Bridgerton - 2ª temporada

Após o sucesso estrondoso de seu primeiro ano, não é surpresa alguma, a grande ansiedade em torno da segunda "temporada casamenteira", na Londres de Shondaland. Contudo, o segundo ano de Bridgerton da Netflix, pode desagradar os fãs originais da série de livros de Julia Quinn, na qual a série fora baseada, apesar de funcionar muito bem como obra audiovisual. 

Seguindo a ordem literária, onde cada volume acompanha o romance de um dos irmãos Bridgerton, este segundo ano conta a história de Antony (Jonathan Bailey). Este, após ter sofrido uma grande desilusão amorosa na temporada anterior, decide finalmente cumprir sua obrigação como visconde e encontrar uma viscondessa. Buscando a moça perfeita, como se fosse para uma vaga de emprego, ele se vê decidido a desposar o diamante da temporada Edwina Sharma (Charithra Chandran). Entretanto, a irmã mais velha da moça, Kate (Simone Ashley), ao descobrir que o rapaz quer casar apenas por obrigação e não por amor, faz de tudo para impedir este noivado.

Adivinhou quem imaginou que em meio à tantas discussões Antony e Kate descobririam a atração um pelo outro. Explorando o tradicional romance trabalhado na linha tênue entre amor e ódio. Com empecilhos criados pelo orgulho, e claro sob as rígidas regras da sociedade. Nada inovador, é verdade, mas uma proposta sempre assertiva quando bem produzida. O que é o caso, já que este é o formato assumido tanto pela série literária, quanto pela produção da Netflix. Aqui além do triângulo amoroso, o roteiro ainda usa de bem vindos flashbacks para dar mais profundidade à personalidade e motivações do mocinho.

Apesar de seguir o estilo e argumentos principais dos livros, a série tem deixado bem claro, que pretende seguir um caminho próprio, que vai muito além da acertada inclusão de diversidade na trama. À princípio pelo surpreendente desfecho de Lady Whistledown na primeira temporada, e agora pelo desenvolvimento da relação entre o casal principal. 


Os pontos principais são os mesmos, o desfecho também, mas a jornada diverge bastante da vista nas páginas, e isto já tem causado reação dos fãs da versão literária. Que dificilmente vão aceitar, que mídias diferentes, por vezes precisam de caminhos diferentes, uma vez que esperavam ansiosamente para momentos icônicos ganharem vida na tela. Para quem acompanha apenas a versão da Netflix, o romance se desenrola relativamente bem. Embora a repetição excessiva situação "brigas tensas que quase viram beijos", possa incomodar alguns. Soando como pouca evolução por parte do roteiro. 

É claro, histórias paralelas e construções de tramas futuras completam o pacote, assim como acontecera na temporada anterior. A mais relevante, claro, é o arco da narradora Lady Whistledown. Com sua identidade revelada ao público, acompanhamos como a fofoqueira equilibra sua vida de escritora, com seus dilemas pessoais, e a investigação para descobrir sua identidade por parte da Rainha (Golda Rosheuvel) e de Eloise (Claudia Jessie ).

A quinta irmã Bridgerton, aliás, faz seu debute na sociedade, mas acaba se desviando para outros interesses. Quem também ganha mais espaço é Benedict, que busca um futuro como artista. E a família Featherington, que precisa lidar com o novo Senhor da casa, e com uma condição financeira instável. 

A trama do boxeador Will Mondrich (Martins Imhangbe) é a que mais soa deslocada e descartável. Provavelmente porque seu elo com a elite londrina o Duque de Hastings, não dá as caras nesta temporada. Sua esposa Daphne (Phoebe Dynevor ) aparece sim, em participações especiais.

A qualidade técnica e a personalidade que a produção construiu em seu primeiro ano está de volta. Os belos cenários e figurinos, que transformam a produção em um deleite para os olhos estão de volta. Assim, como a trilha sonora repleta de músicas pop com arranjos instrumentais, que desafiam a memória do público. Quantas canções você reconhece?

Também retorna a elogiada diversidade, as irmãs Sharma, no livro eram Sheffield. O nome foi alterado para seguir a ascendência indiana das atrizes escolhidas. Também foram incorporados costumes, preferências, e até detalhes no figurino, que remetem às origens das personagens, que vieram da Índia pra o debute da caçula. 

Entre as atuações os destaques ficam entre aqueles que tem mais espaço, os protagonistas. Além, de  Nicola Coughlan que precisa lidar com as "duas vidas" de Penélope. E Ruth Gemmell que entrega bons momentos nas intensas cenas de flashback.


Mais independente dos livros, a segunda temporada de Bridgerton entrega o que a franquia promete para as telas. Aquela mistura apimentada de Orgulho e Preconceito com Gossip Girl, apaixonante, viciante, leve e divertida. Vai agradar quem acompanha apenas a versão da Netflix, e os fãs literários que conseguirem desapegar da obra original.

Bridgerton tem duas temporadas, com oito episódios de uma hora cada, já disponíveis na Netflix. O terceiro e quarto ano da série já estão confirmados pelo streaming. 

Leia a crítica da 1ª temporada de Bridgerton!

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