Vingadores: Guerra Infinita

Você construiu um universo por uma década, o expandiu para além de suas fronteiras. O povoou com muitos bons personagens, líderes em suas aventuras solo, acompanhados de coadjuvantes carismáticos. Após algumas reuniões teste, já sabe que o encontro entre eles costuma funcionar, e planejou por muito tempo juntar todo mundo. Muito tempo mesmo! Mas como equilibrar tanta gente diferente em uma longa sessão da tarde? Dê o protagonismo para o vilão! O grande longa da Marvel em 2018, pode até ter o nome do grupo de heróis no título, mas é Thanos (Josh Brolin), quem conduz Vingadores: Guerra Infinita.

Tendo anunciado sua vinda oficialmente lá em 2012, o Titã roxo que quer reunir as jóias do infinito em uma manopla para ser o ser mais poderoso do universo, finalmente vem enfrentar os Vingadores. Ficou perdido com a breve sinopse aí? Pois esta é uma das poucas falhas do longa metragem, ele não funciona sozinho.

O final seria em aberto, e isso não é segredo, mesmo que o estúdio tenha tirado o "parte 2" do título do próximo filme. O complicado é que Vingadores: Guerra Infinita tem seu início distribuído ao longo de 10 anos, 19 filmes e até algumas séries de TV (descubra todos eles aqui), que trouxeram as pistas e peças para montar esta batalha grandiosa. São nessas obras que são apresentados todos os heróis, assim como é construída a relação entre eles. Logo, se você não tem esse conhecimento prévio, é provável que sua relação com o filme seja prejudicada. Mas convenhamos, quem não conhece ao menos um daqueles heróis?

A Marvel sabe disso, por isso não hesita em jogar o expectador direto na batalha, e reservar apenas à Thanos os momentos destinados à uma construção mais detalhada de suas motivações. Criar um vilão consistente e ameaçador que justifique a reunião de todos, e fuja do tradicional vilão genérico comum nas produções do estúdio é o grande acerto do longa. O Titã, é super poderoso, tem motivações que justificam suas escolhas e até são compreensíveis, mesmo que errada. E ainda é carismático na atuação de Brolin que transparece, sob o personagem de computação gráfica. É o acertado vilão que acha que está fazendo o correto, tem boas justificativas para tal, e não vai descansar enquanto sua missão não for cumprida.

Com a ameaça bem definida, é fácil justificar a presença de todos em cena. Mais complicado é dar tempo de tela, e funções para todos. Separando-os em jornadas distintas, o roteiro consegue sim dar uma tarefa plausível para cada um dos heróis. Talvez apenas Steve Rogers (Chris Evans), soe um pouco apagado em comparação com os outros "donos de franquias solo", justificável se considerarmos que as ações marcantes do personagem talvez tenham ficado para a segunda metade, enquanto este filme se preocupa com Stark (Robert Downey Jr.) e surpreendentemente Thor (Chris Hemsworth)! O asgardiano que nunca fora o favorito da galera, tem bastante espaço em cena, e um arco dramático bem desenvolvido. Outra que também surpreende pelo crescimento é Gamora (Zoe Saldana), a relação da moça com seu pai postiço está no cerne do arco de Thanos.

E por falar em arcos dramáticos, Guerra Infinita é um filme mais pesado em relação às outras aventuras dos Vingadores. As piadinhas, muito criticadas em Doutor Estranho por exemplo, aqui realmente servem apenas como um respiro, e começam a diminuir a medida que a situação fica crítica.

O bom humor também está presente na nas atitudes daqueles personagens naturalmente mais cômicos. Aliás a essência de cada um deles é respeitada, mesmo que para isso, o filme precise mudar de estilo, ou tom, em alguns momentos, os mais evidentes são as aparições dos Guardiões das Galáxia e de Wakanda. Não por acaso, as franquias mais cheias de personalidade da casa das idéias. As diferenças e diversidades, dos personagens e suas realidades, são bem encaixadas, não apenas funcionam juntos, mas também se complementam.

Diferente de seus antecessores, esta aventura tem consequências que impactam expectador e personagens. Quais delas são permanentes, é uma coisa a se discutir em um texto com spoilers. Mas é seguro dizer, que nem todas são, e não precisa ser especialista em quadrinhos, ou conhecer as histórias com Thanos nas páginas para deduzir alguns desfechos. Talvez isso, diminua o efeito do clímax em algumas pessoas, nada no entanto que diminua a adrenalina da jornada até então.

O roteiro redondinho, ainda encontra espaço para referências (claro!) e para explicar ausências de alguns nomes. Embora particularmente, eu tenha sentido falta de três deles*. Os efeitos especiais mantém o padrão do estúdio, mas o excesso de CGI pode ser prejudicados pela qualidade da tecnologia 3D disponível. Não exite em dispensar os óculos. E claro, procure por Stan Lee, e não saia antes dos fim dos créditos.

Divertido e bem acabado, Vingadores: Guerra Infinita acerta ao colocar o vilão sob os holofotes. Com cerca duas horas e meia de projeção, que passam em um instante, consegue trabalhar bem sua extensa lista de personagens, sem cansar ou confundir o público. Além de um bom filme, é uma recompensa pelo tempo dedicado à este universo e seus ilustres moradores - escute a molecada na fila do cinema, exclamando como aquele é o grande momento de suas vidas, rs. - Valeu apenas esperar e acompanhar cada um destes heróis, complicado mesmo, e ter que encarar um ano inteiro de espera pela segunda parte desta super-reunião!

Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War)
2018 - EUA - 149min
Ação, Aventura, Fantasia


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*Kraglin, Valquíria e Nakia, não estavam onde os deixamos, ou estavam?

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