
Os meninos perdem seu último refúgio longe de adultos e valentões da escola quando seu clubinho é destruído por uma tempestade. As meninas procuram uma forma de conseguir para a dona da rua um convite para a badalada festa da Carminha Frufru. Eventualmente os quatros decidem unir forças para alcançar os dois objetivos.
Neste percurso, a turminha, vai à escola, à atividades extra curriculares, encara diversas brincadeiras e faz descobertas. Também enfrenta aqueles pequenos desafios cotidianos, que são enormes para quem tem apenas sete anos. Para alguns, isso pode soar como uma falta de foco na jornada, mas é um retrato fiel das obrigações de uma infância feliz.
Não há um vilão, um desafio intransponível ou uma jornada à parte em Lembranças. Aqui o foco é no cotidiano dos personagens, que em sua inocência transformam tudo em um grande evento. A primeira paixonite, o grande teste para entrar no time, a melhor festa do ano, desafios que para adultos soam simples, mas que já foram eventos cruciais para todos em algum evento da vida.
Tudo isso permeado pela amizade do quarteto, e suas características peculiares que tanto amamos. É a presença destes personagens, e o retorno do traço doce de Vitor e Lu Caffagi, que dão charme e grandeza á história. São nossos amigos de infância, passando por desafios que já superamos, gerando no leitor uma nostalgia melancólica.

Estas características estão presentes em toda a trilogia, mas aqui ganham mais destaque, quando a trama coloca o cotidiano em primeiro plano. Nas aventuras anteriores os personagens estavam fora de suas rotinas habituais, na floresta procurando o Floquinho, em uma escola nova. Agora eles enfrentam problemas rotineiros, mas não menos importantes em sua formação.
É claro, neste cotidiano os protagonistas "esbarram" nos outros habitantes do bairro do Limoeiro. Franjinha, Bidu, Do Contra, vários personagens fazem seu debute neste volume. Juntando toda a trilogia, quase toda a turma ganhou uma versão, ou a menos é mencionado neste universo.

Os flashbacks que mostram versões ainda mais jovens do quarteto também estão de volta. Os que se destacam são aqueles que dão continuidade aos primeiros passos da turminha juntos, presentes nos três volumes. O primeiro encontro, e brincadeiras de Cebolinha, Magali, Cascão e Mônica, são praticamente uma história à parte na trilogia. Bem determinados com traço mais delicado e paleta de tons em sépia.
E por falar em traço e cor, o estilo dos Caffagi se mantém. É a cor que difere Lembranças dos volumes anteriores, com uma paleta mais viva e variada.
Lembranças não traz uma grande jornada da Turma da Mônica, mas também nunca pretendeu fazê-lo. O desfecho da trilogia tem como objetivo resgatar boas memórias da infância. Ou até criar algumas, dependendo da sua idade. É uma boa despedida desta abordagem, deixando os personagens, exatamente onde os encontrou, existindo eternamente em suas brincadeiras. Uma eternidade e atemporalidade que nós, seres efêmeros, adoraríamos compartilhar com eles.
Turma da Mônica - Lembranças
Vitor Cafaggi, Lu Cafaggi
Panini Comics
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