Orgulho e Preconceito encontra Gossip Girl com eventuais momentos picantes. Esta é a descrição mais simples e precisa possível de Bridgerton, primeira parceria de Shonda Rhimes com a Netflix.
Baseado na série literária de Julia Quinn a primeira temporada abrange o primeiro livro O Duque e Eu, mas já traz vislumbres das tramas dos livros seguintes, focados nos demais irmãos Bridgestone. Dos livros de Jane Austen, a franquia traz o período histórico, os costumes e jogos de cortejo. De Gossip Girl, a mistura de fofoca e análise da aristocracia, que abala os rumos da sociedade em questão.
Trata-se de uma tradicional comédia romântica, que bem conhecemos. O casal se odeia inicialmente, mas é unido por circunstâncias curiosas e no processo percebem que são perfeitos um para o outro. Com alguns empecilhos extras, como rivais, ouros pretendentes e promessas descabidas.
Enquanto o casal protagonista segue seu rumo, outras histórias menores dividem o palco e criam uma sociedade variada e complexa, com vários núcleos, como uma boa novela deve ser. Entre estas, as tramas de Marina Thompson (Ruby Barker) e da família Featherington são as que mais se destacam. Com esta última trazendo desdobramentos para uma próxima temporada.
O elenco é genuinamente diverso é um acerto, assim como a pouca explicação sobre esta diferença histórica. Esta sociedade fictícia é assim, e pronto! As atuações em geral são eficientes, com destaques para Nicola Coughlan, Golda Rosheuvel e Adjoa Andoh (Penelope Featherington, Rainha Charlotte e Lady Danbury, respectivamente). Regé-Jean Page é o elo mais fraco da equipe, mas aparentemente tem essa deficiência relevada pelo público graças à outros "atributos". Sim, o moço é charmoso e tem química com a mocinha, então fazemos vista grossa. Afinal, a maratona aqui é por puro entretenimento.
Figurinos e cenários recriam a Londres do século XIX, com personalidade. Criando identidades para personagens e famílias, como as paletas pastéis dos Bridgerton em contraste com as cores vivas dos Featherington, que vão dos figurinos às paredes de suas casas. Embora em alguns bailes (e são muitos!), a produção pareça estar indecisa entre uniformizar as cores da festa, e manter as cores dos personagens. O que não diminui em nada o rico e detalhado trabalho de reconstrução de época (com licenças poéticas, claro) e criação de uma identidade visual. A série é um deleite para os olhos, bela como uma colorida mesa de doces.
Bridgerton tem oito episódios com cerca de uma hora cada, todos já disponíveis na Netflix.
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