Marvel's Runaways - 2ª temporada

A primeira temporada de Marvel's Runaways, foi toda dedicada a mostrar como Alex (Rhenzy Feliz), Nico (Lyrica Okano), Karolina (Virginia Gardner),Gert (Ariela Barer), Chase (Gregg Sulkin) e Molly (Allegra Acosta) se tornaram os fugitivos do título. É agora, no segundo ano que realmente acompanhando a vida deste poderoso grupo à margem da sociedade, mas ainda lidando com as atividades sujas de seus pais.

Procurados pela polícia, acusados de assassinato, com seus pais como maiores inimigos, o sexteto de heróis precisa aprender a viver na rua. Onde dormir, como comer e alimentar um dinossauro são as preocupações imediatas, mas não as únicas do grupo. Enquanto isso, seus pais tramam para encontrá-los e se livrar de Jonah (Julian McMahon). Este por sua vez continua a tocar seus misteriosos planos.

É uma série com seis protagonistas, são muitos arcos para trabalhar. Mesmo assim, a série consegue reservar algum tempo para que cada um dos adolescentes desenvolva suas histórias particulares em paralelo com a busca por sobrevivência e o grande embate com seus progenitores. Assim, Molly busca por identidade e família. Gert lida com a depressão e ansiedade sem remédios. Alex encontra um novo romance em sua jornada por justiça. Chase precisa lidar com a "morte" de seu pai. Nico começa a descobrir o lado sombrio de seus poderes, enquanto sua namorada vai no extremo oposto. Literalmente um ser de luz, Karolina precisa entender e lidar com as consequências de quem realmente é.


O resultado de tantas histórias acontecendo ao mesmo tempo, é que em alguns momentos o roteiro precisa parar e dar maior atenção a um ou outro, soando episódica. Um exemplo disso é observar como a trama de Molly fica mais concentrada nos episódios iniciais, a de Chase nos finais, enquanto a de Karolina corre de forma constante ao longo dos treze episódios. Esse foco alternado não chega a atrapalhar a fluidez dos episódios, diferente de outras séries com muitos personagens onde volta e meia alguns tendem a parece desaparecer. Isso porque a relação entre os jovens torna todos relevantes, mesmo quando não são o foco. Eles não estão apenas aprendendo a sobreviver, mas também a conviver, e assim o problema de um torna-se de todos. E tanto os dilemas típicos de adolescentes, quanto as ameaças tradicionais de quadrinhos são melhor trabalhadas de acordo com as diferentes personalidades da molecada.

E por falar em relações entre adolescentes, obviamente há romances altamente influenciados por hormônios. Felizmente os roteiristas sabem incorporar estes dilemas aos "problemas de adultos" que enfrentam. Como a relação de Chase e Gert, afetada pela ausência dos remédios da jovem, ou a relação de opostos luz/sombra entre Nico e Carolina. Isso evita que os relacionamentos caiam em clichés tradicionais de séries adolescentes, ou se sobreponham a assuntos mais urgentes como sequestros, e risco de morte, soando mais verdadeiros.

Nada cliché também é o relacionamento destes jovens com os pais, e dos adultos entre si. Completamente sem controle sobre a bola de neve que seus segredos criaram, mesmo quando buscam o mesmo objetivo, cada um cumpre sua própria agenda, cheias de mais segredos e desconfiança. Dificuldade de comunicação que vai caro mais tarde. 

Já com os jovens a relação é de amor e ódio. O carinho da relação entre pais e filhos, entrando em conflito com a disputa entre eles. Em ambos os lados, adolescentes e pais, acompanhamos tanto escolhas absurdas em busca de seus objetivos, ou temerárias movidas por sentimentos. É aqui que há espaço para o programa continuar discutindo temas que vão além dos protagonistas, já iniciados no ano anterior. A fé cega dos membros da Igreja do Gibborim, é uma das discussões mais interessantes.

De volta aos personagens, apenas Jonah parece não ter dúvida alguma, sua história e verdadeiro objetivo são finalmente revelados. Expandindo ainda mais um universo bastante rico. Se o primeiro já trazia adolescentes superpoderosos, uma organização maléfica secreta, uma seita maluca, assassinatos, sacrifícios, tecnologias super avançadas, disputa de territórios, viagem no tempo e até dinossauros. Esta temporada acrescenta, policia corrupta, profecias, alienígenas e invasores de corpos. E sim, por hora, esta miscelânea de temas ainda faz sentido, e faz com que a trama tenha um ritmo intenso e cheio de reviravoltas.

Os efeitos especiais mantém a mesma qualidade da temporada anterior. A versão digital de Alfazema, é a única que destoa um pouco, mas a produção parece ciente disso, e opta pela versão animatrônica do dinossauro sempre que possível. Dito isso, vale lembrar é uma série de super-heróis com temática adolescente, e que não tem vergonha de ser quadrinhos. Logo, alguns efeitos são assumidamente mais caricatos, como o show de luzes de Karolina. Meio brega talvez, mas nunca incoerente com a proposta do programa. Complete o pacote com um elenco eficiente, e temos uma excelente adaptação de quadrinhos. Ah! E repare nos figurinos e cabelos, volta e meia fazem alusão direta as versões dos quadrinhos.

Apesar de ter três episódios a mais neste segundo ano, treze no total, a série consegue manter um ritmo constante que mantém o espectador atento e é perfeito para o formato maratona de streaming. O ritmo e a sensação de perigo e urgência são tão uniformes, que só percebemos estarmos nos aproximando do clímax e do obrigatório gancho, quando já estamos no final da temporada.

Marvel's Runaways é uma série de quadrinhos com temática adolescente, mas não é feita apenas para o público jovem. É indicada para todos que gostam de produções com superpoderes, organizações secretas maléficas, reviravoltas, seres especiais e gadgets impossíveis. É atual, ágil, inteligente e divertida, talvez exagere hora ou outra nas nas habilidades extraordinárias e alta tecnologia, mas é aí que reside parte da graça de ser um herói adolescente em fuga lutando contra vilões de quadrinhos.

A terceira temporada de Marvel's Runaways já foi confirmada para dezembro de 2019, e vai incluir um crossover com Manto e Adaga, outra série da Marvel produzida pelo Hulu. No Brasil é exibida pelo canal Sony e sua primeira temporada está disponível na Netflix.

Leia a crítica da primeira temporada Marvel's Runaways, confira também Manto e Adaga (Marvel's Cloack & Dagger)

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