O argumento de 10 Horas para o Natal, é simples e divertido, crianças sozinhas pela cidade de São Paulo, munidas apenas de determinação, e do espírito natalino. Tem potencial para se tornar o clássico natalino que ainda não temos. Entretanto, a execução escorrega em escolhas que talvez não funcionem para a maioria.
Um bom exemplo é a personagem Bia. A caçula dos irmãos que ainda acredita Papai Noel, e é capaz de birras homéricas, ganhou uma intérprete muito velha para o papel, e por mais que Lorena Queiroz se esforce (nossa, como ela grita!), a personagem acaba soando como uma garota mimada, que ainda age como um bebê. E não há jornada de amadurecimento ou aprendizado para ela. Ela consegue o que quer na base da pirraça e da carinha de bebê até o final.
Aliás não há grandes arcos de personagens entre as crianças. O aprendizado aqui é apenas do pai Marcos Henrique (Luis Lobianco), que invade a aventura da molecada, e percebe que não tem resolvido as coisas da melhor maneira.
Outra escolha duvidosa é a de tirar a resolução dos problemas das mãos dos personagens. Apesar de todo trabalho, é um "Noel ex-machina", quem salva o Natal, e o esforço dos protagonistas é esquecido em um porta malas, literalmente.
Um acerto é a construção de um cenário natalino bem brasileiro, com as tradições de natal e cenários muito mais perto de nossa realidade, do que estamos acostumados em produções natalinas. Como não reconhecer a aglomeração nas lojas na véspera de natal? Embora em 2020, a situação tenha sido diferente, toda cidade tem seu centro comercial abarrotado em fins de ano normais.
O elenco entrega o que os personagens pedem, o que não é nada muito mirabolante. As crianças são espertas e carismáticas, o que facilita que o público se engaje. Arthur Kohl, Jandira Martini e Jacqueline Sato, estão entre os rostos conhecidos que completam o time.
As piadas funcionam bem para os pequenos. Já com os mais velhos, é a bagagem e o humor de cada um que vai determinar o que funciona ou não. Particularmente, acho mais acertado o humor construído da situação de três crianças sozinhas na cidade grande. Quando um adulto atrapalhado entra na jogada, tudo parece mais forçado, menos crível.
A piada clássica do "tio do pavê" também está na lista. O curioso é observar que para os personagens, ela só tem graça nos "natais bons", quando tudo está bem. Com 10 Horas para o Natal a situação é similar. Se você está em um momento bom, em busca de uma diversão fofa e escapista, o filme é pra você. Se está procurando algo mais elaborado, o filme provavelmente não vai sobreviver às suas exigências.
No final das contas, a produção é uma boa ideia e iniciativa. A execução poderia ser mais caprichada, mas a filme entrega o que promete, uma diversão natalina bem humorada, e bastante brasileira.
10 Horas para o Natal
2020 - Brasil - 92min
Comédia
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