A Mãe da Noiva

Apesar do enfraquecimento das comédias românticas na tela grande, é bom perceber que no streaming elas ainda tem espaço, e são mais diversas do que jamais foram. Com protagonista de biótipos e idades distintas. O problema é a boa intenção não é suficiente para construir um bom filme. A Mãe da Noiva da Netflix, é mais um desses projetos que poderia ser muito mais do que é.

Lana (Brooke Shields) é uma mãe viúva difícil. Lutando com o fato de que a filha Emma (Miranda Cosgrove) vai casar e deixar o ninho, tudo piora quando ela descobre que o pai do noivo é um ex-namorado da faculdade. Tudo isso às vésperas do casamento na Tailandia. Porque Tailandia? Porque sua filha trabalha com mídias sociais e o casório é também um espetáculo vendável. 

Uma mulher vendendo seu casamento para o bem da carreira. Uma interação obrigatória desconfortável entre antigos amantes que não superaram um ao outro. E uma protagonista madura. A Mãe da Noiva até tem argumentos interessantes para uma comédia romântica fofa, mas faz as piores escolhas para desenvolvê-las. 

À começar por não distribuir bem as cenas. A protagonista é a personagem de Brooke Shields, mas há tanta gente em seu em torno, amigos, funcionários do hotel, assessores, que falta tempo para trabalhar melhor seu desenvolvimento. Não que o roteiro tivesse intenção de fazê-lo já que quando coloca a personagem em situações desafiadoras, quase sempre opta para a comédia pastelão. Quedas e tropeços em horas erradas, matam qualquer clima de romance que as cenas poderiam trazer. 

O conflito entre mãe e filha sugerido no título também é raso e mal desenvolvido. As personagens pisam em ovos todo o tempo, e quando finalmente a briga entra em cena, é logo resolvida em um par de cenas. Sem discussão, desenvolvimento, ou grandes aprendizados. 

Já o micro conflito da filha, de se entregar em um mundo midiático, e deixar perder a essência do que é um casamento nunca convence. Já que a moça passa boa parte do tempo produzindo um conteúdo que nunca vemos, tão pouco entendemos seu impacto no mundo. Não há pressão e urgência real para produzi-lo. Tão pouco consequências, quando a mocinha abre mão dele. 

A última boa intenção do roteiro é oferecer o protagonismo a uma mulher mais velha. Indo de encontro aos padrões de Hollywood que só escala atrizes extremamente jovens para mocinhas românticas. Shields está na casa dos cinquenta. Infelizmente, sua personagem age como adolescente ansiosa e inexperiente. Não apenas com seu par romântico, mas também toda e qualquer relação que trava, até mesmo com a filha e a melhor amiga. 

Resta apenas o belo, e estereotipado, cenário tailandês. Apesar de limitado, e caricato, ainda traz excelentes paisagens, que nos deixam com vontade de viajar. Confesso, passei parte do filme analisando as dependências do hotel. E o elenco parece estar adorando a "viagem de trabalho".

E por falar no elenco, além de Shields e Cosgroove, também estão em cena Benjamin Bratt, Sean Teale, Chad Michael Murray, Rachael Harris, Michael McDonald e Wilson Cruz. Já a direção é de Mark Waters que tem boas produções no currículo, como Meninas Malvadas, E se Fosse Verdade e Minhas Adoráveis Ex-Namoradas. Mas que recentemente parece ter perdido a mão.

A Mãe da Noiva poderia se unir à Uma Ideia de Você e reforçar uma nova leva de comédias românticas maduras. Mas pouco tem romance, erra o tom da comédia, e seus conflitos são tão complicados quanto desenhar um boneco de palito. Ao menos a Tailandia e o elenco parece ter se divertido nessa viagem de férias disfarçada de produção cinematográfica.    

A Mãe da Noiva (Mother of the Bride)
2024 - EUA - 88min
Comédia romântica