Reprise: Heroes

Você também está reassistindo coisas durante a pandemia? Eu estou, e o conforto gerado por conteúdo familiar tem sido benéfico nesse período incomum de nossas vidas. Foi nessa busca que embarquei com uma amiga nem uma reprise de Heroes, a série de pessoas superpoderosas que inovou muito lá em 2006, mas acabou esquecida pela perda da qualidade ao longo das temporadas. É claro, não podia deixar passar em branco as observações que fizemos ao longo de suas quatro temporadas. Este post nasceu assim.


Caso você seja muito jovem para se lembrar, não assistiu na época, ou teve a memória apagada pelo Haitiano. Heroes estreou em 2006, e causou alvoroço ao trazer uma narrativa e personagens inesperados. No Brasil, a série foi exibida na TV aberta pela Record, e nos canais pagos  Universal Channel e SyFy Channel. Este ultimo reprisou todas as temporadas em horário nobre recentemente. Atualmente, no streaming você pode encontrar as quatro temporadas série no Prime Vídeo

Na trama, pessoas comuns descobrem habilidades extraordinárias. As jornadas destes indivíduos vão eventualmente se conectar em missão para evitar um grande desastre. Sim, é uma série inspirada em quadrinhos de super-heróis, o que hoje parece lugar comum, mas na época era uma ousadia e tanto. Vale explicar o contexto, a única outra grande série de quadrinhos exibida na época era Smallville. Até então poucos e esporádicos programas em live-action do gênero haviam sido produzidos. Normalmente estrelados por apenas um herói, Batman, Superman, Hulk, Flash, e com historinhas semanais que se resolviam a cada episódio.


Ter uma dezena de heróis mutantes inéditos, com tramas arcos individuais conectados por uma trama maior, era uma grande ousadia  para a TV aberta estadunidense. Some-se aí, um elenco realmente diverso, de diferentes partes do mundo, casais inter-raciais, personagens que fogem de seus estereótipos, e até diálogos em outros idiomas. Características que até hoje, lutamos para que estejam na TV, e em 2006 eram quase inexistentes. 

Sem um protagonista definido, a trama dos episódios saltava entre os personagens em diferentes locações do planeta. E quando os poderes de Hiro Nakamura, que viaja no tempo e espaço, entram em cena, também acompanhamos diferentes momentos na linha do tempo. Outra característica comum hoje em dia, mas novidade quinze anos atrás. Tem também mistério, mitologia própria e um pouco de horror gráfico, especialmente na hora de mostrar as lesões da líder de torcida Claire. 

E tudo bem encaixado para levar os personagens, e aproveitar suas habilidades até a grande batalha do clímax. Vale mencionar, estou me referindo à primeira temporada, que não é infalível, mas ainda é excelente. Ente os escorregões, alguns conceitos com os quais hoje já trabalhamos melhor em séries, algumas escolhas de elenco fracas, e o tratamento do personagem conhecido como Haitiano, negro sem nome, nem falas, usado frequentemente como mera ferramenta. Felizmente ele não é o único negro em cena.  

Falando em quem está em cena, este primeiro ano traz vários rostos conhecidos no elenco principal, alguns tiveram Heroes como alavanca em suas na carreiras, outros mantém a série como trabalho de maior destaque. Milo Ventimiglia, Hayden Panettiere, Zachary Quinto, Masi Oka, Sendhil Ramamurthy, Jack Coleman, Greg Grunberg, Adrian Pasdar, Ali Larter, Noah Gray-Cabey e James Kyson, estão entre os nomes principais, muitos deles retornando nas temporadas seguintes.

Enquanto a primeira temporada parece ter sido muito bem planejada, e funcionaria perfeitamente como uma minissérie. Os anos seguintes, parecem terem sidos escritos no improviso, buscando entregar o maior número de reviravoltas, e ao mesmo tempo repetir o que o público amou no primeiro ano. Conceitos completamente opostos. O resultado é a perda gradual de qualidade ao longo das três temporadas seguintes. Com diminuição da diversidade (conte as loiras!), e descaracterização de personagens (à exceção, talvez de Hiro). Além de um revival pelo qual ninguém se interessava anos mais tarde. Heroes Reborn estreou como minissérie em 2015, com pouca adesão do público. 

Talvez agora você deva estar se perguntado: onde você quer chegar com este texto Fabi? Não muito longe. Esta é apenas minha reflexão de uma das minhas muitas "maratonas de reprise" nessa pandemia. E talvez uma boa recomendação para você fazer sua própria reprise, ou mesmo conhecer a série. Em ambos casos, recomendo a primeira temporada.


É verdade, para o espectador de hoje, em plena era Marvel e Arrowverse a primeira temporada de Heroes pode até soar como lugar comum. Mas, quinze anos atrás, foi ela quem deu os primeiros passos. O primeiro ano da série tem seu valor, e merece lembrança. Assistir com amigos, pensando sobre os programas de hoje e os de outrora, fica ainda mais interessante. Revisitei a série sem compromisso, e o saldo foi positivo. 

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2 Comentários

  1. Pra mim, que tinha visto só um pedaço da primeira temporada e lembrava muito pouco do enredo, foi uma grata surpresa rever tudo, desde o início. Mas a queda de qualidade é gritante demais... Diferente de Lost, que tem uma queda mais gradual e mantém uma qualidade no enredo até quase o finzinho (mas o tombo dela foi bem pior que o de Heroes, convenhamos rs)

    Aliás, você podia fazer isso com Lost, hein?! =*

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  2. Heroes te derruba gradualmente. Lost puxa seu tapete no season finale hehehehe

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