Que saudades de ver O Senhor dos Anéis no cinema! - foi a frase que ouvi de um colega ao final da sessão O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim. Não que as aventuras na Terra Média de Tolkien tenha ficado fora das telas desde a trilogia do anel de Peter Jackson. Desde então tivemos a trilogia O Hobbit e a série Anéis de Poder, mas nenhuma delas consegui trazer de volta o espírito dos filmes originais. Coisa que a animação de Kenji Kamiyama, produzida por Peter Jackson consegue finalmente emular.
Baseado em apêndices com pouquíssimos detalhes, A Guerra dos Rohirrim, acompanha um dos grandes embates travados pelo povo de Rohan. Quando uma intriga de casamento, levou Wulf (Luca Pasqualino), lorde do povo Dunlending, a tentar tomar o reino. Levando o rei Helm Mão-de-Martelo (Brian Cox) e seus filhos a se refugiar na Fortaleza de Hornburg . Local que no futuro se tornaria o Abismo de Helm, que receberia uma das batalhas mais famosas por Aragorn e companhia, quase dois séculos depois.
O diferencial aqui é o protagonismo dado a uma mulher. Uma raridade no universo de Tolkien. Se aproveitando dos poucos detalhes oferecidos pelo material literário, o roteiro coloca como figura central, a moça que foi pivô para a guerra. Hèra (Gaia Wise), que sequer é nomeada nos livros, aqui ganha voz e personalidade. Uma guerreira determinada, inteligente e habilidosa, digna das lendas. Assim como Éowyn (Miranda Otto) que narra a história, e como outras guerreiras de Rohan que os personagens veneram. Fortalecendo a ideia de mulheres que conduzem a história naquele mundo, e abraçando uma lacuna de público antes negligenciada por esse universo. Mesmo que o tropo de "princesa guerreira" não seja extremamente original. Na verdade não precisa ser, já que ali, ele é raro.
Tudo isso, sem deixar de ser fiel aos poucos detalhes dados pelos apêndices. Conectando, justificando e dando consequências para cada um dos eventos mencionados por Tolkien. Seja a morte de um filho, a chegada de apoio externo, ou mesmo a criação de uma lenda. Deixando claras ambições, motivações, anseios, temores, culpa, tudo que torna os personagens mais humanos, as escolhas e eventos compreensíveis, e menos parecidos com citações em livros de história.
Surpreendentemente a estética do anime, abraça bem a riqueza do mundo criado por Peter Jackon décadas atrás. Recriando a Terra Média, não com fidelidade extrema, mas considerando a diferença no período histórico, e com uma riqueza de texturas impressionantes. Ao mesmo tempo que o estilo da animação, oferece uma estética épica para as sequencias de luta. Tornando surpreendente a forma como o anime se torna um meio tão perfeito para transpor o mundo de Tolkien para as telas.
A referência à trilogia O Senhor dos Anéis, continua na música, com temas Howard Shore, que facilmente nos transportam emocionalmente para o universo de Jackson. Os mais atentos, ainda podem reconhecer participações especiais na versão original, como Dominic Monaghan e Billy Boyd, interpretes de Merry e Pippin, fazendo pequenas pontas.Toda essa reverência à trilogia, é claro, ativa o fator nostalgia. Um golpe baixo para atrair fãs talvez, mas extremamente eficiente. Ao menos comigo funcionou. Além disso, torna o filme canônico na franquia da Warner, e nos dá esperança de mais obras como essa pela frente.
Levou anos, mas finalmente conseguimos retornar à atmosfera mágica de O Senhor dos Anéis. A Guerra dos Rohirrim, pode não ter uma história inovadora e revolucionária (desde quando isso é obrigação?), mas é empolgante e deliciosa de acompanhar. Que seja o pontapé inicial, para mais adaptações de aventuras isoladas na Terra Média!O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim (The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim)
2024 - EUA/Japão - 134min
Aventura, Fantasia
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