Planeta dos Macacos: O Reinado

Trocando as complexas maquiagens dos anos de 1960 e 70, por CGI e captura de movimentos extremamente realista. Planeta dos Macacos ganhou vida nova em 2011. Criando uma nova origem para a civilização símia, com uma história centrada na figura de Cesar, o primeiro "macaco inteligente". Mas sua jornada foi brilhantemente encerrada em A Guerra (2017). E agora a franquia precisa encontrar novos rumos. Assim, Planeta dos Macacos: O Reinado chega aos cinemas ainda no universo apresentado na trilogia mais recente, mas em uma nova era desta civilização. 

Cesar viveu há muitas gerações, sua figura se mítica, seus feitos lendas, e assim como a humanidade cada um aplica sua mensagem como bem lhe convém. É nesse mundo que conhecemos a comunidade de Noa (Owen Teague), que não conhece a figura de Cesar, mas vive de acordo com o que ele ensinou, em paz. Até que outro clã invade sua comunidade mata e sequestra moradores. Único a escapar Noa, parte em busca dos seus, no caminho aprende sobre a história dos macacos, e faz novos amigos. Antes de enfrentar o poderoso Próximos Ceasar (Kevin Durand).

O trecho estilo road movie, o filme de estrada, é sem dúvida o mais interessante de O Reinado. Com o protagonista, assim como nós, descobrindo pela primeira vez a configuração desse novo mundo. Os resquícios da civilização humana, a forma como o conhecimento é facilmente perdido, distorcido ou transformado em algo novo. Estes últimos bem representados na discrepância de visões de mundo entre Próximus e Raka (Peter Macon). Ambos acreditam seguir os ensinamentos de Cesar, mas tem interpretações completamente opostas deles. Qualquer semelhança com a forma como a humanidade lida com religiões, história e mitos, não é mera coincidência.

Raka, aliás é o melhor novo personagem da franquia. O orangotango "paz e amor", guardião de uma crença em extinção, é o elo entre a trilogia anterior e esta nova produção. E também a conexão entre o desconfiado Noa, e a humana que encontram vivida por Freya Allan.

Para os fãs o vislumbre deste novo mundo, aponta para um futuro cada vez mais próximo do filme de 1968. Desde os humanos selvagens, com estética parecida, passando pelos estranhos espantalhos em trechos da paisagem. E principalmente na trilha sonora destes momentos, que evoca diretamente a música do filme estrelado por Charlton Heston.

Assim como as bem colocadas sequencias envolvendo um telescópio. Que ao mesmo tempo que faz alusão a expansão de horizontes de Noa, também faz um aceno aos astronautas humanos, perdidos no espaço desde Planeta dos Macacos: A Origem, e que no longa de 1968 deram inicio à franquia. Vale ressaltar, o filme não faz alusão direta aos astronautas, mas, para quem conhece a história, é impossível não pensar neles, ao ver os olhos de Noa brilharem ao olhar para o universo. 

De volta ao filme atual, é quando termina o trecho de viagem que o filme perde um pouco o folego. Uma vez que precisa parar a história para apresentar uma nova comunidade. A mudança de ritmo é necessária, mas pode desconectar alguns. Ainda sim, não demora muito para o roteiro voltar aos trilhos, e colocar nossos macacos em uma missão envolvendo uma riqueza sem precedentes para eles: conhecimento!

A captura de movimentos e o CGI, já muito bem explorado nos longas anteriores, é aprimorado aqui. Já que o roteiro cria novas situações envolvendo os macacos, e os faz interagir com cenários distintos. Sempre mantendo o realismo dos personagens, e a atuação dos atores por trás dos efeitos especiais. Quem acaba perdendo com essa qualidade é Freya Allan. Quase sempre a única humana em cena não impressiona, ao competir tela com os símios, mas entrega de forma eficiente a dualidade da humanidade. Uma ambiguidade de caráter que o clã do protagonista ainda não alcançou. 

Planeta dos Macacos: O Reinado tem uma história aparentemente simples, um sobrevivente indo ao resgate dos seus pares. Mas essa jornada aparentemente descomplicada, abre espaço para novas discussões e questionamentos na franquia, como legado, caráter, confiança, o poder do conhecimento, e as muitas maneiras de usá-lo. Além de expandir o universo para continuar não apenas essas histórias, mas várias outras. 

Agora o mundo é vasto, as comunidades de macacos são diversas e distintas, e os humanos vivem à sua margem. Não falta espaço, para as mais diversas histórias serem contadas nesse cenário. Então, que venham sequencias, spin-offs e derivados. Estamos ávidos para explorar todos os cantos deste planeta dos macacos!

Planeta dos Macacos: O Reinado ( Kingdom of the Planet of the Apes)
2024 - EUA - 145min
Ação, Aventura, Ficção-cientifica

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