The Walking Dead - 11ª temporada (o final)

Impossível não iniciar a resenha da temporada final de The Walking Dead lamentando a transmissão picotada e restrita que a última temporada da série de zumbis ganhou. Com 24 episódios, lançados em três partes de oito cada, apenas no Star+ e com grandes hiatos entre eles (escolhas feitas em parte por causa da pandemia). Foi praticamente impossível a série não cair no esquecimento, mesmo com uma boa temporada. Para aqueles que ficaram, um final que não encerra tudo de fato, afinal, vários spin-offs estão em produção.

Nas duas primeiras partes desta temporadas acompanhamos o grupo do Rick (ainda podemos chamar assim?) ser "aceito" na Commonwealth, e começar a enxergar as falhas naquela sociedade. Enxeridos e independentes como são, logo o grupo que acompanhamos mete o nariz onde não foi chamado e se tornam personas não gratas. O desafio final é resistir e derrotar os líderes da poderosa cidade-estado. Com um agravante, os zumbis evoluíram, e agora estão mais inteligentes durante a caça. 

Este último arco, acerta em manter os personagens em movimento constante, mesmo em núcleos separados. Todos tem uma função e um trabalho a fazer na batalha, funcionando como uma máquina bem ajustada, mesmo quando estes núcleos não podem se comunicar entre si. O objetivo é comum, e este grupo lutou por muito tempo junto, e por isso parecem funcionar como uma grande colmeia. O que somado à um oponente em maior força e poderio bélico, garante a tensão e urgência ao longo dos episódios finais.

É o vai-e-vem de personagens o ponto fraco, ainda mais se já faz tempo que assistimos as partes um e dois desta temporada. O esforço para lembrar quem está aonde, é genuíno. Eu por exemplo, tinha certeza que os personagens de Ocean's Side não existiam mais, fiquei abismada, quando surgiram do nada. 

Não tão original também, é a trama de corrupção dentro da comunidade. Já vimos o grupo lidar com líderes cruéis e egoístas antes, Pamela é apenas mais uma. Mas fazer o quê se a situação é bastante realista? Como não comparar o abandono das classes mais baixas para morrer, com o incentivo de alguns políticos de que o povo ignorasse as medidas de proteção da pandemia. Em ambos os casos, a vida dos pobres é descartável, para aqueles no poder. 

Entre os personagens o desenvolvimento é mais simples, mas chega para maioria como forma de lhes dar um desfecho. Muitos estão apenas focados em uma vida melhor, como Aaron. Outros em construir relações, como Eugene e Princesa. São Negan e Maggie quem realmente tem seus arcos trabalhados aqui, através do recurso da parceria forçada e seu sucesso. Ele se apresenta genuinamente consciente e arrependido de seus atos, ganhando uma redenção completa. Enquanto ela está ciente de que ainda não consegue, mas precisa tentar conviver com o assassino de seu marido. Tudo preparação para o futuro derivado estrelado pela dupla.

Já a narração de Judith para os episódios finais, reforça a busca eterna do grupo por uma vida além da mera sobrevivência. O que parecem ter encontrado nesta derradeira temporada. Além de apontar os anseios da menina para reencontrar Rick e Michone. São as motivações dela, e uma sequencia pós créditos, que preparam terreno para o derivado do Xerife e da espadachim. O terceiro derivado pertence a Daryl e Carol. É insinuado nos episódios finais, mas a amizade da dupla já é trabalhada há tanto tempo, que não precisa de muito para justificar qualquer aventura juntos. 


Apesar de introduzido tardiamente, o arco da Commonwealth consegue ser bem explorado, de forma direta e sem grandes rodeios. Passar um pouco mais tempo nesta trama, seria sim bem vindo, principalmente para conhecermos mais o funcionamento da sociedade e seus moradores. Mas a forma encontrada para abordar no tempo disponível foi satisfatória. 

O mesmo não se pode dizer dos zumbis evoluídos. Após mais de uma década vagando por aí, os mortos repentinamente aprenderam a escalar, abrir portas e quebrar vidros. E a não ser por um desafio extra momentâneo, fica por isso mesmo. Ninguém liga! Bom, tem os spin-offs para explorar isso, não é mesmo?

Como um todo, a temporada final de The Walking Dead foi uma das melhores. Dinâmica, criativa, cheia de temas, críticas e explorando os personagens que nos cativaram por anos. É verdade, o vai-e-vem dos personagens e núcleos às vezes confundia, mas não posso afirmar que o problema não seja causado pela forma picotada e espaçada com que fora exibida.

Enfrentando gravações em meio as restrições da pandemia, com uma transmissão picotada e restrita. A última temporada da série de zumbis mais popular da história não recebeu a atenção que merecia. A sensação é de saída pelos fundos, mas ninguém apaga a luz. A história ainda não acabou!

A temporada final de The Walking Dead teve 24 episódios, todos disponíveis apenas no Star+. Não há previsão de sua exibição em outras plataformas ou na TV.

Leia as críticas da primeira e segunda partes da 11º temporada. Ou confira todo o conteúdo sobre The Walking Dead do blog!

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