Dúvidas que provavelmente foram herdadas do livro, e que o filme não sentiu necessidade de sanar. É verdade que o desconhecido assusta mais, e a produção não precisaria responder tudo, mas particularmente, saí mais curiosa do que gostaria.
O trecho acima fora retirado diretamente da minha crítica de It: Capítulo Dois (2019), do trecho que apontava uma das minhas poucas insatisfações com o filme. Eu queria saber mais sobre Pennywise, sobre Derry, sobre os nativos americanos da região e sobre os ciclos anteirores (a coisa ataca a cada 27 anos, lembra?). Acontece, que eu não devia ser a única àvida por mais deste universo, já que Andy Muschietti voltou a este universo de Stephen King para nos presentear com It: Bem-Vindos a Derry.
Série orignal da HBO, que pretende, a cada temporada, revisitar os ataques do vilão título. Nos filmes acompanhamos o Clube dos Otários nos ataques das décadas de 1989 e 2016, em teoria o úlitmo. Então neste primeiro ano, voltamos ao ciclo anteior a isso, na década de 1962. Onde além de aterrorizar crianças, a coisa também vai brincar com militares.
Bem-Vindos a Derry começa surpreendendo com um enorme blefe, quando quase todas as crianças que apareciam nos materiais promocionais são mortas ao final do primeiro episódio. Deixando Lilly Bainbridge (Clara Stack) uma garota já traumatizada pela morte do pai como única sobrevivente. O incidente também coloca Hank Grogan (Stephen Rider) o pai de Ronnie (Amanda Christine) como principal suspeito das mortes. O que une as duas garotas a um novo grupo de crianças provar a inocencia do pai, e sobreviver aos novos ataques.
O novo "Clube dos Otários", embora não tenha esse nome, mas a atmosfera é a mesma, ainda conta com a piadista Marge (Matilda Lawler), o carismático Rich (Arian S. Cartaya) e o inteligente Will (Blake Cameron James). Este último recém chegado à Derry, graças ao trabalho do pai. O Major Leroy Hanlon (Jovan Adepo) se muda com a esposa Charlotte (Taylour Paige) e o filho para a cidade, à serviço militar.
O exército tem uma base na região, onde investiga uma força superior que haje sobre a cidade. Supostamente, a intenção é descobrir se podem usar este ser como arma contra os soviéticos. Lá também está baseado Dick Hallorann (Chris Chalk), personagem de outra obra de Stephen King. Em O Iluminado, Dick também tem a "iluminação", é ele quem ensina ao jovem Danny, como lidar com suas habilidades. No contraponto do exército, estão os Shokopiwah, os nativo-americanos da religião, que parecem ter mais conhecimento sobre a Coisa, do que revelam para seus vizinhos colonos.
Assim o tabuleiro está montado para explorar melhor a história e mitologia de It ao longo de oito episódios. O que a série faz muito bem, explorando não apenas os eventos de 1962, mas também nos dando vislumbres dos ataques de 1935, 1908 e até antes disso. Antes de Derry ser fundada. E suprindo a necessidade de mais sobre esse universo que mencionei no início deste texto.
Já a dinâmica entre as crianças, não difere muito do visto nos filmes. O grupo mirim alterna entre executar planos mirabolantes no estilo Scooby Doo, e sofrer ataques direcionados com seus medos individuais. A criatividade está na personalidade novas e bagagem de cada uma, que oferece uma nova variedade de ameaças e aparições. Vale lembrar, apesar de Pennywise (Bill Skarsgård) ser sua forma favorita, a coisa aterroriza as pessoas assumindo as formas de seus maiores medos. Garantindo o tempero que precisa antes de devorá-los.
E por falar de Pennywise, a série finalmente revela com detalhes como a criatura escolheu e assumiu essa forma. E ainda conecta essa escolha de forma inteligente aos eventos da trama principal, e dos filmes, através da figura de Ingrid Kersh (Madeleine Stowe).

Enquanto os militares fazem o que o exécito de filmes faz de melhor: entendem tudo errado, e fazem as piores escolhas. Dando aos Shokopiwah motivos para finalmente fazer algo além de zelar e esperar pelo "menos pior" de cada ciclo. Respondendo muitas perguntas sobre sua ausência nos filmes. Eles escolhem sacrificar Derry, em prol do mundo.
Por outro lado, é também na conexão com os filmes que a trama traz alguns furos. Alguns personagens do Clube dos Otários são descendentes de personagens vistos aqui. Pessoas que vivenciaram um ciclo, e não sairam da cidade portanto, não deviam esquecer, segundo a própria mitologia. Entretanto, não parecem cientes do retorno da coisa 27 anos depois, tal qual Mike no Capítulo Dois.
Parece uma grande falha, mas na soma das partes, é coisa pequena diante dos acertos da produção. Que traz uma trama envolvente, desenvolvimento de mundo, ameaça crescente, direção de arte, reconstrução de época e efeitos especiais, caprichados. Além de metáforas e críticas sociais, não é por acaso que o pai de Ronnie, um homem negro seja um suspeito imediato do sumiço das crianças.E principalmente personagens carismáticos. Chris Chalk nos traz um Dick Hallorann em formação que nos faz querer que a HBO invista em uma série no Hotel Overlook de o Iluminado, apenas para vê-lo mais em cena. Taylour Paige traz uma mulher carismática, inteligente, ativa, e principalmente não submissa às ameaças do racismo e da criatura.
As crianças também nos conquistam facilmente, em especial o esperto Will de Blake Cameron James. E o carismático Rich (Arian S. Cartaya). Todas com seus árcos e interesses próprios nessa jornada contra a coisa. E claro, Bill Skarsgård nos deleita cada vez que aparece, seja como Pennywise, seja como uma versão humana. Embora fique claro, ele se diverte muito mais quando vive a criatura!
Entre os episódios, os destaquem ficam com o sangreto piloto, e o sétimo capítulo. The Black Spot nos coloca literalmente dentro do augúrio, o grande evento com muitas mortes que costuma fechar o ciclo de ataques de Pennywise. Com a atmosfera de tensão no limite, consequencias graves, e um desesperador plano sequencia em um incêndio. Claramente o melhor de uma temporada muito boa.It: Bem-Vindos a Derry é exatamente o que prometeu. Uma expansão que traz a qualidade dos filmes para a TV. Responde perguntas, cria novas histórias em torno da cidade e da Coisa, diverte e assusta no processo. Na opinião desta humilde blogueira que vos escreve, uma das melhores do ano. Agora resta torcer, para que a HBO confirme logo o plano de tres temporadas. E nos traga com detalhes os ciclos de 1935 e 1908.
It: Bem-Vindos a Derry tem oito episódios com cerca de uma hora cada, todos já disponíveis na HBO Max!
Leia as críticas de It: A Coisa e It: Capítulo Dois

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