A trajetória de Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D. é no mínimo curiosa. Lançada no meio da empolgação pós-Vingadores (2012), teve um início fora de ritmo, e quando finalmente encontrou seu caminho, lá pela metade da primeira temporada, já havia perdido a atenção para as finadas séries da Marvel na Netflix.
Ao longo das temporadas a série ainda sofreu com a obrigatoriedade de seguir os acontecimentos do MCU. Interagiu acertadamente com Capitão América: Soldado Invernal, não tão bem com Thor: Mundo Sombrio. Apresentou os inumanos, apenas para perdê-los para uma série própria que não passou da primeira temporada. Até que abandonou de vez a cronologia da tela grande, expandiu seu universo. E o que era divertido, ficou frenético e exagerado, no melhor dos sentidos.
É neste ritmo que chega a última temporada da série povoada por Phil Coulson e seus agentes, encerrando arcos e oferecendo desfechos satisfatórios para toda a equipe. A aventura final começa com a equipe perseguindo Chronicoms através do tempo. Os "robôs alienígenas", tentam destruir a S.H.I.E.L.D. em suas origens, e estão dispostos a alterar a linha temporal para isso. Com a ajuda do chronicom amigo Enoch, e uma desmemoriada Gemma, além de um, MVA - Modelo de Vida Artificial- de Coulson.
Achou a sinopse exagerada? Pois é sim, e também é a oportunidade perfeita, para a série brincar com referências históricas e do MCU, além de brincar com estilos e linguagens características de cada época. Nesse sentido, espectadores da DC, hão de sentir certa familiaridade com o formato. Uma superequipe que salva o mundo em diferentes épocas, viajando em sua nave. Difícil não pensar nas Lendas do Amanhã e sua Waverider.
De volta aos agentes da S.H.I.E.L.D. , e a Zephir, a primeira metade se diverte com as possibilidades narrativas, emulando sem receito gêneros e estilos característicos. Os destaques ficam por conta do episódio noir Out of the Past e a mistura de Mulher Nota 1000, Um Robô em Curto Circuito e slashers oitentistas, The Totally Excellent Adventures of Mack and the D. A partir da segunda metade, a missão fica mais focada no embate com os chronicoms, e a corrida contra o tempo para finalizar a missão.
Durante toda a temporada, os personagens atualizam relacionamentos, lidam com problemas e assuntos inacabados. Também há tempo para revisitar momentos da história da agência, na séries e no cinema. E até, para dar um desfecho melhor para um personagem abandonado pelo cancelamento precoce de Marvel's Agent Carter. Um desafio para a memória.
Os tradicionais mistérios e reviravoltas extremas, que marcam a série desde seu quarto ano, continuam lá. E sim, continuam exagerados para que não está disposto a embarcar na aventura, mas se você chegou ao sétimo ano da série, deve estar neste grupo. Apesar de tudo isso, é a equipe que nos mantém conectados.
Coulson, Daisy, May. Fitz e Simmons, Mack, Yoyo... o time principal é o mesmo à tempo. O elenco está mais que confortável e afinado em seus papéis e na química entre eles. E o espectador se sente como parte da equipe, nos preocupando com seu bem estar, e até adotando facilmente recém chegados carismáticos como Deke e Enoch. Diferentes de seus colegas de MCU na tela grande, os agentes tiveram tempo (136 episódios) para conquistar seu público, e compartilhar um cotidiano, ainda que louco, com ele.
Sendo assim, nada mais coerente, que cada personagem, até aqueles agentes de apoio de quem nunca decoramos o nome, receba um desfecho satisfatório. Como um todo, o encerramento da série amarra pontas soltas e está de acordo com o tom e encerramento dos 10 primeiros anos do Universo Cinematográfico da Marvel. Tudo isso em apenas 13 episódios.
As séries da parceria Marvel-Netflix, Inumanos, Marvel's Agent Carter... surpreendentemente a subestimada Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D. sobreviveu à todas as suas mais festejadas colegas. Não foi infalível é verdade, mas sempre divertida, e nos últimos anos assumidamente exagerada, e meio maluquinha.
Colson e cia, se livraram das amarras da agência, e do universo compartilhado para encontrar o seu caminho, surpreendendo e agradando quem superou aquele inicio tímido. Foi encerrada, não cancelada, e encerrou melhor, mais dinâmica e empolgante do que começou. O saldo é positivo, e a despedida bem executada.
Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D. é exibida no Brasil pelo canal Sony, mas ainda não há data de exibição para o último ano. O sétimo e sexto ano tem 13 episódios cada, enquanto as demais temporadas contam com 22 episódios cada uma.
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