Defendendo o desfecho de John Connor em "Destino Sombrio"

O Ministério da Cinefilia Adverte:
Este post contém SPOILERS de O Exteminador do Futuro: Destino Sombrio.
Prossiga por sua conta e risco!

O mais recente filme da franquia O Exteminador do Futuro estreou faz algumas semanas, e a chocante cena inicial deixou muita gente tão chateada quanto surpresa.  Alguns até revoltados, eu diria. Mas também digo, particularmente, acho que o evento não está entre as escolhas ruins da produção.( Acredite, apesar de bom o filme seque alguns caminhos duvidosos - leia a crítica). E agora pretendo defender a ideia.

Se você ainda não sabe do que estou falando, e não se importa com spoilers, lá vai: John Connor é assassinado por outro T800 na cena inicial do filme, ainda criança, alguns meses após dos eventos de O Julgamento Final.

Oh! Céus, mataram o líder da resistência, a única esperança da humanidade, o ícone da cultura pop!!! Sim, isso é terrível, mas não é o fim do mundo (com perdão do trocadilho). Agora vamos aos motivos por trás desta escolha, e porque isso é uma boa ideia.

Provavelmente os maiores motivos para a escolha são comerciais. Primeiramente, Edward Furlong, intérprete de John em T2, do qual este filme é referencia direta, não tem uma carreira/vida muito estável. Seu retorno seria considerado um risco em uma franquia tão grande. Outro motivo, é sim voltar o foco para personagens femininas, em tempos de empoderamento em voga. Mas o protagonismo feminino também retoma as origens da franquia, lá em T1, era Sarah Connor o foco da disputa. O que é bastante coerente para esta sequencia/reboot que tenta fazer por Terminator, o mesmo que O Despertar da Força fez por Star Wars.

Mas estas não são as razões pelas quais eu acho que a morte de John seja uma escolha acertada.

Esta razão seria, a natureza humana em si, e o próprio tema de destino cíclico co do filme. Calma, eu explico. Da mesma forma que a humanidade em O Exterminador do Futuro parece está fadada a brincar de deus, perder o controle de suas máquinas e ser subjugada por elas. Também está fadada a resistir, e ao surgimento de líderes para essa resistência.

Em outras palavras, assim como impedir a Skynet não evitou a rebelião das máquinas, que encontrou outros caminhos pra surgir. Matar John não evita que a humanidade se levante contra as máquinas. Este levante vai sempre acontecer, de outra forma, com outros líderes, caminhos e resultados diferentes. No destino irremediável deste universo (e talvez do nosso também), algo sempre surgirá para ocupar o vácuo deixado pelas alterações criadas pela viagem no tempo. Tanto em relação à evolução tecnológica que resulta do apocalipse das máquinas, quanto na luta pela sobrevivência da humanidade.

Uma pena apenas que a fórmula simplista adotada pelo roteiro, que tenta emular o primeiro filme, mantenha a mitologia presa à Dani. Ao invés de expandir o universo para a possibilidade altamente plausível, que lideranças semelhantes tenham surgido em outros grupos de sobreviventes ao redor do mundo. Afinal, não faz sentido que hajam sobreviventes apenas nos Estados Unidos. E mesmo que assim fosse, um território enorme, sem comunicação, é provável que vária células de resistência surjam isoladamente, e como é comum na sociedade humana, se reúnam em torno de um lider. Assim, existem vários "John Connors" ao redor do mundo, todos liderando sua pequena parcela de humanidade à vitoria contra as máquinas.

Então deixe de lado seu discurso misógino sobre "feminazis exterminando John para por uma mulher no lugar". Até existe uma motivação comercial por trás da escolha, mas em nenhum momento esta foi pensada para agredir sua "masculinidade". Tente também desapegar da memória afetiva em relação ao grande líder da resistência. Eu sei, é difícil, você cresceu acreditando em um futuro liderado por Connor. E pode continuar adorando a ideia, e amando os longas em que este futuro se realizou. Mas esteja ciente, a morte do personagem faz bastante sentido no mundo de Terminator, e até no nosso.

Além disso, a possibilidade de sempre haver alguém, talvez vários "alguéns", lutando pela sobrevivência e reunindo pessoas em torno de uma causa é uma boa imagem nossa. Visão positiva bastante necessária como contraponto de uma humanidade fadada a cometer os mesmos erros, que levam a auto-destruição.

E aí? Agora a morte de John Connor faz mais sentido para você? Ficou menos traumática? Duvido. Concorda ou discorda deste argumento? Defenda seu ponto, ou seu líder.

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10 Comentários

  1. Tenho quase 50 anos e como você disse, cresci vendo John Connors sendo o lider da revolta contra as máquinas. Então depois de 5 minutos de filme ele morre, é claro que não tem como gostar. Desisti de assistir o filme depois da cena, não fez sentido mais a história. Os roteiristas podem enfiar essa linha de tempo alternativa no rabo, não é pra menos que está sendo o maior flop dos últimos tempos.

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  2. Não!!!Não faz sentido a morte de John Connor!!!

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  3. Não!! Não faz sentido a morte dw John Connor!!!

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  4. Discordo. Acredito que se era a hora de salvar a franquia, era pra ter sido nesse filme, mas conseguiram cagar o resto que já tinham cagado depois do Julgamento Final. Primeiro, Edward Furlong tem uma vida complicada, mas ele é uma pessoa motivada pelo trabalho, ele disse que queria fazer um filme inteiro novamente da franquia, e o retorno dele seria muito favorável não apenas para a franquia como também para ele mesmo, em ver sua carreira sendo resgatada e também porque ele é um excelente ator, com preparação ele teria conseguido reencarnar John Connor, mas nem sequer disseram pra ele como seria sua participação no filme, mas ele ficou animado pelo convite. E também o papel de John é importante para a saga porque ele foi literalmente criado para lutar com as maquinas do futuro, poderiam haver outros lideres, mas John era o que mais sabia lidar com a situação, por isso sua morte significou o fim da franquia, pois ninguém sabia da Skynet como ele sabia. E não podemos reclamar de figuras femininas, pois Sarah Connor é a personagem mais importante de todos, pois sem o treinamento dela, John nunca teria se tornado um líder, afinal ela treinou o filho dela desde pequeno antes de separa-los como é mostrado no segundo filme.

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  5. Oi Nádyla, obrigada pelo seu comentário. Agora vamos por partes.

    Furlong pode ser uma pessoa incrivelmente motivada, mas sua vida foi cheia de altos e baixos, logo uma pessoa considerada um risco par a indústria. Por mais que sejamos fãs, temos que lembrar estes filmes estão aí para fazer $$$, não para nos agradar, nem ajudar a carreira de ninguém. Focar a franquia em um ator instável é um risco que empresa nenhuma vai correr. Por isso dificilmente Furlong seria a aposta deles para uma nova franquia. Uma pena.

    Sim, ele foi criado para combater as máquinas e isso é importante. Mas ele seria o único? Sério? Em um mundo tão vasto? Expandir a franquia para "outras resistências e líderes", é um passo para abraçar o planeta e deixar aquela fórmula batida de que tudo acontece nos EUA.

    Ninguém sabia lidar com a Skynet como ele? Ué, e a Sarah? Ela ensinou tudo ao filho, como você mesma disse, e poderia ensinar a qualquer um, certo?

    A morte de John é nasceu de uma estratégia que focava tanto o lucro, quanto a vitalidade da franquia que precisava inovar e expandir seu universo. Dentro das muitas opções, esta é sim bastante coerente, com o que fora apresentado na franquia (nos 2 primeiros filmes, este filme ignora os outros). O desenrolar da trama pode ter suas falhas, mas o argumento faz sentido, narrativo e mercadológico.

    Ainda sim, se você preferir o John vivo, tudo bem! Existem versões da história em que ele está vivo. Estes filmes não foram cancelados ou deletados por este.

    Esta é uma das vantagens de produções sobre viagens no tempo, sempre há a possibilidade de criar linhas do tempo distintas, esta é uma das opções. Assista todas com coração aberto e mente crítica, e escolha sua favorita. Não existe opção errada nesse caso.

    Bjs e volte sempre!

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  6. Existe opção errada sim. A bilheteria comprova o erro de matar um dos ícones da franquia, assim como fizeram com Genesis - transformando John em vilão. Não se pode querer reviver o sucesso matando o líder ou subvertendo o seu propósito de existência, ainda mais poucos meses depois dos eventos do Julgamento Final. Não faz sentido. Ficaria melhor se no fim do filme,John adulto, após batalhar e passar seu conhecimento, morresse em combate. Assim, teríamos visto o desenvolvimento do personagem e cumprimento de sua missão na história. Há casos em que uma perspectiva mais aberta faz bem a uma franquia. Terminator definitivamente não é um deles.

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  7. Novamente, vamos por partes:
    Bilheteria não prova a qualidade de um filme, pergunte para "Blade Runner". Aqui no caso, só comprova que o público deste gênero ainda tem preconceito com protagonistas femininas.

    A história do mundo prova que matar um líder antes da hora o torna um mártir. O Connor poderia ter virado um, para Sarah e Carl ele era.

    Sim, você já viu o desenvolvimento do personagem no filme do Christian Bale e em Gênesis, foi horroroso! Já pensou que a promessa do líder que ele poderia ser é muito mais interessante, que sua liderança de fato? Nunca conheça seus ídolos!

    Perspectivas mais abertas SEMPRE fazem bem. Precisamos mais disso! Como a sua perspectiva que poderia ser mais abrangente, indo além da versão da história que você criou na sua cabeça. Uma pena que o universo não gira em torno do que você quer, né!

    E por fim, sei que não vou mudar sua opinião, e que provavelmente você nuca vai retornar a este blog. Mas obrigada pela oportunidade de revogar seus argumento, um a um. Foi divertido!

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    Respostas
    1. olá. Depois de anos, estou analisando diversos filmes. Caso queira saber meus motivos para não ter gostado, segue o link:
      https://www.youtube.com/watch?v=3vSdIdzziWM

      Mas podemos dizer que, como você havia dito em comentário anterior, temos que ter em mente que "estes filmes estão aí para fazer $$$". Concordo com você que, que disse também que "Bilheteria não prova a qualidade de um filme". Transformers ou American Pie são histórias com enredo bem previsível, porém a bilheteria deles está ai pra comprovar que, embora sem explorar muitas possibilidades narrativas, eles cumpriram o papel de fazer $$$. Por se tratar de uma franquia antiga, e a maior parte do público sendo aqueles homens e jovens que possuem uma valorização do homem forte e completo, com todas as características idealizadas, o filme poderia oferecer aquilo que o público aclamava, ainda com novas personagens e desenvolvimento de Sarah. O ator poderia ser substituído, se o problema fosse a vida pessoal dele. Como já dito, o objetivo final é sempre agradar o público. Se quisessem experimentar algo novo, fizessem spin-off em livros ou HQs para primeiramente testar o retorno, como se fosse um universo alternativo, porém, já saberiam de cara que não seria bem aceito para o público. Fizeram isso com Miles Moralles, e deu bom nas HQs. Então, depois do sucesso dele ser aprovado, fizeram o filme dele e até o jogo. Porém, não tiraram o homem aranha original, que é Peter Parker (o Peter do universo de Miles morreu, porém já estava previsto isto nas HQs, então não era uma surpresa pra ninguém ele se sacrificar pra salvar a cidade).

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