Mulher-Hulk: Defensora de Heróis - 1ª temporada

Experimentação, essa provavelmente é a palavra de ordem para fase 4 do Universo Cinematográfico da Marvel, ainda que executada com cautela. Para cada produção presa à fórmula como Shang-Chi, há também outra que ousa em algum aspecto como WandaVision. Mulher-Hulk: Defensora de Heróis está na segunda lista, mesmo que tenha receio de deslanchar completamente em alguns momentos. 

Jennifer Walters (Tatiana Maslany) é a prima advogada de Bruce Banner. Em uma viagem de carro com o primo, a dupla sofre um acidente e a moça é exposta ao sangue do Hulk e assim também desenvolve seus poderes. Mas ser uma gigante verde que esmaga e defende os fracos não está nos planos da millennial, que se esforço muito por sua carreira de advogada e pretende mantê-la a todo custo.

Às vezes, esse custo pode ser abraçar a Mulher-Hulk! O empasse de personalidades entre Jen e sua versão hulk é o principal tema da série da Marvel para o Disney+. Aceitar a versão verde e equilibrar suas novas habilidades com sua nova vida, sem que uma personalidade sobreponha a outra. Rumo bem comum para qualquer produto super-heróico cujo protagonista tenha identidade secreta, ou uma transformação repentina. A diferença aqui é como o programa decide fazer isso. 

Com episódios de menos de meia hora, a maioria com tramas contidas em si mesmas, bastante humor e com eventuais quebras de quarta parede, esta é a primeira sitcom do MCU. A cada episódio Jen resolve um novo caso no tribunal, enquanto dá pequenos passos no desenvolvimento principal de compreender sua nova identidade. Assim podemos ver como a sociedade reage ao surgimento da "Hulk feminina", e como é o cotidiano de um mundo cheio de super pessoas. 

Com episódios tão curtos o ritmo é ágil e a narrativa dinâmica, embora isso não impeça a produção de ter uma ou outra sobra desnecessária. Mesmo assim, até a mais evidente das enrolações, como o episódio no retiro de Blonsky, acaba trazendo algo de útil para o final. 

E por falar no desfecho, o "season finale" está além de ser apenas divertido e empolgante. Com a Jen esmagando a quarta parede de vez, a própria Marvel aproveita para fazer o mesmo e mostrar que está atenta a tudo que diz respeito à ela. As acusações de repetição da fórmula, o custo e excesso de uso da computação gráfica, os pedidos e reclamações dos fãs, e até as birras exageradas dos "nerds tóxicos" irredutíveis à mudança. A mensagem aqui é clara, o estúdio está ciente de seus erros e acertos, e está disposto a arriscar mais, e o público também precisa estar abeto à isso. 

De volta à Jeniffer, Tatiana Maslany esbanja carisma e personalidade mesmo através do CGI ruim de sua versão Hulk. Sim, a computação gráfica não ficou boa, é fato! Mas a atuação de Maslany, o bom roteiro, os diálogos divertidos e as muitas participações especiais tornam muito mais fácil relevar essa falha. Sempre que a personagem conversa com o público é um deleite de observações inteligentes e afiadas. Uma pena que a produção parece ter economizado este recurso, que é herdado dos quadrinhos da personagem. Talvez para tornar a grande quebra final mais impactante.

As participações especiais previamente alardeadas também são usadas de forma eficiente. Embora o anúncio prévio dessas aparições, tenha causado uma ansiedade desnecessária, e uma decepção para aqueles que só vieram por elas. Aliás um erro grande daqueles que só focaram nas participações e referências, a série não é sobre isso. É um bem vindo respiro no rígido cronograma de sagas do MCU. Não chega a ser completamente descolado como Lobisomem na Noite, mas é mais leve e livre das produções super-heróicas até então. E conhecer a Jeniffer é motivo mais que suficiente para encarar a maratona, a moça é inteligente, pé no chão e mais próxima do público que qualquer outro personagem da franquia. 

Humor é uma coisa pessoal e diferente para cada um. E sim, o tipo de humor de Mulher-Hulk pode não agradar a todos. Mas, diferente do que muito nerdola (tipo que a série também retrata muito bem) tem alegado a produção está muito longe de ser "a pior série do MCU". Acredito que para quem está cansado do excesso de conexões, referencias, linhas temporais e multiversos, talvez esta seja a melhor série. 

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis é como sua protagonista, realista, divertida, comunicativa, grande e forte. Dá alguns escorregões, afinal, ninguém é perfeito e a série também discute isso. Mas ao final o saldo é positivo, e  Tatiana Maslany é uma excelente adição ao panteão de astros da Marvel. 

A primeira temporada de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis tem nove episódios com menos de trinta minutos cada. Alguns tem cenas pós créditos. Todos estão disponíveis no Disney+.

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