Upload - 3ª temporada

Um dos temas iniciais da primeira temporada de Upload é o termino. Nossa inabilidade de aceitar a finitude da vida, a tentativa de estendê-la e a falta de propósito quando alcançamos essa suposta "imortalidade". Chegando em sua terceira temporada, a série do pós-vida virtual parece sofrer do mesmo mal que abordou tão bem em seu primeiro ano, a incapacidade de encarar um desfecho. 

Retornamos a série logo depois que Nathan (Robbie Amell) fez um arriscado download para ficar com Nora (Andy Allo) e para derrubar a Freeyond. Enquanto Ingrid (Allegra Edwards) fez uma cópia do namorado no mundo virtual. 

A partir daí, a promessa era desvendar o mistério por trás da morte de Nathan, e do real propósito da Freeyond, enquanto o casal protagonista luta para ficar livre e vivo. Além de um embate ético e filosófico, quando a existência de duas consciências de Nathan fosse revelada. Ao invés disso, o roteiro aposta nos romances e piadas, deixando a trama mais interessante em segundo plano. 

Assim acompanhamos personagens principais e secundário darem voltas e reviravoltas em suas relações. Nora e Nathan aprendendo a conviver no mundo real. Ingrid repetitivamente sentindo ciúmes do seu Nathan. E até Aleesha (Zainab Johnson) e Luke (Kevin Bigley) lidando com relacionamentos confusos. O que não seriam problema, se esses romances servissem à história e os personagens. Mas é o oposto que acontece. 

Oficialmente em fuga, o casal principal parece não ter receio de ser pego. Tão pouco tem pressa para resolver os impasses, ou mesmo de nos mostrar como estão resolvendo. Revelações e avanços no caso contra as grandes corporações de pós vida, são apresentados de forma corrida, e com muitos saltos de tempo, que omitem boa parte do processo. Culminando em um último episódio que precisa resolver e apresentar tudo às pressas, e obviamente não consegue. 

Já o grande dilema da existência de duas consciências da mesma pessoa, cai por terra assim que é apresentado. Os dois Nathans estão bem com suas existências, os outros ao redor acham conveniente ter dois deles. E fica por isso mesmo! Assim como o perigo de ser fazer um download, um problema que se resolve sozinho com uma única cena. 

Entrar e sair de Lakeview, bem como permanecer lá sem pagar, ou sem seguir as regras, também não é mais um dilema. Os personagens burlam a "segurança" sempre que conveniente para o roteiro. E as piadas da pós-modernidade nonsense, começam a perder o frescor.

O que nos leva a incapacidade de enfrentar um final. Não falo de um desfecho da série necessariamente, mas dos conflitos que se arrastam por três anos. Absolutamente nada é resolvido em definitivo, todos os dilemas ganham mais camadas e detalhes rocambolescos, ao ponto tornar difícil acreditar, ou sequer acompanhar. E claro, um grande gancho encerra a temporada, indicando que a história será esticada ainda mais.

Repetindo dilemas, piadas e críticas, a terceira temporada Upload parece um de seus 2Giga. Gira em círculos nas mesmas tramas, gastando tempo de seus oito episódios. Tentando entregar muita coisa nos minutos finais, apenas para ser interrompido pelo fim do plano de dados, e nos fazer esperar até que ele seja recarregado na próxima temporada. 

 

Infelizmente, à essa altura nem o carisma dos personagens é garantia de que renovaremos a assinatura. Ou retornaremos à série. Se o fizermos, será por mera curiosidade, e a necessidade de desfecho que todos temos!

A primeira temporada de Upload tem dez episódios, a segunda sete, e este terceiro ano oito. Todos disponíveis no Prime Vídeo

Leia as críticas das temporadas anteriores!

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