Felizes foram aqueles que não desistiram de Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D. lá no desequilibrado primeiro ano, pois a série não para de evoluir e melhorar, fazendo uso de todas as possibilidades que MCU oferece. A temporada que acaba de chegar ao fim na Sony (com vergonhosos seis meses de atraso em relação à exibição "estadunidense"), não apenas supera o excelente quarto ano, como reúne referências de todos os anos da série e encerra um ciclo de forma coerente e extremamente criativa.
Os esforçados agentes secretos não tem mesmo descanso, nem mesmo direito à uma pausa para um lanche. Após escaparem da matrix estrutura são abduzidos não apenas do planeta, mas também do presente. O primeiro dos dois arcos em que a quinta temporada se divide, leva os personagens à um futuro apocalíptico onde a Terra foi destruída e o que restou da humanidade vive em uma estação espacial sob sendo escravizados por Krees.
Compreender o que aconteceu, como esta nova ordem funciona, o porquê foram levados para este cenário, e como sobreviver, voltar para casa e impedir que este futuro aconteça, mantém o nível de tensão desta primeira metade elevado. Os mistérios e perigos enfrentados nesta fase, surpreendem pelo tom mais pesado e vão de tortura à desmembramentos e decapitações inesperados. A trama aposta na confiança que estes personagens tem uns nos outros, construída ao longo de quatro temporadas, para torná-los uma unidade coesa e consistente - inclusive entre o elenco, já confortáveis em seus papéis - apenas para desconstruir tudo na segunda metade da temporada.
É no retorno para casa que as consequências dos muitos anos de aventuras finalmente alcançam a equipe, e a unidade eficiente que vimos até então começa a ruir de dentro para fora, enquanto lutam com o último resquício da Hidra que aparentemente ajudou a causar o tal colapso no planeta. A mais afetada física e mentalmente, Yo-Yo (Natalia Cordova-Buckley) tenta a todo custo impedir que o futuro se realize, mesmo que isto lhe obrigue a desobedecer ordens, lhe custe seu relacionamento com Mack (Henry Simmons) e mesmo sua vida. Daisy (Chloe Bennet), lida com a possibilidade de ser a destruidora do mundo, e com o papel de liderança que Coulson (Clark Gregg) almeja para ela.
O casal Fitz e Simmons (Iain De Caestecker e Elizabeth Henstridge) constantemente separados, resolvem se manter juntos todo o tempo metafórica e literalmente, e trabalhar para resolver tudo mesmo acreditando que a linha do tempo é fixa. O rapaz, ainda lida com os resquícios de sua personalidade implacável na estrutura. Graças a isso Caestecker é quem mais se destaca ao precisar trabalhar camadas e nuances de seu personagem. Trazido dos mortos após o primeiro Vingadores, as consequências desta sobrevida começam, a alcançar o diretor da S.H.I.E.L.D.. E May (Ming-Na Wen) entra em conflito com tanto com as escolhas do chefe quando de sua substituta eleita por ele, Daisy. O objetivo da equipe ainda é comum, salvar o mundo, mas os métodos, escolhas e crenças não poderiam ser mais distintos. Cabe à Mack o papel de tentar reconciliar a todos.
Mais do que qualquer ameaça, é esta ruptura da equipe que causa os melhores conflitos da temporada. Deixando o espectador constantemente preocupado, não apenas com a salvação do mundo, mas com o futuro da equipe e dos personagens individualmente. Assim os dois arcos distintos se completam organicamente. A primeira metade passada no futuro, apresenta a ameaça e enfraquece a equipe. A segunda parte, precisa impedir os eventos futuros com um time fragmentado e em constante conflito. Explorando de forma completamente nova as relações entre eles, e consequentemente desenvolvendo o arco pessoal de cada um.
Neste meio tempo reencontramos, alguns personagens e conceitos dos anos anteriores. Glenn Talbot (Adrian Pasdar), os Krees, o preconceito contra inumanos e a exploração de seus poderes, humanos buscando habilidades especiais, pedras que abduzem pessoas, aventuras no espaço, o soro da centopéia e claro, a Hydra, o programa passeia por todo o universo cinemático da Marvel. O uso destes retornos e referências e coerente e bem realizado, embora exija um esforço de memória do espectador. Confesso, eu já não lembrava de alguns nomes e detalhes. Isso torna esta temporada bastante inacessível para novatos, mas é um prato cheio para seu público cativo.
Hydra resiste, com direito à elenco do Disney Channel e participação de personagens da primeira temporada! |
Há ainda, espaço para referências leves ao que está acontecendo com o mundo nos cinemas. Embora a série termine convenientemente momentos antes do desfecho de proporções universais de Vingadores: Guerra Infinita. Poupando os roteiristas de lidar com mais uma complicação. Que também deve ser evitada no já confirmado sexto ano, já que os novos episódios só retornam após os heróis da tela grande resolverem tudo em Vingadores: Ultimato.
Todo este resgate de temas é na verdade o encerramento bem estruturado de um ciclo, o season-finale tem um gostinho de encerramento e despedida, e nenhum gancho para o próximo ano. Se a série fosse encerrada ali, seria um final satisfatório. O mais importante e definitivo desfecho é no arco de Coulson. O personagem é praticamente um coringa, sendo levado onde necessário, passeou por todos os formatos deste universo, cinema, web-séries e TV.
O tom de encerramento entretanto, não significa que os fãs não tenham o que especular sobre as já confirmadas sexta e sétima temporadas. Afinal, com os ciclos encerrados a série pode tomar qualquer caminho. E só podemos esperar que este seja tão eficiente e bem amarrado, quanto a história até aqui.
O ponto mais fraco é a limitação técnica, de cenários e figurino, típica de séries televisivas, nada que comprometa o resultado final. Os efeitos especiais e figurinos são aqueles já esperados para o tipo de programa. Não são espetaculares, mas funcionam. Já limitação de cenário, a série se passa quase toda dentro da base secreta chamada o Farol, inclusive em épocas distintas, é contornada pelo roteiro.
Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D. entregou uma quinta temporada, frenética, complexa e bem resolvida e fez bom uso de todos os recursos possíveis para isso. - Mencionei que eles ainda brincaram com viagem no tempo? - Mesmo mais distante dos acontecimentos do cinema, à sua maneira a série também comemorou os 10 anos de MCU, e seus cinco anos e 100 episódios, resgatando de tudo um pouco, e criando uma retrospectiva acidental excelente.
Agents of S.H.I.E.L.D. é exibida no Brasil pelo canal Sony. Todas as temporadas já estão disponíveis na Netflix. O sexto ano deve estrear apenas em 2019, e terá apenas 13 episódios, ao invés dos tradicionais 22.
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