Capitão América: Admirável Mundo Novo

Parece que foi ontem, mas já fazem seis anos desde que Steve Rogers passou seu escudo de vibranium para Sam Wilson. De lá para cá muita coisa rolou debaixo da ponte da Marvel. Incluindo uma boa série para coroar oficialmente o novo Capitão América, vários fracassos e um 2024 propositalmente morno para recalcular a rota. Logo, não é surpresa as expectativas mornas, em torno dos próximos projetos do MCU. O que pode contar pontos a favor de Capitão América: Admirável Mundo Novo

Após alguma hesitação em Falcão e o Soldado Invernal, Sam Wilson (Anthony Mackie) assumiu de vez o manto de Capitão. O que inclui trabalhar para o governo estadunidense, mesmo tendo ressalvas quanto ao atual presidente, Thaddeus Ross (Harrison Ford, substituindo o falecido William Hurt). É quando um atentado ao governante resulta no retorno de Isaiah Bradley (Carl Lumbly) à prisão, que Sam se vê obrigado à trabalhar por conta própria para inocentar o amigo e evitar um conflito entre nações, orquestrado por um vilão misterioso. 

Não sabe quem é Isaiah Bradley? Ou não se recorda do vilão vivido por Tim Blake Nelson? Não é uma surpresa, pois esse é um dos problemas que o MCU mais enfrenta, a obrigatoriedade de bagagem. No caso, além de seguir com o MCU pós-blip. Admirável Mundo Novo ainda faz conexões com a série do Disney+ estrelada por Sam Wilson e com O Incrível Hulk de 2008. Uma vez que o General Ross fora apresentado na produção do gigante verde que na época ainda era vivido por Edward Norton, não Mark Ruffalo. 

Além de finalmente mostrar as consequências do aparecimento do Celestial visto em Eternos, lançado ainda sob a sombra da pandemia. Sim o público precisa conhecer e lembrar de muita coisa para acompanhar este novo filme. Mas isso não é novidade na franquia, apenas um problema que já poderia ter sido amenizado depois de várias experiencias mal sucedidas. 

Sobre o vilão não vou falar muito, tanto para evitar spoilers, tanto porque o roteiro explica didaticamente a origem do malvado. Já Isaiah Bradley recebeu o soro de super-soldado quando os EUA tentavam criar novos super-soldados após o desaparecimento de Steve Rogers. Veterano da guerra da Coréia foi punido por desobediência, para salvar outros soldados, e aprisionado por três décadas, onde serviu de cobaia para diversos experimentos. Viva incógnito após forjar sua morte para escapar, até aparecer em  Falcão e o Soldado Invernal. Tudo isso, longe dos olhos do público. Em outras palavras, Isaiah foi o segundo Capitão América, mas nunca recebeu crédito por isso, pelo contrário, fora torturado. O que torna a luta para provar sua inocência mais urgente. 

Informações relevantes devidamente apresentadas, de volta ao filme que não é surpreendente, mas coerente e bastante envolvente.  Seguindo os desafios do governo do Presidente Ross, que está sendo manipulado por alguém de fora, traz uma trama política fácil de acompanhar. Assim como o plano do vilão, que como de costume não é tão genial quanto se intitula. Aposta mais no carisma de personagens e interpretes do que na trama de fato.

Anthony Mackie é sim, o Capitão América, uma versão mais divertida, cheia de lábia, mas com o mesmo senso de responsabilidade e temor por não estar à altura. Temas recorrentes desde a série do Disney+. Uma pena apenas, que o interprete seja obrigado a disparar discurso e frases de efeito tão clichês que beiram a caricatura. Se não acontece é por causa do carisma de Mackie. Enquanto o Harrison Ford é... o Harrison Ford, detentor da simpatia da audiencia, mesmo interpretando um general Ross ainda mais antipático do que o de William Hurt. Embora o roteiro reserve alguns momentos de humanidade para o presidente, afinal é um recurso necessário, já que ele se tornará o Hulk Vermelho (não é spoiler, tá no poster!).

Danny Ramirez é outro que chama atenção no papel de Joaquin Torres, o próximo Falcão. O novo fiel escudeiro do Cap. é o responsável pelo alívio cômico, e por dar uma leveza para uma trama política que poderia facilmente soar cansativa. Shira Haas e Giancarlo Esposito fazem personagens secundários, visivelmente criados como recurso para conectar histórias e próximos filmes. 

A direção de Julius Onah e burocrática e pouco inspirada, o que prejudica principalmente as cenas de ação. É perceptível a presença de boas ideias e coreografias nas sequencias de lutas e batalhas, mas a sensação é que a câmera está sempre na pior posição possível para capta-las. Resultando em sequencias confusas e picotadas como as que víamos na década de 1990. A fotografia ruim se expande para a criação da atmosfera, igualmente genérica, seja pelas cores desequilibradas, iluminação estranha, ou closes em momentos curiosos. O CGI não é dos mais refinados, mas é funcional, convencendo na maior parte do tempo. 

Mas acredito que o público geral não se irritará com essas falhas, se aceitar Sam como herói. E o personagem tem o que é preciso. Um interprete carismático, habilidades variadas (e diferentes das de Steve, vale dizer) e um desafio envolvente. 

Capitão América: Admirável Mundo Novo não é inovador e revolucionário. Exige um pouco mais de bagagem do que o confortável, mas tem bons personagens, atores e uma aventura divertida. Não está entre os melhores filmes do MCU, tão pouco entre os piores. Entretém, reinicia as engrenagens, e quem sabe reacende as chamas dos fãs, preparando terreno para as próximas produções. Para quem curte este universo, vale o ingresso. 

Capitão América: Admirável Mundo Novo (Captain America: Brave New World)
2025 - EUA - 118min
Ação, Aventura

Leia a crítica de Falcão e o Soldado Invernal, ou confira tudo sobre o MCU!

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem