Pequenos Grandes Heróis

Entre uma película sanguinolenta e outra, Robert Rodriguez faz pausas ocasionais para focar em outro público. Aquele cuja que ainda não pode assistir à tanta violência, a criançada. Mesmo com foco completamente oposto, o diretor consegue manter sua voz, enquanto se apresenta a cada nova geração. Pequenos Grandes Heróis é a aventura infanto-juvenil da vez, e embarca na onda dos super-heróis atual. 

Invasores alienígenas sequestraram os heróis da Terra! E agora seus filhos, crianças que ainda não tem total controle de seus poderes, vão ao seu resgate. Liderados por Missy Moreno (YaYa Gosselin), que não herdou nenhum poder, mas ainda tem espírito de heroína.

 É claro, assim como em Pequenos Espiões, esta é uma produção onde os adultos são deixados de escanteio, enquanto as crianças salvam o mundo, com ideias e atitudes livres de amarras e limites. Como diferencial, há os poderes das crianças, igualmente incomuns e à primeira vista inúteis, mas encaixados de forma criativa na aventura. 

E caso ainda não tenha ficado claro, o foco da produção é assumidamente o público infantil. Não há nuances, ou duplas interpretações, o roteiro é simples, direto, e cheio de piadas bobinhas que a molecada ama. E, tendo em vista que é proposital, não há nada errado nisso. Pelo contrário, a produção faz direitinho o que promete. 


Também não há nada de errado no fato desta produção não ser para você, caro adulto. E tá tudo bem, você não gostar, ou achar bobo. Mas observe a criança ao seu lado, ela vai se identificar. Seja pela aventura voltada para ela, seja pela diversidade do elenco mirim. O pequenos atores se saem bem no que lhes é pedido, mas sem grande atuações. O destaque fica para a fofura da caçula Vivien Lyra Blair (Bird Box), que vive Guppy, a filha de Sharkboy e Lavagirl. 

Sim, o garoto tubarão e a menina lava, estão de volta, agora adultos. Mas a produção não exatamente é uma sequencia do longa de 2005, a dupla é mais uma divertida referência. Taylor Lautner não voltou para o papel de Sharkboy, que ficou com J.J. Dashnaw. Mas a Lavagril Taylor Dooley está de volta, e tem um elenco de peso ao lado dela. Pedro Pascal, Priyanka Chopra, Boyd Holbrook e Christian Slater estão entre os adultos fazendo pontas de luxo da produção.

 

Os efeitos especiais, seguem o mesmo estilo "baixo orçamento" de outras produções infantis do diretor. Sua artificialidade funciona bem, no tom lúdico da aventura, e atendem às necessidades do roteiro. O mundo é colorido e meio exagerado, como a imaginação infantil permite. 

Pequenos Grandes Heróis, não é uma super produção, com roteiro impecável e premissa original. É um longa consciente de suas limitações e objetivos, e consegue administrar bem ambos. Entregando uma aventura de baixo orçamento, divertida para a molecada e para adultos que ainda conseguem se conectar com sua criança interior, ou ao menos se deliciar com a empolgação dos pequenos. 


Um fenômeno de audiência, com sequencia já garantida pela Netflix, Pequenos Grandes Heróis não é tão afinado quanto o primeiro Pequenos Espiões, até hoje o melhor destas incursões de Rodriguez no mundo infantil. Mas certamente, é um bom exemplar na filmografia infanto-juvenil do diretor. 

Pequenos Grandes Heróis (We Can Be Heroes)
2020 - EUA - 100min
Aventura, Fantasia, Ficção-científica 

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