Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Depois de uma releitura pouco aceita pelo público em 2016, os Caça-Fantasmas se reinventaram novamente, ou quase isso, em 2021. A tal reinvenção retornou a linha do tempo dos filmes originais da década de 1980, mas assumiu um tom mais aventuresco e politicamente correto, deixando muito da comédia boba e inapropriada da franquia de lado. Ghostbusters: Mais Além foi melhor aceito, garantindo uma sequencia. Resta saber se Apocalipse de Gelo consegue "ir mais além", avançar a história e expandir o universo dos caçadores de fantasmas. 

Após os eventos do filme anterior a família Spengler retorna a Nova York e assume o icônico quartel general dos Ghostbusters. O que não funciona muito bem para Phoebe (Mckenna Grace), já que o agora prefeito Walter Peck (William Atherton) continua tentando acabar com os Caça-Fantasmas. E afastar a menor de idade, e melhor funcionária da equipe é uma de suas estratégias. Obviamente tudo isso é deixado de lado, quando um artefato antigo desperta e coloca o mundo inteiro em risco, obrigando as duas gerações da equipe a entrarem em ação. 

Assumindo definitivamente que agora esta é uma franquia de aventura, e não de comédia, muito menos terror, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo tem até pitadas de "caça ao tesouro" em sua proposta. O que vai de encontro com a incapacidade da produção em desapegar dos personagens originais. Se no filme anterior Venkman, Wisnton e Ray (Bill Murray, Ernie Hudson e Dan Aykroyd) faziam bem vindas participações especiais surpresa. Aqui o roteiro tenta incorporar não apenas eles, mas também Janine (Annie Potts) à trama. O que somado à já grande equipe formada no longa anterior resulta em um excesso de personagens em cena, deixando muitos deles perdidos. 

A história mesmo gira em torno de Phoebe, que passa pela primeira relação amorosa (ainda que disfarçada para não ferir os sentimentos dos preconceituosos) no centro de um grande plano maléfico. Enquanto os demais personagens, dividem o texto restante, sumindo e desaparecendo de acordo com os tempos de tela ditados nos contratos de seus intérpretes. Não é raro se perguntar em meio a uma cena, onde tal personagem foi parar. 

A verdade é que a história não precisava de ninguém além do núcleo familiar principal para acontecer. E mesmo entre eles, alguns pouco tem função. Trevor (Finn Wolfhard) por exemplo serve apenas de alívio cômico e escada para incluir o fan-service do Geléia na história. O roteiro precisava abrir mão de Lucky (Celeste O'Connor), Podcast (Logan Kim) e mesmo dos veteranos, para fluir de forma coerente e sem entraves. Isso sem mencionar personagens novos cujas funções poderiam ser assumidas por personagens já existente, como o cientista de fantasmas.

Dito isso, para quem conseguir relevar o vai-e-vem de personagens, e principalmente para quem é fã dos longas originais, a produção funciona relativamente bem. Por mais que seja desnecessário para a história principal, é empolgante ver Janine de uniforme, e divertido resgatar a piada entorno de Walter Peck, entre outras pequenas boas ideias. Uma pena, Rick Moranis não estar de volta para completar o combo nostálgico (sim, estou contradizendo os parágrafos anteriores, a nostalgia funciona assim). O papel de Kumail Nanjiani é visivelmente o mesmo que ele fazia nos filmes originais. E a piada do absurdo de tudo acontecer com ele também combinaria com a franquia. 

E por falar no elenco, já veterana apesar da pouca idade Mckenna Grace carrega o filme com facilidade. Enquanto os demais atores não precisam se esforçar muito para entregar o pouco que seus personagens exigem em meio à tanta gente em cena. Fica evidente apenas, a falta de vontade de Bill Murray em estar ali. Especialmente em contraponto ao carisma de Annie Potts, que ganhou mais espaço por causa do sucesso em Young Sheldon. Vale mencionar ainda que Paul Rudd e Carrie Coon também estão de volta do filme anterior.

Os efeitos especiais são eficientes, mas o festival de CGI foge das características que marcam a franquia. Em outras palavras, dá saudade dos bonecões bregas dos filmes dos anos 80. Também dá saudades da música tema clássica, pouco evocada aqui. Substituída por temas grandiosos, porém bastante genéricos. 

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo entretém até certo ponto, especialmente os mais nostálgicos. Mas não sobrevive á um olhar mais exigente. Com personagens demais, e dificuldade de desapegar, não encontra o equilíbrio entre o novo e a referência. Entregando uma aventura bagunçada, que se perde nos próprios núcleos, esquece personagens aqui e ali, e cansa em muitos momentos. Diverte, mas não conquista como os clássicos da franquia. 

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (Ghostbusters: Frozen Empire)
2024 - EUA - 115min
Aventura

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