Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton

Bridgerton conquistou o público com uma gama de personagens cativantes, mas nenhum deles roubou tanto a cena e atraiu tanta curiosidade quanto a Rainha Charlotte. Seja pela interpretação espirituosa de  Golda Rosheuvel, seja pela surpresa de descobrir que a monarca da vida real, realmente tinha ascendência negra. Logo, não é surpresa que a Netflix resolva investir em uma obra focada na personagem.

O spin-off Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton acompanha dois momentos distintos na vida da personagem título. O momento seguinte à segunda temporada de Bridgerton, quando ela é uma monarca respeitada. E seus primeiros anos de casamento com George III (Corey Mylchreest), um homem que ela não conhecia e que já demonstrava os primeiros traços de sua notória insanidade. Golda Rosheuvel retorna como protagonista, dividido os holofotes com India Amarteifio que vive sua versão adolescente. 

Escalação acertada que é um dos pontos chave do sucesso deste spin-off. Com caracterização e atuações bem construídas, em momento algum duvidamos que Rosheuvel e Amarteifio não são de fato a mesma pessoa em momentos distintos da vida. E esse padrão segue para todos os personagens vindos de da série original que ganharam versão mais jovem. Embora os destaques fiquem mesmo com a rainha e a jovem Lady Danbury (Arsema Thomas).

Entretanto, nada disso seria suficiente, se a série não encontrasse uma história envolvente para contar. Coisa que o roteiro alcança misturando realidade e ficção de forma surpreendente. Sim, a verdadeira Charlotte tinha ascendência negra como na série, mas enquanto na vida real esses traços foram disfarçados, na série a personagem é pivô de uma mudança significativa na sociedade. 

No mundo imaginado por Shonda Rhimes, a entrada de uma pessoa negra na realeza, inspirou um Grande Experimento, que incluiu pessoas não brancas na alta sociedade britânica, resultando na sociedade diversa que vemos nas duas temporadas de Bridgerton. A inclusão desta discussão, muito relevante nos arco de Danbury, é uma excelente surpresa e enriquece este universo.

De volta à Rainha, enquanto a versão mais jovem tenta descobrir seu lugar neste reino estrangeiro, lidando com segredos, a rivalidade com a sogra (Michelle Fairley) e responsabilidades que são jogadas sem aviso em alguém tão jovem (ela tinha dezessete anos quando casou). A Charlotte adulta tenta lidar com a incapacidade de seus 13 filhos (ela teve 15, dois não chegaram à idade adulta) de gerar um herdeiro legítimo, para garantir a dinastia. Tudo isso com atuações acertadamente afinadas, que facilmente nos fazem ver como a jovem se transformou a versão madura. 

Tão acertada quanto, é a interpretação de Arsema Thomas, que já evocam a altivez de Lady Danbury, mesmo quando esta ainda é submissa ao desagradável marido. Menos relevante, mas ainda uma presença agradável, Lady Violet Bridgerton (Ruth Gemmell) e sua versão mais jovem (Connie Jenkins-Greig) é outro aceno interessante para a série original. Dos personagens originais desta produção, chamam atenção os lacaios Brimsley e Reynolds (Sam Clemmett e Freddie Dennis) em uma relação proibida e agravada por seus votos de subserviência a realeza. 

Corey Mylchreest, interprete de George III, é o mais fraco em cena, mas sua leve canastrice é facilmente relevada diante da boa química com India Amarteifio. Bridgerton continua sabendo escolher bem seus casais. Michelle Fairley (a Cat Stark de Game of Thrones), completa o elenco principal com uma adoravelmente irritante rainha que nunca foi, a mãe do monarca. 

As versões estilizadas de música pop, marca registrada da franquia estão de volta. Enquanto os figurinos e cabelos, se aproveitam da mudança de período histórico, e da inclusão de novas etinias, para ficarem ainda mais luxuosos e deslumbrantes. Provavelmente nada historicamente fiel mas extremamente belos. E claro, tem as cenas picantes que os fãs de Bridgerton já esperam. 

Oficialmente anunciada como uma minissérie, a série ainda encera bem os arcos das duas linhas temporais. Colocando a jovem protagonista na posição de pilar do reino na qual a conhecemos mais velha. Enquanto, para quem conhece história, vai notar que a versão mais madura também realiza com sucesso uma de suas últimas tarefas. 

Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton é uma agradável surpresa. Traz de volta aquela mundo familiar e confortável de "romance fabulesco" criado por Shonda Rhimes. Mas ao mesmo tempo, arrisca incluir temas mais relevantes, especialmente sobre racismo. Discussões essenciais para nossa sociedade, e que enriquece o mundo criado aqui. (Sim, a sociedade diversa de Bridgerton é maravilhosa, mas não foi conquistada sem luta.)  

Tudo isso em uma história em resolvida, com início, meio e fim. Dispensa sequências caça-níqueis. E entrega algumas pistas para o próximo ano de Bridgerton. Então que venham mais romances nessa deliciosa versão alternativa de nosso próprio mundo!

Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton tem seis episódios todos já disponíveis na Netflix. Já Bridgerton tem duas temporadas e uma terceira à caminho, com oito episódios cada. 

Leia as críticas da primeira e segunda temporadas de Bridgerton!

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem