Amores Materialistas

O que é preciso para decidir casar com alguém? Veja bem, há duas respostas: o que você acredita ser necessário, e o que de fato é preciso para dividir passar a vida com alguém. Apesar do marketing investindo na intriga de um triângulo amoroso, é sobre isso que fala o novo filme de Celine Song (Vidas Passadas - 2024). Amores Materialistas é um romance com uma visão objetiva e realista dos relaciomanetos no século XXI. 

Lucy (Dakota Johnson) é uma casamenteira moderna. Sua empresa está passos à frente dos aplicativos de namoro, e fornece curadoria para solteiros em busca do par ideal. Idealismo esse que geralmente vem com uma lista de qualidades bem específicas, idade, altura, aparência, renda. Em geral exigindo parceiros extremamente irrealistas. 

É nesse cenário que a protagonista conhece Harry (Pedro Pascal), um candidato tão perfeito que em seu ramo é considerado um unicórnio, bonito, rico, alto, educado. A quem ela até tenta recrutar, mas o candidato está interessado apenas nela. Ao mesmo tempo, ela reencontra seu antigo namorado John (Chris Evans). O pior candidato possível, um aspirante ator de 37 anos, que vive de bicos de garçon, e divide apartamento com outros solteirões sem futuro. 

Mas se engana quem pensa que o filme seguirá o conhecido caminho da disputa pela mocinha. De fato, os mocinhos sequer rivalizam entre si. A grande batalha é interna, entre o sentimento e a visão de mundo de Lucy. 

Harry é o candidato perfeito, alguém que atende os requisitos para marido que ela definiu. E ela é a mulher interessante que ele buscava. Em teoria ambos podem suprir as necessidades um do outro em um relacionamento.  Já John não oferece perspectiva de futuro. Ela já o abandonou por desavenças sobre dinheiro, mesmo assim o relacionamento com ele parece muito mais intenso e vívido.

Diferença que Celine filma de forma inteligente. Sua câmera constrói os relacionamentos através dos ecnontros, de forma a nos mostrar os sentimentos da protagonista sem que palavra nenhuma seja dita. Não que os diálogos sejam ruins, muito pelo contrário. São diretos, inteligentes e cheios de camadas. Mas quando filma Lucy e Harry, em encontros perfeitos, nunca tem o mesmo carisma, que os "esbarrões" não programados entre Lucy e John. 

O trabalho do elenco também segue esse padrão. Com Pascal, Johnson tem uma química artificial, perfeita à vista, mas sem carisma ou intensidade. Já a troca com John é natural apesar de atrapalhada, cheia de bagagem e envolvente, mesmo sem perspectiva de futuro. 

Outra discussão interssante que o filme aborda, são as expectativas e exigências absurdas, e hipócritas dos candidatos atendidos pela empresa da protagonista. Pessoas exigindo parceiros imaginários inexistentes, e rejeitando qualquer um com características medianas. Mesmo que esta pessoa inflexível esteja longe de cumprir um terço dos requisitos das próprias listas. 

Já o caso de Sophie (Zoe Winters) uma cliente "extremanete comum" de Lucy o extremo dessas exigências irrealistas. A dificuldade de cumprí-la, as aparências, as mentiras, e os perigos de sair com alguém que se conhece tão pouco. Servindo também de estopim para que a protagonista repense não apenas suas relações, mas toda a sua carreira profissiona. Unico aspecto de sua vida, que em algum momento considerara um sucesso. 

O maior equívoco de Amores Materialistas é seu marketing. Ora vendido como uma comédia romântica, com um triangulo amoroso formado por astros atraentes de Hollywood. Ora anunciado como novo romance revolucionário da diretora de Vidas Passadas. Quando na verdade é algo entre os dois. 

É romance, mas não é comédia. Ainda sim, é mais acessível e otimista que o filme anterior de Celine Song. É atual, realista, inteligente e muito gostoso de assistir. Só não é o filme que o cartaz anuncia, é até muito melhor.

Amores Materialistas (Materialists)
2025 - EUA - 116min
Romance

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