Coração de Ferro

Aparentemente não é apenas o público que parece estar saturado do MCU. A própria Marvel parece ter desistido de algumas de suas propriedades. E infelizmente Coração de Ferro é um exemplo disso. Uma boa obra, trabalhada comercialmente de forma muito leviana pelo estúdio. 

Após sua participação nos eventos de Pantera Negra: Wakanda para Sempre, Riri Williams (Dominique Thorne), retorna à sua vida cotidiana, ainda obcecada por construir seu próprio super traje à exemplo de Tony Stark. E por isso, é expulsa de sua universidade e volta para Chicago, sua cidade natal. Lá precisa, além de lidar com sua obsessão, enfrentar o luto pela morte de sua melhor amiga Natalie Washington (Lyric Ross), e de seu padrasto, Gary (LaRoyce Hawkins), em um tiroteio. 

É claro que para conseguir verba para seu projeto, e com isso evitar lidar com seus sentimentos, Riri faz péssimas escolhas. A principal delas, entrar para a gangue de Parker Robbins, o Capuz (Anthony Ramos). Criminosos que "fazem justiça" com as próprias mãos da maneira mais torta possível. O esforço de pouco adianta para fugir do luto, já que sem querer, Riri personifica a melhor amiga morta, como inteligência artificial de seu traje.

Com uma reapresentação necessária, tanto para situar o público de seu status atual, quanto para incluir quem não assistiu Wakanda para SempreCoração de Ferro tem um início bastante lento. Mesmo porquê até então apenas Riri aparecera, é preciso apresentar todos os personagens que interagirão com ela, a partir daqui, da mãe ao vilão. Se por um lado essas apresentações arrastam a primeira metade da série, por outro lhes dão uma autonomia muito bem vinda. 

A obra faz sim parte do MCU (muito mais que o recende Demolidor, por exemplo), mas não tem obrigação ou necessidade, de fazer conexões, trazer participações especiais, ou mesmo preparar terreno para o futuro. Seu desfecho pede sim que vejamos a protagonista novamente, mas por seu próprio arco, não por uma conexão com outros heróis. 

O vilão por outro lado, não tem a mesma sorte. Subaproveitando seu bom intérprete, o Capuz nunca diz à que veio. Já que é apenas um fantoche de um vilão maior, que não é quem a mocinha enfrenta nessa aventura. SPOILERS À FRENTE! - O tão aguardado Mefisto (Sacha Baron Cohen) não tem interesse na protagonista até quase o desfecho, quando aí sim se faz presente. 

O personagem esperado desde WandaVision, faz sua estreia com bastante atraso, quando os fãs já haviam desistido. E em uma série que poucos assistiram, e que a própria Disney divulgou e lançou sem muito entusiasmo, dividindo seus seis episódios em apenas duas semanas. Uma pena, já que Sacha Baron Cohen cria uma versão extremamente interessante dele.- FIM DOS SPOILERS!

A inclusão de magia, ao invés da influencia de Tony Stark na formação da Coração de Ferro, é outra surpresa bem vinda. Trocando a já reciclada ideia de um herói experiente tutorando um jovem gênio, por algo mais complexo e de futuro desconhecido. Desconhecido mesmo, a aceitação de Riri com a magia, é algo que fica em suspenso no desfecho do programa. 

Outro bom acerto, é a discussão do uso da inteligência artificial para lidar com o luto. O que inclui a construção de uma relação de afeto com uma tecnologia. A Nat, IA de sua amiga, é exatamente como a versão humana, divertida, viva e cheia de carisma. Como compreender sentimentalmente que se trata de um programa de computador. 

Indecisão sobre magia à parte Riri, compreende seu luto, faz as pazes, com mães e amigos. Além de se redimir de seu envolvimento com a gangue do Capuz. Resolvendo assim seu arco inicial. E deixando a personagem pronta para desafios mais complexos. 

Apesar de toda essa independência, ainda há conexões para os marvetes mais fanáticos. Além do "personagem spoiler" apresentado aqui, também há conexões com o primeiro Homem de Ferro de 2008. O personagem de Alden Ehrenreich, é Ezekiel Stane, filho de Obadiah Stane, vilão vivido por Jeff Bridges no primeiro filme do MCU. Conexão pequena, apenas para acalmar os corações de quem precisa desse tipo de coisa. 

Outro acerto, é o CGI, um dos melhores vistos em obras recentes do estúdio. Melhor inclusive que o visto sendo usado pela personagem em Pantera Negra: Wakanda para Sempre. Sim, estou falando das armaduras (no plural, ela quebra várias), mais realistas e bonitas do que as vistas no filme. 

Coração de Ferro não é excepcional, mas é uma boa história de origem. Uma introdução mais detalhada para quem gosta do universo. Não é obrigatória, mas divertida de assistir. Uma pena que o grande público deixou passar. E até a própria Marvel não fez esforço para alcançar mais pessoas.

Coração de Ferro tem seis episódios com cerca de uma hora cada, todos já disponíveis no Disney+!

Leia também a crítica de Pantera Negra: Wakanda para Sempre, e confira outros posts sobre o MCU.

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