Doctor Who - 2ª temporada

Tá todo mundo decepcionado, frustrado e bravo com a segunda temporada da nova fase de Doctor Who. Por causa de muitas das escolhas de roteiro, mas principalmente pela saída precoce de Ncuti Gatwa. Segundo rumores, por queda de audiência, rejeição de um público mais tradicional, problemas de agenda e bastidores. Obviamente, BBC Disney, o ator afirmam, estava tudo nos planos! Então porque surpreendeu e enfureceu tanta gente? E mais, porque pareceu apressado e mal acabado?

Mas estou colocando o final antes do princípio. O que não é errado, em se tratando de viagem no tempo, mas pra fins dessa resenha, melhor seguir uma ordem e não confundir ninguém. E a temporada começo bem com a apresentação de uma nova companheira de viagens. A enfermeira Belinda Chandra (Varada Sethu) é uma parceira relutante, com uma reação muito realista ao encontrar um estranho com uma máquina do tempo. Ela quer voltar para casa!

E as aventuras da temporada são assim, tentando levar a moça de volta para casa. Aos poucos a amizade vai sendo construída e ela vai tomando gosto pela coisa. Entre os episódios, se destacam Lux, que leva a dupla a viajar para os anos de 1950 e ainda quebrar a quarta parede. E The Story & the Engine, que leva a dupla para Lagos na Nigéria, e explora mitologias diversas. 

A complicação fica por conta das pistas deixadas ao longos destes episódios, que preparam o terreno para uma grande vilã no season finale. E de fato, Rani (Archie Panjabi) surge, e junto com ela Ômega. Não reconhece os nomes? Pois tratam-se de personagens da série clássica. Aquela transmitida de 1963 à 1989, que a maioria das pessoas fora do reino unido não teve acesso. 

E assim já cai por terra, a promessa de renovação sem amarras que esta nova fase prometera em sua estreia. De fato, amaras é o que a trama de Russell T. Davies mais tem. Trazendo de volta personagens recentes e antigos, muitas vezes sem propósito. Quem notou Rose Noble (Yasmin Finney) participou dos episódios finais, apenas para desaparecer de repente? Provavelmente resultado das refilmagens para incluir a regeneração precoce do 15º Doctor. 

Reestruturação mal planejada que deixou pontas soltas, facilitações e conveniências. Como Rani sendo derrotada em segundos pela entidade que ela mesma convocou. E esta por sua vez sendo vencida pelo doutor com um McGuffin mal explicado. Participações sem função como as de Rose Noble e Mel. E elementos mal explicados, como porque apenas a Rubi tinha memórias, do mundo real, e mais tarde da Popy?

É inevitável a sensação de "final remendado", é óbvio que a trama se desenvolveria pela próxima temporada. Mas foi encerrada às pressas, para a regeneração, como se não fosse possível manter a história em aberto e seguir com a próxima reencarnação. Já a coleção de personagens em cena é por mera nostalgia forçada e, claro, para uma despedida. 

O que é reforçado pela boa visita de Jodie Whittaker, uma explosão de carisma ver 13º e 15º juntos. E principalmente pelo rosto mostrado na regeneração Billie Piper, a primeira companheira da era moderna Rose. Ideia que seria boa, se o Doutor já não tivesse revisitado um rosto familiar tão recentemente. No especial de 60 anos, David Tennant voltou ao papel. 

Sejam quais forem os motivos da saída de Ncuti Gatwa o prejuízo é enorme. Já que pela primeira vez uma série de nicho, que por vezes discute com leveza temas que são polêmicos, conquistou plataforma para alcançar o grande público, o Disney+. E parecia disposta a finalmente colocar temas de diversidade sob os holofotes principais. 

A série sempre falou sobre eles, mas de forma mais diluída. Basta notar que houveram apenas dois episódios tratando da negritude do doutor. Condição que, de acordo com a época e lugar para qual viaje, muda completamente o tratamento que lhes é oferecido. 

Outro fato que a saída precoce do ator evidência é que Disney e Russell T. Davies talvez não saibam muito bem como lidar com a nova era que criaram. O dinheiro da casa do camundongo certamente elevaram o visual e os detalhes técnicos da produção. Mas ainda não descobriram como vender a série para o público mais amplo que agora ela alcança com seu streaming. Tão pouco com as críticas, e ódio que pode vir de um público não preparado para a série (leia-se mais conservador). 

E finalmente, com o fato, de que apesar de agora ser muito mais acessível, uma série sobre viagem no tempo, com um alienígena de dois corações que muda de corpo, ainda é uma série de nicho. Os whovians são fãs fiéis, mas não são uma multidão como o público da Marvel. Audiencia que acredito, a Disney esperava. 

Sim, estamos frustados com Doctor Who, nós espectadores, e não duvido que muita gente da produção. E com razão! Uma promessa revolucionária, de criatividade e liberdade caiu por terra. Só nos resta lamentar, e especular o que será do Doutor daqui para frente?

A segunda temporada de Doctor Who tem um total de oito episódios com cerca de uma hora cada, todos já disponíveis no Disney+!

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