
Apenas nós, espectadores, sabíamos que a ameaça do Devorador de Mentes ainda pairava sobre a pacata cidadezinha. Neste ano que passou, os personagens retomaram as suas rotinas acreditando que as ameaças do mundo invertido foram superadas. A molecada está curtindo o final do verão de 1985, os adolescentes dando os primeiros passos na vida pós-escola, e os adultos estão de volta à sua tarefa de pais. É aí que "coisas estranhas" voltam a acontecer na cidade, que além da ameaça sobrenatural, agora também atraiu a atenção dos soviéticos.
É no tempo que a série dedica ao cotidiano dos moradores de Hawkins que reside o grande diferencial e acerto desta temporada. Se nos anos anteriores somos levados ao momentos de ruptura da normalidade, aqui passamos os primeiro episódios acompanhando os personagens, nos atualizando em seus dilemas, e consequentemente nos apegando mais à cada um deles. Não que já não os adorássemos o suficiente.
Assim, vemos a relação de pai e filha entre Hopper (David Harbour) e Eleven (Millie Bobby Brown) evoluir para a dinâmica adolescente testando os limites, e patriarca superprotetor. Já a relação entre o xerife e Joyce (Winona Ryder) continua estagnada, já que ela não consegue superar a morte do antigo namorado.
Nancy (Natalia Dyer) e Jonathan (Charlie Heaton) dão seus primeiros passos na vida profissional no jornal da cidade. Ela, engajada em sua carreira jornalística, enfrenta o machismo absurdo do ambiente de trabalho. Eles mais apagado que nas temporadas anteriores, apenas segue a namorada, até inevitavelmente entrarem em conflito por causa da persistência da moça. Steve (Joe Keery) também segue com a vida pós-escola, contemplando um futuro abaixo das expectativas, sem vaga para faculdade e trabalhando em uma sorveteria no shopping, mas ainda o melhor amigo da molecada.



O tempo dedicado aos personagens no início é perfeito para que as ameaças invisíveis que cercam a cidade sejam construídas aos poucos, e ganhem mais impacto quando finalmente aparecerem abertamente reunindo todos os personagens. O Devorador de Mentes, garante o vilão sobrenatural e gore da temporada, garantindo o contraponto sombrio da trama na figura de um Billy (Dacre Montgomery) possuído. Enquanto a conspiração dos soviéticos é pura referência à imagem caricata criada para eles pelas produções oitentistas. Também são eles os responsáveis por dar vida nova à ameaça do Mundo Invertido, evitando que a trama caia na mera repetição.


Os irmãos Duffer, criadores da série, já afirmaram que tem planos para quatro, talvez cinco, temporadas, e o encaminhamento para o desfecho começa a ser evidente neste terceiro ano. Com mais da metade da história apresentada, arcos começam a ser fechados, e explicações começam a ser encaminhadas, mas não entregues. O que inclui uma cena pós créditos, presumidamente criada para gerar especulações sobre o quarto ano.
Com um total de oito episódios, Stranger Things 3, acerta ao deixar o espectador passar um tempo com seus personagens favoritos. Ampliando nossa preocupação com eles quando enfrentam as coisas estranhas, e a carga dramática das relações, desfechos e sacrifícios. Compensando por uma ameaça levemente repetitiva, é basicamente o monstro do segundo ano com novas habilidades e alguns soviéticos para complicar. A série continua sendo uma obra bem produzida, com trama bem construída, personagens carismáticos, boas atuações, efeitos e trilha sonora. Além de muitos easter-eggs e a aquela adorada nostalgia. Ainda é um dos melhores produtos da Netflix.
Leia a crítica da primeira e da segundatemporada e outros posts sobre a série!
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