Shazam! Fúria dos Deuses

Em meio ao caos que se tornou o universo da DC nos cinemas, apenas um herói tem surpreendido pela coerência, qualidade e estabilidade de sua franquia. E pasmem, esse cara é o Shazam! Divertido e despretensioso Fúria dos Deuses, segunda aventura do herói nos faz torcer para que ele sobreviva à reformulação que a Warner está fazendo em seu departamento de "supers". 

Agora que divide os poderes com sua família Billy Batson (Asher Angel) tem tido dificuldades para manter todos unidos, em meio as agendas de cada um de seus irmãos. Até que deusas vingativas retornam a terra para recuperar os poderes que lhes foram roubados, pelo mesmo Mago (Djimon Hounsou) que concedeu poderes ao Shazam (Zachary Levi) e companhia. 

Maior número de heróis, maior número de vilões, batalha também com escala aumentada. Sim, Shazam! Fúria dos Deuses segue a fórmula do "maior e mais grandioso" que muitas sequencias erroneamente adotam. Felizmente aqui a escolha funciona, já que a produção, assim como o filme anterior, tem ciência de si mesma. É um filme despretensioso, para toda família, e por isso não se leva muito à sério. Afinal, são crianças com superpoderes!

Para não ficar preso em uma versão aumentada do primeiro filme, o roteiro aposta na evolução das crianças, e na expansão da mitologia por trás dos poderes dos heróis. A molecada está amadurecendo, escolhendo prioridades, aceitando responsabilidades, descobrindo interesses novos, o que já é difícil para adolescentes comuns. Imagina para aqueles que precisam conciliar essas mudanças com seu trabalho de herói.

Manter todo mundo unido e focado nas responsabilidades que vem com grandes poderes é a grande preocupação de Billy. Aprender que tudo muda, e tá tudo bem, e descobrir que não vai perder sua família por isso, é o que ele aprende ao longo do filme. 

Já Freddy (Jack Dylan Grazer), está descobrindo o amor, com a chegada da novata Anne (Rachel Zegler) na escola. Ao mesmo tempo que está obcecado com a vida heroica, que quer aproveitar como pode de preferência sem  família toda. Tema que acaba ficando em segundo plano, diante do romance, mas mesmo assim dá mais tempo de tela à e Adam Brody, que vive a versão adulta e super do personagem.

Há também, a tentativa de falar da sexualidade de Pedro (Jovan Armand), do fato de Mary (Grace Caroline Currey, que agora vive a versão com e sem poderes da personagem) não ter ido à faculdade, e de dificuldades financeiras da família, agora que alguns deles estão chegando à maioridade e perdendo a ajuda de custo do governo para lares adotivos. Assuntos que ficam jogados em uma ou duas frases em meio à trama principal.

E por falar no grande desafio da vez, as superpoderosas deusas/vilãs são vividas por Helen Mirren e Lucy Liu. Ambas claramente se divertindo com estas personagens mais leves e simples do que costumam aceitar. Mesmo que Mirren tenha alegado que não entende muito a trama do filme. As personagens tem personalidades próprias e são ameaçadoras, dentro do tom bem humorado da produção, claro! Junto com elas, uma gama de seres mitológicos em um bom CGI, e com design muito melhor que os Sete Pecados do longa anterior, para ocupar toda a molecada, e dar aquele tom de grande ameaça que a sequencia adota. 

Assumidamente uma comédia (e talvez por isso tão diferente de seus colegas da DC) as piadinhas e referências, completam a dinâmica da aventura, sem tirar o peso de seus eventos. Novamente, são crianças com poderes, logo esse humor fora de hora, se justifica e funciona muito bem. Com tanta coisa acontecendo, e de forma tão leve e divertida as mais de duas horas de duração do filme, passam voando. 

O elenco ainda conta com as crianças Faithe Herman, Ian Chen e os pais adotivos Marta Milans  e Cooper Andrews. Além das versões adultas dos heróis vividas por D.J. Cotrona, Ross Butler e Meagan Good. Todos reprisando seus papéis, assim como David F. Sandberg que retorna na direção. 

O filme tem duas cenas pós créditos, e espaço para continuações. Resta saber, se o personagem continua nos planos da nova fase dos heróis na Warner. Tomara que sim, e que não demorem muito, pois o elenco mirim está crescendo rápido.

Divertido, leve, eficiente e maior que o antecessor, Shazam! Fúria dos Deuses vem reforçar que a família de heróis é pensada para incluir a molecada na euforia heroica que tomou conta do cinema nas últimas décadas. Os pequenos vão se identificar e empolgar, mas os adultos não serão excluídos. Nós somos pegos pela nostalgia (afinal todo mundo foi criança), pelas referencias, humor e a aventura frenética. 

Shazam não reinventa a roda, mas é ciente de sua história, personagens, e de como pretende abordá-los e até onde pode ir com eles. E até traz boas surpresas! Nada de dilemas grandiosos e super complexos, o simples e direto, quando bem feito, é mais que suficiente. Com isso, o filme lembra, que nem tudo deu errado nessa bagunçada e tão rechaçada fase da DC.

Shazam! Fúria dos Deuses (Shazam! Fury of the Gods)
2023 - EUA - 130min
Aventura, Comédia

Leia também a crítica do primeiro Shazam!  

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