Elseworlds

Enquanto no cinema a DC anda a passos lentos, e tenta ajustar seu universo, na TV a atividade heroica anda a todo vapor. Uma tradição já estabelecida desta bem sucedida empreitada, é o encontro anual de seus personagens em um gigantesco crossover. Entretanto, Elseworlds, o encontro deste ano foi mais contido e menos acertado que os bem sucedidos Invasion! e Crisis on Earth-X.

No episódio de The Flash que inicia a nova aventura, Barry (Grant Gustin) e Oliver (Stephen Amell) acordam com as vidas trocadas. Como os amigos de sua Terra não acreditam neles, a dupla parte para a Terra 38, na esperança de que Kara (Melissa Benoist), os reconheça. Em Arrow, o trio vai a Gotham procurar quem anda alterando a realidade. E no capítulo de Supergirl é que a batalha propriamente dita acontece.

Sentiu falta das Lendas? Pois é a ausência de DC's Legends of Tomorow é uma das primeiras indicações de que este crossover é mais contido. A medida parece tentar contornar o maior problema dos encontros anteriores, o excesso de personagens. Com tanta gente em cena para administrar, eventualmente alguém desaparecia ou era deixado de escanteio, até que o roteiro precisasse de suas habilidade. A medida melhorou o vai-e-vem de personagens, mas não solucionou o problema completamente. Caitlin (Danielle Panabaker) e Cisco (Carlos Valdes) ganharam mais relevância, mas Iris (Candice Patton) e Felicity foram relegadas ao pobre papel de meros interesses amorosos dos heróis. O caso da Hacker é ainda mais grave, já que ela sempre teve maior relevância nos encontros anteriores.


Quem também ganha um tempo satisfatório de tela é o casal Lois (Elizabeth Tulloch) e Clark (Tyler Hoechlin). A jornalista é apresentada no especial, e a dupla visita o "Arrowverse" pela primeira vez, com direito a referências à série Smallville. O fã service agradou à audiência, assim como a química entre o casal. Particularmente, eu não gosto desta versão do Superman, e consequentemente sua parceira, mas isso é assunto para outro post.

Outra que é apresentada, já de olho em uma série própria, é a Batwoman (Rubi Rose), a cargo de Gotham desde que seu primo mais famoso desapareceu. Qualquer semelhança com a série da garota de aço não é mera coincidência. De fato, a interação entre as duas é a única coisa realmente interessante nesta primeira aparição.

Também é interessante como os roteiristas conseguem manter os tons distintos das séries, ao mesmo tempo que mantém a aventura coesa como se fosse um único filme. Ignorando os títulos e créditos, as diferenças entre os episódios são notadas na já mencionada mudança do elenco de apoio. Mas principalmente na atmosfera de cada uma delas, o episódio The Flash é bem humorado e repleto de piadinhas. A noite chega para contar a parte do episódio de Arrow, mais sombrio e realista. Quando Supergirl chega o que prevalece é o positivismo, e a profusão de altruísmo em cena.

Referência gratuita, Flash da série da década de 1990!
Já os fãs-services nem sempre funcionam tão bem. À exceção da referência a Smallville, e uma ou outra passagem acertada, como aquela que aponta que Diggle (David Ramsey) é um Lanterna Verde em outra Terra, a maioria das referências não tem função na trama. É uma profusão de piadinhas e informações gratuitas, que pode incomodar alguns e levar outros à loucura. É realmente uma questão de gosto e tolerância.

De volta aos protagonistas, é na relação entre Arrow e Flash que que a trama se realmente se baseia. Com as vidas e habilidades trocadas um precisa, se colocar no lugar do outro. Oliver percebe que a vida do corredor escarlate não é tão simples por todos gostarem dele, ou por seus poderes terem sido adquiridos quase que magicamente. Já Barry descobre que a força do amigo vem da raiva e traumas que este enfrentou. É claro, nesse meio tempo, a dupla aproveita para brincar e espezinhar um ao outro, como bons amigos fazem. Isso, deixa a Supergirl como mera administradora dos conflitos entre os dois. O que não seria um problema tão grande, considerando que na hora que a coisa complica ela é a mais poderosa do trio, e por isso teoricamente indispensável.

Entretanto, a última filha de Kripton é eclipsada pela presença de seu primo mais famoso e experiente, inclusive no episódio de sua própria série. De uma ora para outra, é Clark quem vira o grande salvador, enquanto Kara e Barry são relegados à tarefas secundárias. Ao menos Oliver tem seu momento de crescimento, ao confrontar o vilão e apontar a diferença entre sua natureza de vigilante e a o altruísmo heroico de seus companheiros.

E por falar nos vilões, Dr. John Deegan (Jeremy Davies) tem motivações rasas, escolhas duvidosas e métodos pouco eficazes, mas se encaixa na categoria louco megalomaníaco. Enquanto o The Monitor (LaMonica Garrett), não diz muito a que veio, já que sua ameaça é na verdade um prelúdio de algo maior. É aqui que encontramos outro aspecto que torna este crossover menor que os anteriores. Elseworlds é na verdade um grande teaser do próximo grande encontro dos heróis televisivos da DC na TV. Crise nas Infinitas Terras é uma das mais exaltadas histórias dos quadrinhos e já foi confirmada como o próximo encontro encontro das séries, a ser realizado em 2019.

Elseworlds não é o melhor, muito menos o maior encontro de heróis da DC na telinha, mas é divertido. Mais simples e econômico, acerta ao apostar na química entre seus protagonistas, é a primeira vez que realmente vemos Barry, Kara e Oliver trabalhando juntos. Entretanto, seu ponto mais forte no entanto está mesmo na promessa, de um novo, maior e mais espetacular crossover que ele traz. Falta muito para 2019?

*No Brasil Elseworlds foi exibido em forma de maratona, apenas em versão legendada, no último domingo (16/12) na Warner Channel. O canal ignorou a linha do tempo das exibições regulares e até forneceu alguns spoilers. As versões dubladas dos episódios devem ser exibidas na ordem cronológicas em suas respectivas séries.

Leia mais sobre The Flash, Supergirl, confira as críticas dos outros crossovers, Invasion!, Duet e Crisis on Earth-X.

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