"Embora eu duvide que a franquia abandone personagem tão carismático, e rentável, completamente, ele não é mais o centro das atenções em The Mandalorian." - foi o que apontei ao mencionar o satisfatório encerramento do arco/missão envolvendo Grogu na crítica da segunda temporada de The Mandalorian. Pois é exatamente a atenção divida o ponto fraco e forte do terceiro ano da série.
Com Baby Yoda de volta na garupa, resultado de eventos mostrados em O Livro de Boba Fett, Din Djarin (Pedro Pascal) finalmente embarca em uma nova missão. Dessa vez mais pessoal, o mandaloriano retirou seu capacete e precisa retornar à mandalore para se redimir e retornar ao bom caminho da doutrina.
No caminho para tal tarefa, descobrimos que Moff Gideon (Giancarlo Esposito) ainda pode ser uma ameaça, expandimos nosso conhecimento sobre os remanescentes do império, bem como presenciamos a falta de eficiência da nova república. Além de reunir tribos mandalorianas diferentes, aprender mais sobre sua história, costume e doutrina, conhecer Mandalore, lutar pelo planeta, e claro começar a treinar Grogu.
Ficou com a sensação de atenção dividida? Pois é exatamente este o caminho que a terceira temporada da série decidiu seguir. Abraçar muitos temas, o que curiosamente é bom e ruim ao mesmo tempo. O amplo espectro expande o universo e traz assuntos ainda pouco ou nada abordados nos live-actions. O que é sempre muito bem vindo. Por outro lado, o excesso interfere no ritmo da série como um todo, com episódios muito distintos uns dos outros. E eventualmente, alguns temas perdem espaço diante outros.
Entre as boas surpresas, a pré-história da Primeira Ordem surgindo sob as barbas da Nova República. O Capítulo 19: The Convert, traz anistiados e fugitivos agindo por baixo dos panos, nos lembrando que ideias não morrem. Uma pena apenas a presença de Dr. Penn Pershing (Omid Abtahi) não ter sido mais explorada. Ou estra trama não ter sido distribuída ao longo de toda a temporada, tornando sua apresentação mais uniforme. Junto com o cientista nazi imperial outro tema curioso, a clonagem. Aqui focada nos planos de Moff Gideon, mas uma boa origem para o péssimo plot do Clone Palpatine apresentado no Episódio IV: Ascenção Skywalker.
Outro arco interessante, o resgate de Mandalore, apresenta os guerreiros que nunca tiram o capacete pela primeira vez como uma sociedade mais complexa, com história, cultura, intrigas e hierarquia bem construídas. Para tal, o protagonismo de Din Djarin, é acertadamente dividido com Bo-Katan Kryze (Katee Sackhoff). Personagem que pode tranquilamente carregar a série sozinha, sem nem alterar seu título, caso os criadores percebam, que a jornada de Mando terminara.
O que nos leva à jornada do protagonista "oficial", sem uma grande missão definida como nos anos anteriores, o mandaloriano passa a seguir, perdendo não apenas em espaço, como também em eficiência. Nunca o personagem apanhara tanto quanto nestes episódios. Sua relação de paternidade com Grogu, poderia ser um motivador interessante, as a presença da Criança parece algo adicionado de última hora na jornada principal (tema que discuti a fundo neste post). Fazendo com que essa relação seja explorada em momentos pontuais, perdendo em muito sua força, e transformando Baby Yoda em mero acessório em muitos momentos.
E por falar nas coisas que não funcionaram tão bem. A destruição repentina do Dark Saber, tira toda a importância da obsessão por sua posse por vários personagens. Pode representar uma evolução para os Mandalorianos como sociedade, ainda sim sua perda pareceu fácil demais para um item tão relevante.
Outro tema que não fora explorado em sua totalidade é a "vida secreta dos droids". O Capítulo 22: Guns for Hire, mostra pela primeira vez os robôs com vidas além da subserviência. Máquinas conquistando autonomia sempre geram boas discussões, e desde R2D2 e C3PO sempre dedicamos certa empatia com estes seres como se fossem criaturas senciente. Ao ponto de soar estranho, que nunca tenhamos discutido sua condição antes. Tomara que mais disso seja visto em produções futuras.
De volta ao "Mandaloriano oficial", mesmo com inconsistências ao longo de seu desenvolvimento, a jornada do personagem chega a um ponto satisfatório. Assumindo a paternidade de Grogu, e escolhendo seu papel na "nova ordem da galáxia", suas aventuras tanto podem se encerrar aí, na sugestão de sua existência, e relegar o protagonismo a outros mandalorianos. Como podem retornar, ao modelo episódico que adotara nas temporadas anteriores e com o treinamento de seu filho como linha principal. Particularmente acompanharia qualquer uma das opções.
Com seus tradicionais oito episódios, a terceira temporada de The Mandalorian é a menos equilibrada das três. Oscila entre a aventura e batalhas, e os temas culturais e políticos que aborda, nunca colocando ambos em pé de igualdade no mesmo episódio. Fazendo com que os fãs de um aspecto ou outro gostem mais ou menos de determinados episódios.
Por outro lado, é também a temporada que mais expande seu universo, mostrando pela primeira vez o quadro maior, além de seu protagonista. Enriquecendo as discussões, e até as motivações para as adoradas sequencias de ação. Em outras palavras, é uma temporada de altos e baixos, de atenção dividida. Tem momentos excelentes e outros nem tanto, mas como um todo entretém o suficiente!
The Mandalorian (ou O Mandaloriano) é uma série original do Disney+. Tem três temporadas com oito episódios cada, todos disponíveis na plataforma.
Continue discutindo esta temporada com O Desafio do Baby Yoda! Ou leia mais sobre a Star Wars.
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