The Umbrella Academy - 4ª (e última) temporada

Na terceira temporada The Umbrella Academy mudou bastante, e para pior. Entretanto, boa parte de nós atribuiu a queda de qualidade aos desafios impostos pela pandemia, que limitou elenco, locações, tornou o trabalho mais lento e dispendioso. A esperança era que o quarto e ultimo ano, colocasse a série nos trilhos, e entregasse um desfecho tão criativo quanto seu início. Os episódios finais chegaram, com um encerramento satisfatório e até poético, mas muito aquém do potencial desse mundo e personagens. 

Após conhecer os Sparrows, e salvar o mundo do apocalipse pela terceira vez, Luther(Tom Hopper), Diego (David Castañeda), Lila (Ritu Arya), Allison (Emmy Raver-Lampman), Klaus (Robert Sheehan) Ben (Justin H. Min), Victor (Elliot Page) e Cinco (Aidan Gallagher) vivem sem poderes em uma nova linha do tempo. Seguindo com suas vidas com pouco ou nenhum contato uns com os outros. Até que o sequestro de Victor dá início a uma nova missão de resgate, que vai terminar com, é claro, mais um fim do mundo. 

Iniciar a temporada com os Umbrellas tentando ter vidas normais é um dos pontos altos desta nova temporada. Ao mostrar que mesmo sem poderes, eles continuam desajustados, insatisfeitos e apesar de afastados, uma família disfuncional. Esses momentos iniciais onde eles tentam se reencontrar e trabalhar em equipe, nos levam imediatamente de volta ao que amamos no programa, acompanhar esses personagens se relacionando. 

Infelizmente, não demora muito para o roteiro adotar o formato das duas temporadas anteriores, e separar os personagens em jornadas individuais, rasas e pouco relevantes diante o "novo fim do mundo", e principalmente da necessidade de encaminhar tudo e todos para um desfecho. Assim, enquanto Ben, se une a mal explicada Jennifer (Victoria Sawal), para conduzir a trama ameaça principal. Seus irmãos eventualmente perdem o foco, e se aventuram em problemas pessoais. 

Como os anseios profissionais de Luther e Diego, o completamente forçado relacionamento entre Lilla e Cinco, e o já ultrapassado dilema de Klaus com entorpecentes e agiotas. Destas "side quests", a única realmente interessante e a reunião de Victor com Reginald Hargreeves (Colm Feore), para finalmente discutir o tratamento dado a ele na infância. Ainda que tal discussão aconteça com uma versão alternativa do patriarca. 

Outra trama paralela que pouco acrescenta é o grupo conspiratório liderado por Gene e Jene Thibodeau (Nick Offerman e Megan Mullally). Líderes de um grupo que acredita na existência de várias linhas temporais, e trabalham secretamente para restaurar alguma delas. O núcleo existe apenas como empecilho, e eventualmente alívio cômico, sem a profundidade que poderia abordar. Ao menos as performances de Offerman e Mullally, nos faz adorar acompanhar o casal conspiratório. 

Assim como o elenco veterano continua no controle das nuances a idiossincrasias de seus personagens, mesmo quando o roteiro não os explora muito. Cenários e locações estão mais variadas que a temporada anterior, ainda que não explorem todo o potencial. Assim como os efeitos especiais, que servem o roteiro de forma eficiente e apenas isso. Já os poderes a que esses efeitos servem deixam a desejar, ao serem ignorados por boa parte do tempo. E em alguns casos como o de Allison e Victor até alterados, para uma versão menos interessante e criativa.

Ao mesmo tempo que "perde tempo" com tramas paralelas, arcos introduzidos na temporada anterior são deixados de lado ou subaproveitados, como o relacionamento de Luther e Sloane (Genesis Rodriguez), a versão misteriosa de Ben vista na cena pós créditos. Além da recente paternidade de Lila e Diego, que poderia ser usada como motivador e fator de amadurecimento, mas para os personagens a existência das crianças mais parece um empecilho.

Quando finalmente deixa de tentar desenvolver arcos razos ou repetidos, e finalmente reúne os irmãos (e Lila) para o desfecho, a série ganha fôlego novamente. Mesmo com explicações rocambolescas, e meio forçadas. Os irmãos estão unidos, e vão salvar o mundo novamente com suas personalidades únicas. Dessa vez de forma definitiva, e com um belo sacrifício. E é isso que queremos ver!

Com apenas seis episódios (as temporadas anteriores tiveram dez), The Umbrella Academy retorna apenas para se despedir. Sem grande alardes, ou eventos épicos e megalomaníacos, o que um  pouco decepcionante. Mas ao menos a quarta temporada respeita a essência da série e principalmente de seus personagens, dando-lhes um final coerente e digno ainda que intimista. 

O que é muito, considerando que atualmente o padrão Neflix é abandonar os personagens que amamos, através de cancelamentos sem remorsos. Poder nos despedir adequadamente de Luther, Diego , Lila , Allison , Klaus, Ben, Victor e Cinco é um privilégio satisfatório. Mesmo que apenas com aceno modesto.

 The Umbrella Academy é inspirada nos quadrinhos homônimos de Gerard Way e Gabriel Bá,  tem quatro temporadas, e um total de 36 episódios com cerca de uma hora cada. Todos já disponíveis na Netflix.

Leia as críticas da primeira, segunda e terceira temporadas.
Conheça a HQ The Umbrella Academy: Suite do Apocalipse



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