Em Capitão América - O Primeiro Vingador o contexto era fácil de compreender: nazistas são os vilões e aliados os mocinhos. Também era fácil em Os Vigadores: alienígenas genéricos comandados por antagonista shakespeariano que matou o agente Couson* são "do mal", todos os outros são "do bem". Mas enquanto Steve Rogers dormia, nós terminamos a Guerra Fria, derrubamos o muro de Berlin, e sem uma ameaça externa óbvia, fica muito mais complicado descobrir quem é mocinho e quem é vilão.
É neste admirável mente confuso novo mundo que reencontramos o Capitão América (Chris Evans). Soldado por excelência, agora trabalhando para a S.H.I.E.L.D. de Nick Fury (Samuel L. Jackson). Após participar de uma missão misteriosa na companhia da Viuva Negra (Scarlet Johansson), Rogers começa a questionar e duvidar das intenções e segredos da maior agência de espionagem do mundo. É claro, não demora muito para suas suspeitas se mostrarem coerentes, e uma nova realidade tomar conta da organização. Deixando o Capitão sem aliados, em sem poder confiar em ninguém, e ainda com uma misteriosa e poderosa força a ser combatida, o até então mítico (o cara era encarado como lenda urbana) Soldado invernal (Sebastian Stan).
E se o longa original tinha o charme visual dos anos de 1940 em que a história ocorria. Capitão América 2 - O Soldado Invernal traz um acertado tom de thriller de espionagem da década de 70, inclua-se aí a presença de Robert Redford apenas para reforçar (será que o terceiro filme da franquia vai ter um tom anos 90, e assim por diante até nos alcançar? rs). Logo, é um filme mais austero, com dilemas morais mais complexos. Mas, ainda traz a mistura de ação e humor, que marcam os filmes da Marvel.
E por falar em cenas de ação, o longa traz ótimas cenas de perseguição para aqueles expectadores que deseja ficar boquiaberto, independente das regras da física. Mas falha em cenas de combate corpo-a-corpo, com cortes confusos, onde não temos certeza do que exatamente está acontecendo. Especialmente se estiver usando os óculos 3D, que escurecem uma já escura projeção. Convertido, e não filmado com a tecnologia, o filme não ganha em nada com a "profundidade extra", portanto economize e vá para a sesão 2D.
A melhor parte porém fica com o desenvolvimento dos personagens. Seja do próprio Capitão América, aprendendo a viver neste mundo ambíguo, onde todos seus amigos se foram, e cheio de informações que precisa colocar em dia. No pragmatismo exagerado de Fury, que parece cegar seu senso de "certo e errado", e deixa-lo em apuros. Ou ainda no espaço finalmente conquistado pela Viuva Negra. Antes presente apenas, para "cumprir a cota feminina" de heróis, finalmente ela tem espaço lidar com seu passado duvidoso, e com as consequências de seu hábito de apenas seguir ordens sem questionar muito.
Cumprimento de cotas, aliais, agora fica a cargo do Falcão (Anthony Mackie), responsável por apresentar o primeiro possível herói negro para a super equipe. O personagem é introduzido na história de forma coerente, e sem interromper a trama principal. Assim como aconteceu com a Viúva em Homem de Ferro.
Questionamentos, e ação bem equilibrada é o que entregam os diretores Joe e Anthony Russo em sua primeira grande incursão na tela grande. Além, é claro, de dezenas de referências ao universo Marvel, e obrigatórias pontas soltas, para reunir tudo eventualmente. Isso pode desagradar alguns que começam a perceber que estes longas nunca são finalizados em suas projeçõpes, são apenas mais um pedaço do enorme quebra-cabeças que a Márvel está criando e pelo visto, não tem data para terminar. Em minha humilde opinião, enquanto as peças se encaixarem, tudo bem!
Capitão América 2 - O Soldado Invernal (Captain America - The Winter Soldier)
EUA - 2014 - 136 minutos
Ação
EUA - 2014 - 136 minutos
Ação
*P.S.: E por falar nos segredos deste universo ambíguo, vale lembrar o Agente Coulson, cuja morte foi o estopim a união dos Vigadores. Está vivo, e comandando sua própria equipe na série Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D. . E por lá, eles enfrentaram, de leve, as consequências da segunda visita de Thor ao nosso planeta. Mas é com Capitão América 2 a maior conexão com o restante do universo Marvel. O episódio exibido pelo canal Sony, na última quinta-feira, acontece simultaneamente ao segundo longa do Capitão, e enfrenta os mesmos vilões. "Spoilersfóbicos" podem ter problemas ao assistir este episódio antes do longa metragem. Por outro lado, os episódios seguintes provavelmente vão mostrar os desdobramentos desta aventura, e cobrir alguns buracos propositalmente deixados abertos. Uma pena que a série não esteja agradando tanto quanto se previa.
Não assisti ainda... mas acho que ficou (pelo menos nos trailer que vi) bem melhor do que o primeiro. Thor, o segundo filme me agradou bem mais do que o primeiro. Espero que a regra venha a valer para esse também!
ResponderExcluirabraço
É melhor sim, Marcelo! Afinal, os segundos filmes não precisam ficar apresentando a origem de ninguém. Mas particularmente, adorava o "visual vintage" do primeiro Capitão.
ResponderExcluirAté a próxima!
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