Paradise - 1ª temporada

2025 nem tinha começado direito (afinal no Brasil o início de verdade é só depois do carnaval), e o Disney+ já liberou uma das melhores surpresas do ano. Uma série que merecia uma publicidade maior, mas que ao mesmo tempo, só cresce com o mistério e a sensação de descoberta que proporciona ao público. 

Em Paradise, Xavier Collins (Sterling K. Brown) é o chefe de segurança da equipe que protege o ex-presidente Cal Bradford (James Marsden). Em uma manhã comum, na comunidade pacata em que vivem, o agente chega ao trabalho e descobre o ex-presidente morto. Mas nada é o que parece nessa cidade paradisíaca, e é aí que a série fica interessante.

E já que este é um balançando de final de temporada, não vou me conter, e vou usar spoilers para sustentar minha análise. Esteja avisado! E assim, Paradise sai de uma série de uma série de mistério de assassinato, para algo mais complexo. Uma vez que a comunidade em que o crime ocorre é um enorme bunker, com o que restou da humanidade após uma misteriosa catástrofe global. 

As circunstancias que levaram aquelas pessoas para esse último refúgio, e as motivações do crime se entrelaçam. Enquanto o jogo de poder desta nova ordem mundial, complica a investigação do único personagem em quem a narrativa permite confiar. Sterling K. Brown cria um pai de família trabalhador e leal, mesmo quando tem ressalvas quanto aqueles que deve proteger. 

Xavier é uma pessoa de poucas palavras, mas cheia de recursos e intensidade, que seu interprete coloca em expressões e nuances muito bem calculadas. À exceção dele, nosso "avatar" na trama, absolutamente ninguém mais é confiável, e com isso ele carrega a série conquistando nossa fidelidade com facilidade. 

Entretanto, é muito difícil não querer confiar, e gostar de Cal Bradford, o presidente boa praça, cheio de lábia, que mantém a simpatia mesmo guardando os piores segredos do mundo e orquestrando (ou quase) uma situação impossível. Uma atuação carismática de James Marsden, que possui uma química acertada com Brown. As sequencias de flashbacks que envolvem os dois, são as mais interessantes, não apenas pela possibilidade de desvendar o mistério pelas pistas do passado, mas por que é divertido ver os dois juntos.

Quando eu digo que o presidente "quase" orquestra essa situação impossível, é porque ele é apenas uma peça na construção e administração dessa nova sociedade. Um abrigo de tamanha magnitude e tecnologia, onde nós e os moradores podemos esquecer que se trata de um bunker, só poderia ser financiado, e consequentemente comandado por milionários. Bradford é um mero mediador entre o povo e os novos donos do mundo. Estes seguem a liderança da também ricaça e idealizadora Sinatra (Julianne Nicholson, excelente!). 

Essa sim uma personagem assumidamente manipuladora, cheia de segundas intenções e alvo certo e nossa desconfiança. Mesmo que tenha um excelente episódio, no qual compreendemos como se tornou essa pessoa, e suas motivações primárias. 

Assim o roteiro se divide entre a investigação de assassinato no momento atual, e os eventos que levaram ao fim do mundo e a fuga para o bunker em excelentes flashbacks. Ponderando escolhas, motivações e ações individuais, dos personagens e sua importância no quadro geral. Culminando no penúltimo e melhor episódio da temporada. O sétimo episódio The Day, acompanha toda a tensão das horas que antecederam o fim do mundo. E as escolhas impossíveis que precisaram ser feitas para que ao menos alguns pudessem sobreviver. 

Enquanto o oitavo e último episódio, The Man Who Kept the Secrets, conecta peças e revela mistérios, através de pistas que nem havíamos notado terem sido plantadas. Uma pena, que em prol do mistério até os últimos instantes, algumas respostas precisaram ser entregues de forma apressada. E soluções maiores ficaram para o futuro, como a reação da população do paraíso diante da verdade. Assim como os próximos passos de alguns personagens secundários, como o pai do presidente. 

Felizmente uma segunda temporada já confirmada, e a divulgação e um plano fechado de três anos para contar a história, nos deixam otimistas quanto ao que está por vir. Explorando melhor o que fora apressado, e desenvolvendo o que ficou de fora deste bom episódio final.

Design de produção, figurino e fotografia, não entregam nada de inovador e excepcional, mas são eficientes para construir as diferenças entre o mundo real e a vida no paraíso. Ao mesmo tempo que constrói um senso de familiaridade com a incomum vida num bunker. É a trilha sonora que merece menção, com "canções guias" para cada episódio, que tanto ditam o tom dos eventos, quanto plantam pistas nas entrelinhas. 

De Dan Fogelman, criador de This Is Us, Paradise se aproveita da mesma fórmula de contar histórias com linhas temporais paralelas, mas dessa vez em uma temática de mistério, ficção científica e apocalipse. E agora tem a possibilidade de aplicar isso em um ambiente mais amplo, adicionando "o mundo lá fora", além dos conflitos no bunker Paraíso. Posso dizer sem medo, Paradise, é uma das melhores surpresas da TV este ano. E mal posso esperar pelas temporadas futuras. 

Paradise é uma série original Hulu que chega ao Brasil pelo Disney+. A primeira temporada, já completa na plataforma, tem oito episódios com cerca de uma hora cada!

Leia também as primeiras impressões da série!

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