A obra mais livre e criativa do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), usa de duas vantagens para tal. A as inúmeras possibilidades geradas pela criação do multiverso na primeira temporada de Loki, coisa que o cinema ainda não descobriu como fazer. E a liberdade que a técnica de animação oferece para contar histórias. Não há nada impossível ou inverossímil para uma animação bem feita! Assim, What If...? chega a sua segunda temporada como uma das melhores obras da fase atual da Marvel.
Para quem ainda não está familiarizado com a produção, a proposta é trazer histórias de diferentes universos, onde um elemento diferente transforma toda a "história oficial" que conhecemos nos cinemas. No melhor estilo "efeito borboleta", ou melhor "E Se...?" (tradução literal do tal "What If...?", do título). E se o Yondo tivesse entregue o Quill para o Ego? E se a Hela fosse banida, ao invés de aprisionada? E se o Tony Stark conhecesse o Grão Mestre? Tudo narrado e conectado pelo Vigia (Jeffrey Wright), personagem que jurou obervar sem interferir. As possibilidades são infinitas!
Uma pena que a segunda temporada opta por seguir a fórmula da primeira e com isso aproveita pouco essas possibilidades. Assim como no primeiro ano, a série apresenta personagens isolados, para reunir todos contra uma grande ameaça nos episódios finais. Escolhendo tramas que não apenas bebem dos episódios recentes, mas resgatam elementos da temporada anterior. Perdendo assim a independência e liberdade que seu formato de antologia proporciona.
São poucos os episódios completamente isolados, como o primeiro E se... a Nebulosa entrasse para a Tropa Nova?. Que de longe é o mais criativo, com um tom noir, investigativo, cyberpunk, estilo Blade Runner.
Entretanto é o sexto episódio E se... Kahhori remodelasse o mundo? , o mais corajoso de toda a temporada. Falado completamente no idioma nativo dos Mohawk e em espanhol (à exceção das inserções do Vigia), acompanha uma versão da Terra onde o Teseract, caiu mais cedo em nosso planeta, e concedeu habilidades para os nativos americanos da era pré-colonial. Apresentando uma nova heroína, Kahhori, é forte e carismática. A torcida é para que a personagem não caia no limbo do MCU, e ganhe novas aparições em diferentes obras. Uma pena apenas, que as péssimas legendas do Disney+ atrapalhem o acompanhamento do inusitado episódio.
A qualidade técnica da primeira temporada se mantém, com estilo próprio, e design de personagens escolhe se assimilar a alguns intérpretes, mas não a outros. Escolha que somada à alteração de algumas vozes parece ser mais contratual e burocrática, que artística. E por falar no elenco de vozes, boa parte dos interpretes dos personagens do cinema, retornam aos seus papéis aqui. Aqueles que não retornam são substituídos por trabalhos de voz que não causem estranheza no público. Enquanto a versão dublada traz a grande maioria das vozes originais de volta.
Sem o frescor de novidade do primeiro ano, e inexplicavelmente presa à uma fórmula, a segunda temporada de What If...? é mais morna. Cheia de amarras, parece desperdiçar potencial, para apostar na segurança do "mais do mesmo", e com isso perde o melhor de sua essência. Mas ainda sim é divertida, bem produzida, e tem uma terceira temporada cheia de potencial garantida.
A única coisa que falta, é o MCU reconhecer o potencial da protagonista não oficial dessas aventuras, e liberta-la para voos mais altos. Em outras palavras deem um escudo para Hayley Atwell e aventuras solo para a Capitã Carter!
What if...? tem duas temporadas de nove episódios com cerca de meia hora cada, todos já disponíveis no Disney+.
Leia a crítica da primeira temporada!
Postar um comentário