Adimito, eu tinha esquecido que Upload ainda teria mais uma temporada. E o fato do Prime Video oferecer uma divulgação tão pobre para o lançamento do quarto e último ano, quase me fez perder o desfecho da série sobre finutude que irônicamente já demonstrava ter dificuldade de se finalizar desde a temporada anterior.
Para quem também teve problemas de memória, Upload se passa em um futuro próximo. Nesse tempo é possível fazer um upload das memórias de uma pessoa antes de sua morte, para que ela continue viva em um paraíso virtual, devidamente monetizado, é claro. Acompanhamos a trajetória de Nathan (Robbie Amell), um programador que morre em um estranho acidente de carro, e passa repentinamente pelo processo de upload. E de seu "Anjo" Nora (Andy Allo), a pessoa responsável por administrar na mundo real, seu pós vida virtual.
Assumidamente uma comédia romântica de ficção-científica, ao longo de suas três primeiras temporadas, acompanhamos o casal se apaixonar. Descobrimos a conspiração por trás da morte do protagonista, que inclui um grande plano de controle global de falecidos. e conhecemos uma série de coadjuvantes carismáticos. Ao mesmo tempo que, fazendo graça com as situações, refletimos, sobre luto, encerramento, desapego, propriedade de pessoas, a difenreça entre alma e códigos, e nossa capacidade se se tornar extremamente dependentes, ou melhor, reféns de grandes coorporações.
Uma proposta inteligente e criativa de entreter, e refletir sobre o mundo atual, mas que em seu terceiro ano já demosntrava desgaste. Apresentando uma história menos afiada, cheia de atalhos e em muitos momentos cansativas. Assim quarto ano chega com um gostinho de encerramento às pressas, apenas para não abandonar a produção sem um desfecho. O que já a coloca à frente de muitas séries abandonadas no meio do caminho pelas plataformas de streaming. Mas, mesmo assim, não oferece a satisfação que deveria, por mais que tente.
Ingrid (Allegra Edwards), por exemplo, consegue seu arco de evolução ao lado de sua própria cópia de Nathan. Construção que começara na temporada anterior, e se encerra com a trama de casamento e vida conjugal dividida entre vida virtual e real. O mesmo não acontece com o romance entre Aleesha (Zainab Johnson) e Luke (Kevin Bigley), que fica em suspenso, até que ele se torne um martir, sem nenhuma preparação para tal. E ela desenvolva habilidades de espiã de forma extremamente forçada.
Já o casal protagonista corre por fora, com o difícil luto de Nora. E posteriormente - CUIDADO COM SPOILERS - o resgate do Nathan original, e a descoberta de que o reencontro é apenas uma possibilidade de uma despedida melhor. Ainda que desfecho de fato deixe uma possibilidade de ressureição em aberto, e o bom questionamento sobre deixar as pessoas partirem.
Some tudo isso à luta judicial contra gananciosas empresas de Upload. E uma inteligencia artificial superevoluida, e claro, malvada, que toma conta da Freeyond e tenta escapar para o mundo real. E tempos muita história para pouco tempo, mesmo com episódios mais longos.
Mencionei que também criaram uma trama de romance para o IA ascensorista (Owen Daniels)? É muito para apenas quatro episódios. Saltos temporais estranhos, explicações corridas e conveniências são inevitáveis. E com elas o roteiro deixa de ser tão afiado nas piadas e certeiros nas críticas. É preciso se apegar muito ao carisma dos personagens que nos conquistaram nos anos anteriores, e no bom trabalho do elenco, para não perder a atenção ao longo dos apenas quatro episódios.
A primeira temporada de Upload tem dez episódios, a segunda sete, o terceiro ano oito, e a temporada final quatro. Todos disponíveis no Prime Vídeo. Tem crítica de todas elas aqui no blog!
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