O Clube da Meia-Noite - 1ª temporada

Baseado no livro de Christopher Pike e criado por Mike Flanagan (responsável também por A Maldição da Residência Hill e Doutor Sono), O Clube da Meia-Noite tem uma proposta promissora. Mas a produção da Netflix parece ter dificuldades de decidir entre as muitas possibilidades de seu argumento.

Prestes a entrar na faculdade, Ilonka (Iman Benson) descobre que tem um câncer terminal. Em busca de uma salvação, ela descobre a Brightcliffe Hospice, um abrigo para jovens com doenças terminais. Ao se mudar para lá, ela se depara com o Clube da Meia-Noite, uma tradição clandestina dos internos que se reúnem tarde da noite para contar histórias de fantasmas. Ao mesmo tempo, mistérios sobre a casa e suas propriedade curativas, ou não, começam a ser revelar. 

É pesado o ponto de partida de O Clube da Meia-Noite, especialmente se levarmos em conta o público alvo, adolescentes e jovens adultos. Os medos e esperanças destes jovens à beira da morte, refletidos nas histórias que contam ao clube já seriam material suficiente para uma série complexa. A relação entre as histórias de fantasmas e aqueles que as contam, são o ponto alto da série. Além de deixar claro, seus temores e a forma como cada um lida com suas doenças e destino, as narrativas passeiam por diferentes subgêneros de terror e até pela ficção científica. Incluindo referências que estes jovens da década de 1990, quando se passa a história, conheceriam. Alguns contos são melhores do que outros, mas acredito que isso dependa do gosto de cada espectador.

Além do clube a trama também acompanha a busca de Ilonka por uma cura que acontecera na residência anos atrás, e pela possibilidade de esta se repetir. O histórico da casa, inclui seitas, segredos e mistérios que dividem as atenções com as jornadas individuais dos atuais pacientes. Esta segunda linha narrativa, tem seu desenvolvimento arrastado ao longo de toda a temporada, e não entrega todas as respostas para as questões que levanta. O ritmo lento demais, e a falta de encerramento para a maior parte dos temas (provavelmente guardando material para uma segunda temporada), tornam a experiência frustrante. Mas ainda melhor que a terceira linha escolhida pelo roteiro. Fantasmas! 

Entre histórias e investigações, os jovens veem coisas incomuns pelos corredores da casa. Sombras e criaturas estranhas, fantasmas, diferentes épocas, entre outras coisas que não deveriam estar ali e criam sustos fáceis. Seriam assombrações reais, ou efeitos dos medicamentos que tomam? Este questionamento, é o melhor que se pode tirar do tema, já que a série não faz esforço algum para explicá-lo ou desenvolvê-lo. Os adolescentes vêem coisas e se assustam. A serie tenta nos assustar por tabela, abusando do recurso do jump-scare. E fica por isso mesmo, o desenvolvimento para por aí.

O elenco majoritariamente jovem não traz grandes atuações. Adia e Aya Furukawa parecem promissoras, mas não tem tempo de tela suficiente para mostrarem a que vieram. O destaque fica por conta de Ruth Codd, sua Anya é solitária, e esconde muita empatia e amizade por baixo de uma máscara de rebeldia e rancor. 

Design de produção figurinos e maquiagem se destacam nos momentos em que criam mundos distintos para as histórias do Clube da Meia-Noite. Visitando diferentes estilos e gêneros para atender a cada história, brincando inclusive com a fotografia. Para quem tem mais bagagem, pode soar como mais do mesmo, mas para o público jovem, que está sendo apresentado a estes subgêneros, é uma interessante porta de entrada. 

O Clube da Meia-Noite tem uma proposta interessante, com muitas possibilidades para desenvolve-las, e resolve abraçar todos os caminhos possíveis. Acaba não executando nenhum deles da melhor forma, e entrega uma produção mediana. Vai agradar mais facilmente aos jovens, que tem uma conexão mais imediata com os personagens. Mesmo assim, mantém aquela sensação de que poderia ser mais do que entregou. 

O Clube da Meia-Noite tem dez episódios com cerca de uma hora cada, todos disponíveis na Netflix

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem