The Umbrella Academy - 3ª temporada

The Umbrella Academy não é uma série de conforto. Ou ao menos não nasceu com esse intuito. As duas primeiras temporadas conquistaram o público pelo formato imprevisível, irônico e bem humorado com que estes heróis nada convencionais lidam com o fim do mundo. O terceiro ano no entanto, aposta no seguro, desperdiçando oportunidades e entregando mais do mesmo.

A promessa que o gancho do segundo ano deixara, era o enfrentamento de um mal muito mais pessoal para os Umbrellas. A equipe Sparrow, que os substituíra na nova linha do tempo, como heróis criados por Hargreeves para salvar o mundo. E sim, existe uma rixa entre as duas equipes nesta terceira temporada (o primeiro embate entre elas é empolgante, bélica e musicalmente), mas a disputa é encurtada e canibalizada por um mal ainda maior. O fim do mundo, outra vez!

A equipe principal parece não ter aprendido nada com os últimos dois apocalipses, e passam vários episódios cuidando de seus próprios assuntos e sem sequer se comunicar, que dirá se unir finalmente. Os Sparrow vão sendo descartados, conforme o roteiro precisa, sem terem chance de mostrar a que veio. À exceção fica por conta de Ben (Justin H. Min), que se mostra bastante diferente de sua versão fantasma.

De volta aos Umbrellas, é com a equipe original e seus conflitos individuais que a série decide gastar seu tempo. A transição de Victor (Eliot Page), a perda de Alison (Emmy Raver-Lampman), o romance de Luther (Tom Hopper), e a paternidade forçada de Diego (David Castañeda), são os temas isolados que o roteiro escolhe trabalhar, e mesmo assim não o faz bem. Os temas de Victor e Alison são abordados de forma bastante superficial. Diego é relegado a alívio cômico, enquanto o arco de Luther até é usado como elo entre as famílias, mas acaba descartado em seu desfecho.


Sem evoluir nada individualmente, e incompetente em relação a ameaça principal Cinco (Aidan Gallagher), pela primeira vez não é o destaque da equipe. O jovem idoso parece correr sem sair do lugar, com sua habilidade só tendo real peso na história já em seu desfecho. É de Klaus (Robert Sheehan) o melhor arco, não por seu desenvolvimento próprio, mas por sua relação com Reginald Hargreeves (Colm Feore). Pela primeira vez conseguimos entender melhor como pensa e opera o patriarca, que no final das contas é o verdadeiro antagonista da equipe, com seus objetivos escusos. 

Apesar disso, existe sim uma ameaça da vez. O fim do mundo é causado de forma aleatória e conveniente por uma bola disforme de energia com um nome difícil de pronunciar. Ameaça que o roteiro tenta valorizar, mas os personagens deixam em segundo plano, já que cada um está ocupado com suas próprias agendas, e nenhuma delas inclui a esfera flamejante misteriosa. É quando finalmente as equipes desviam sua atenção para um objetivo em comum, seja o fim do mundo, ou outra coisa qualquer que a série deslancha e traz seus melhores momentos. 

Tecnicamente falando a série está visivelmente limitada neste terceiro ano. Talvez por restrições da pandemia, apresenta muito menos locações, e pouco mostra além da mansão Sparrow e do Hotel Obsidian.  Perdendo bastante em construção de mundo, e nas consequências das ações dos super. Há também mais uso de tela verde, e os efeitos especiais também convencem menos que nos anos anteriores. Até mesmo outrora inspirada trilha sonora, pouco se faz presente aqui. 

Felizmente, os personagens que já conquistaram um publico nas temporadas anteriores, mantiveram sua essência. É esta característica que deve agradar a audiência cativa, que retorna apenas para passar mais um tempo com aqueles personagens, independente do que estejam fazendo. Aqueles que retornam em busca da história grandiosa, e roteiro cheio de críticas e conceitos complexos visto nos anos anteriores, não devem encontrar o que procuram. As promessas até existem, mas nunca são aproveitadas em seu potencial . Um bom exemplo é o uso do paradoxo do avô, um conceito interessante, que a série literalmente para a história para explicar, apenas para abandonar no episódio seguinte.


Com os personagens constantemente "correndo atrás do próprio rabo", repetindo as mesmas discussões e enrolando por boa parte dos episódios, a terceira temporada de The Umbrella Academy, não traz grandes consequências (à exceção daquelas usadas como gancho para a próxima temporada), nem uma história coesa e fluida. É uma união de pequenas tramas sem peso e aprofundamento que se estende demais, até que o roteiro decida deixa-las de lado e unir os personagens para a repetida trama apocalíptica.

Desperdiçando bons novos personagens, e privando os antigos de evoluir, seu desenvolvimento lembra os das séries de super-heróis da CW, no pior sentido. Uma produção completamente diferente das temporadas anteriores. Com linguagem mais simplista, menos rica e empolgante, mas bastante confortável para quem apenas deseja passar um tempo com os Umbrellas.

The Umbrella Academy tem três temporadas com dez episódios cada, todos com cerca de uma hora de duração, e já disponíveis na Netflix.

Leia as críticas da primeira e segunda temporadas.
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