E se brinquedos tivesse vida? E se o mundo fosse habitados por carros? E se elementos e emoções tivessem formas e personalidades similares as humanas? - O "e se" é quase um mote não oficial da Pixar, cada vez com questões mais imaginativas e surpreendentes. Mas, e se, dessa vez o estúdio fizesse uma pergunta que já repetimos há tempos? - E se não estivermos sozinhos no universo? - Essa é a questão que a humanidade se faz há tempo, e que move o protagonista do 29° longa-metragem do estúdio.
Elio (voz de Yonas Kibreab) ficou fascinado pelo espaço após a morte dos pais, mais particularmente pela vida fora do planeta. E por isso, aos onze anos não tem, nem se interessa em fazer amigos, e mal consegue manter uma relação com a tia Olga (Zoe Saldaña), funcionária da agência espacial que desistiu de se tornar astronauta para cuidar do sobrinho. De fato, o menino faz de tudo, que ao alcance de uma criança de onze anos, para ser abduzido.
É claro, é uma animação, então eventualmente, seus esforços tem resultados. Ele é abduzido pelo Comuniverso. Uma espécie de ONU da galáxia, que acredita que o menino seja o embaixador da Terra. Ansioso por ficar, ele não desmente e acaba se envolvendo em uma negociação com o tirano Lord Grigon (Brad Garrett). E acidentalmente encontrando sua primeira amizade no filho dele Glordon (Remy Edgerly). Um alienígena azul que parece uma lesma com braços, sem olhos e com muitos, muitos dentes!
Só pela sinopse já dá para notar, que Elio, vai muito além do "e se não estivermos sozinhos no universo?". A pergunta nada original, move o protagonista sim, mas os motivos pelos quais ele as faz são mais complexos que a mera curiosidade. A obsessão pelo espaço é ao mesmo tempo uma fuga, e um escudo, criados pela incapacidade de lidar com o luto. Levando o menino à um status de isolamento que ecoa na própria pergunta universal, e no sentimento de solidão da própria humanidade diante da vastidão do universo.
Partindo desse ponto, a aventura que atende aos anseios do garoto, inevitavelmente vão tirá-lo desse casulo, e o obrigá-lo à se relacionar com terceiros. Mais especificamente construir uma amizade com Glordon que também tem seu arco a desenvolver e resolver a partir dessa relação. Ele é filho do lider de uma nação de guerreiros, que não quer guerrear. Sua personalidade é o extremo oposto da carapaça durona - figurativa e literal, pois sua espécie usa uma - exigida pela sociedade em que nasceu. Relacione aqui qualquer jovem que se diferencie, ou deseje seguir trajetórias diferentes dos demais, e principalmente das expectativas dos pais.
Desde a mera escolha de carreira, á orientação sexual, o conflito de gerações é a metáfora envolvendo a fofa lesminha alienígena. Enquanto aceitar, acolher o filho e deixar de lado as máscaras sociais impostas, para conseguir isso, é o dilema em torno do pai. E por falar em figuras paternas, com um pouco menos de espaço, ainda há o arco da tia Olga, que herdou uma vida para qual não estava preparada. O que talvez e transpareça sem querer para o sobrinho, que por sua vez quer deixar de ser um fardo para ela.
E por falar na reformulação, é gritante a diferença do primeiro trailer, com o resultado que chegou aos cinemas. Mais surpreendente ainda, que o filme, mesmo totalmente "remendado", ainda funcione muito bem. Mantendo o "padrão Pixar" de qualidade técnica e narrativa, e as muitas mensagens voltadas para adultos e crianças.
Elio pode não estar entre as obras excepcionais da Pixar, mesmo porque o "sarrafo" é muito alto. Mas é original, em um período que estúdios tem optado pela segurança sequencias e remakes. Além de criativo, divertido e muito bem feito! E um respiro de novidade, em meio à avalanche de franquias que dominam a telona.
É aventura e ficção-cientifica pra toda família. Termino assim essa análise, e como dizem em Ahm Terra, tá bom, beijo, te amo!
Elio
2025 - EUA - 99min
Aventura, Ficção-científica
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