Tetris

Isso mesmo, você leu direito! Trata-se de um filme sobre o jogo eletrônicos de empilhar bloquinhos. Mas calma, não trata-se de um filme infantil, ou com uma história mirabolante para criar uma narrativa sobre objetos inanimados. Acontece, que a história por trás do sucesso mundial do game é em si uma história mirabolante por conta própria. 

O Tetris foi criado pelo programador soviético Alexey Pajitnov (Nikita Efrenov), nos últimos anos da Guerra Fria, quando a Cortina de Ferro da URSS está prestes a cair. Por isso sua comercialização mundial passou por muitos percalços e disputas. Acompanhamos o desenvolvedor de jogos de computador nascido na Holanda e morador do Japão, Henk Rogers (Taron Egerton), que inicialmente quer apenas uma fatia do sucesso. Licenciar o jogo para a Nintendo no país nipônico, mas logo se vê em uma disputa cheia de mentiras, corrupção e espionagem, que o leva a a negociar até com a KGB. 

Simples e direto, o roteiro aproxima eventos, e exagera situações (o verdadeiro Henk Rogers afirmou que perseguições de carro não correspondiam a realidade) para construir uma tensão crescente bastante eficiente. Enquanto Egerton com facilidade nos faz comprar a briga de seu personagem, construindo um "malando honesto", tagarela e carismático.

Sim, ele quer ganhar muito dinheiro com o jogo, mas parece estar tentando fazê-lo da forma mais honesta possível. Assim enquanto o personagem corre de um lado para o outro, leva rasteiras dos adversários, e fica na mira do serviço secreto soviético, nós torcemos por ele. Conquistar essa fidelidade do público já é meio caminho andado para o sucesso da produção.

Embora, essa empatia, que também se extende ao personagem de Nikita Efrenov não ajude muito na hora de aprofundar os dramas familiares dos personagens. Entendemos os riscos, e até torcemos pelas famílias, mas nunca de fato tememos pelo pior. Falta tempo para explorar melhor as ameaças, além disso a URSS caiu, e nós jogamos Tetris até hoje. 

A simplicidade do roteiro, que explica bem os meandros de contratos e disputas comerciais é outro ponto forte. Embora essa característica se perca, quando se trata de apontar quem é quem do lado soviético do jogo. Leva um tempo até entendermos quem é KGB, quem é do órgão governamental que negocia propriedade intelectual, quem é submisso a quem, e principalmente que ambos não estão necessariamente trabalhamos juntos. Nada que comprometa demais a compreensão, mas que poderia ter recebido um pouco mais de atenção dos roteiristas. 

Reconstrução de época, edição e musica no entanto, receberam mais que a atenção devida. Enquanto figurino roteiros e cenários, são eficientes para nos levar de volta à década de 1980. A edição "espertinha", que brinca com elementos do jogo, oferece um tom mais dinâmico, que junto com as bem escolhidas músicas da época (muitas com versão em russo) criam uma jornada divertida apesar dos riscos. Estamos falando e contratos enfadonhos, negociações confusas, e ameaça soviética, mas a sensação que o filme deixa ao final da sessão é de um entretenimento supreendentemente leve. 

O elenco também conta com Toby Jones, e com rostos familiares, embora nem sempre reconhecidos, como Anthony Boyle e Roger Allam. Todos com atuações eficientes, embora nada excepcional. O destaque fica mesmo com Taron Egerton que se mostra mais versátil e carismático a cada trabalho. 

Lançado no Brasil pela  Apple TV+, Tetris é uma boa surpresa. Uma história real tão interessante quanto absurda, contada de forma eficiente e sem pontas soltas. Quem diria, que o joguinho de empilhar poderia ser muito mais tenso e empolgante do que quando as peças aceleram e o topo da tela está próximo. 

Tetris
2023 - EUA/Reino Unido - 118min
Biografia, Drama

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