Downton Abbey: O Grande Final

Apesar de oferecer um final satisfatório, o desfecho da série de Downton Abbey nunca fechou completamente as portas do castelo. Não havia mais tramas a serem resolvidas, é verdade, mas a produção deixou bem claro que a vida dos personagens continuava. Nós apenas não os acompanharíamos seu cotidano a partir dali.

Então, desde o fim dos episódios para TV, a produção busca desculpas para revisitar a realeza em formato de filme. Uma visita real, um presente misterioso, a gravação de um filme na propriedade, eventos incomuns que justificavam nosso retorno à vida dos Crowley. Não é o caso do terceiro e último filme da franquia. 

Downton Abbey: O Grande Final retorna às questões cotidianas para se despedir da comunidade da forma como a conhecemos. Ao invés de enventos incomuns, os dilemas deste último filme são relacionados à forma de viver da aristocracia. Ameaçada desde o primeiro episódio da série, e que aqui finalmente mudará drasticamente. 

Lady Mary (Michelle Dockery) está divorciada, o que a torna persona non grata na alta sociedade. A propriedade precisa de dinheiro, e talvez seja preciso fazer escolhas difíceis, coisa da qual Robert (Hugh Bonneville) parece não ser capaz. Carson (Jim Carter) e Patmore (Lesley Nicol) funcionários estão se aposentado. Tudo está mudando, e todos precisam se ajustar à nova realidade. 

Fazer a comunidade aceitar a nova condição de Mary, e salvar a propriedade sem contar com a herança de Cora (Elizabeth McGovern) perdida pelo irmão Harrold (Paul Giamati), são os maiores desafios entre os patrões. No núcleo dos empregados, Carson precisa desapegar do comando da casa, coisa que ele já conseguira antes, quando Barrow era mordomo, logo, uma trama reciclada. E Daisy (Sophie McShera) precisa se provar, não apenas como cozinheira da casa grande, mas como membro ativo da comunidade. 

Para ambas as tarefas, um grande jantar é organizado, trazendo de volta à cena, Branson e Sibbie (Allen Leech e Fifi Hart), Isobel e Lord Merton (Penelope Wilton e Douglas Reith), Edith e o Lord Hexham (Laura Carmichael e Harry Hadden-Paton), e até o ex-criado Barrow (Robert James-Collier), agora acompanhante do astro de cinema Guy Dexter (Dominic West) e do dramaturgo Noël Coward (Arty Froushan, vivendo um personagem real). Sim, tudo é um pretexto para um grande reencontro, e novas interações entre os já conhecidos personagens. 

Mas, ao invés de uma nova aventura como nos filmes anteriores, o sentimento aqui é de melancolia pela despedida. A triste sensação de que tudo que nos encantou no cotidiano dessas pessoas deixou de existir. Também diferente dos longas anteriores, o roteiro aqui não consegue ser tão eficiente na distribuição do tempo de tela entre os muitos personagens. Tão pouco, consegue ser claro e objetivo em seus diálogos, mais massantes e explicativos. 

Assim, as subtramas como o golpista que tenta tirar vantagem, e o anseio de Moseley (Kevin Doyle) por reconhecimento soam corridos e resolvidos por conveniencias de roteiro. Enquanto alguns personagens como Bates e Anna (Brendan Coyle e Joanne Froggatt) não tem muito o que fazer além de existir. E mesmo os grandes dilemas financeiros, e da reputação de Mary são resolvidos de forma simples. A sensação é que não existem grandes conflitos a solucionar. 

Outra observação curiosa a se fazer é a mudança de alguns cenários, um dos pontos fortes da série. As mais evidentes são da residência da família em londres. Já em Downton Abbey propriamente dita, vemos algumas salas novas, enquanto a iluminação à velas escurece o filme. Algumas cenas são mais escuras que a primeira temporada da série, quando não havia eletricidade em toda a casa. Uma escolha que poderia ter sido feita para aumentar o tom de melancolia, mas não faz sentido quando muitas das cenas que seriam internas, agora são feitas nos quintais, sob a luz do sol. Será que tiveram menos tempo para gravar dentro do castelo? De qualquer forma, não explica porquê sofremos para enxergar uma sala de jantar que sempre fora bem iluminada. 

Se os cenários estão menos impactantes, os figurinos continuam belos. Mas tente não desviar a atenção para as estranhas perucas. São muitas!  Foque no elenco mirim, o mesmo desde a série. A criançada cresceu muito! 

Já o elenco, está mais do que familiarizardo com seus personagens. Além de confortáveis, parecem ao mesmo tempo empolgados e emotivos pela despedida. As tramas em que estão envolvidos podem estar aceleradas demais, mas os personagens se mantém fiéis ao que fora contruido até então. Aprendemos a gostar e torcer por eles, revisitá-los, e passar mais tempo com eles, é o que faz a produção valer à pena. 

Downton Abbey: O Grande Final é o que o título afirma, uma grande despedida. A última oportunidade de observar esse cotidiano tão fascinante e diferente do nosso. É um agrado para os fãs. Os não iniciados, dificilmente acompanharão. Mas essa é uma característica dos três filmes, é assumidamente para fãs, não para atingir novos públicos. E dificilmente alguém embarcará nessa produção completamente desavisado. 

Este terceiro e último filme da franquia é uma despedida corrida, mas que mantém a mensagem do desfecho da série. De que a vida continua, mas muda, drasticamente, ao ponto que deixa de ser aquela história que acompanhamos. O mundo de Downton Abbey agora é outro. Um lugar "esvaziado" com poucos moradores, criados, festas e intrigas... em resumo, sem tudo que amamos na obra. Uma pena, eu acompanharia o cotidiano dos Crowley e seus empregados até o século XXI facilmente! 

Downton Abbey: O Grande Final (Downton Abbey: The Grand Finale)
2025 - Reino Unido - 123min
Drama

Downton Abbey encerra sua trajetória com seis temporadas e três filmes. Tem críticas de todos eles no blog! Atualmente a série está na Netflix, e o primeiro filme no Globoplay, mas volta e meia os títulos mudam de streaming, é bom estar atento! 

Downton Abbey - O Filme 
Downton Abbey II: Uma Nova Era
Confira 12 curiosidades sobre a série

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem