos com a vida amorosa. 


Ainda sim, são muitos arcos e tramas para tão poucos episódios. O resultado é uma certa correria nos episódios finais, que diminuem o impacto de momentos climáticos. E até algumas resoluções tiradas do nada, como a grande decisão de que um vigarista seria perfeito para seguir carreira como clérigo. Mas a maioria segue o estilo das tramas de Austen, oferecendo o conforto prometido para quem busca na série uma visita ao universo da autora. 

Muitos bailes, encontros para o chá, encontros e desencontros, personagens conspirando a favor e contra casais, tudo que adoramos nos temas da autora estão presentes. As únicas surpresas ficam mesmo por conta do arco de Georgiana, que ganhou novos caminhos com a morte misteriosa de seu tutor, e a investigação de seu passado. E do bem vindo romance de Arhur, com outro homem, o que vale dizer era considerado crime na época. 


Qualidade do design de produção, cabelos, maquiagens e cenários repetem as limitações orçamentárias da temporada anterior, optando por cenários já existentes, e uma atmosfera mais moderna. Ao menos os figurinos estão melhor elaborados (leia-se menos feios), dessa vez a produção apostou no simples, e acertou ao deixar de lado, o carnaval de estampas e modelos estranhos da temporada anterior. 

Cheia de desafios, e com muitos altos e baixos, Sanditon como um todo não foi excepcional, mas foi competente. A terceira temporada encerra de forma coerente, e mantém a proposta de trazer o universo de Austen, com a liberdade que um conto não acabado oferece, mas ainda mantendo familiaridade apaixonante de seus romances. 


A segunda e a terceira temporadas de Sanditon tem 6 episódios cada, com cerca de uma hora de duração. O primeiro ano conta com 8 capítulos. A série completa está disponível no Globoplay.

Leia as críticas da primeira e segunda temporadas da série!

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