Como Treinar o Seu Dragão

"Acha ruim a infestação de pernilongos que temos todo verão, imagina se eles fossem bem maiores e cuspissem fogo? É uma infestação de dragões que o vilarejo da ilha de Berck precisa enfrentar. Por mais de três séculos todo viking é treinado para matar sem dó nem piedade as criaturas que invadem o vilarejo para roubar animais.

Soluço bem que tenta, mas toda vez que o faz causa um estrago, para o bem da tribo é deixado de fora das batalhas. É em uma dessas tentativas desajeitadas que ele captura um Fúria da Noite, o mais misterioso e perigoso dos dragões, voa quase invisível e nunca erra o alvo. A recomendação viking para enfrentá-lo, é "sebo nas canelas"! Soluço vacila e não consegue matar o animal. Pouco a pouco viking e dragão constroem  uma relação de amizade e confiança, e Soluço descobre que tudo que seu povo sabe sobre eles está errado.

Enquanto isso a situação fica crítica na aldeia, adultos saem para procurar o ninho dos dragões, pois acreditam que se o destruírem, as criaturas vão embora. Novos recrutas precisam ser treinados, e  Estoico, líder da tribo e pai de Soluço, finalmente dá uma chance ao filho desajeitado, deixando-o tornar-se um aluno para aprender a matar dragões."

Crítica de Como Treinar o Seu Dragão de 2010!

Esse é o início do meu texto de 2010 da animação Como Treinar o seu Dragão, e serve perfeitamente pro seu remake live-action que chega agora, em 2025 aos cinemas. Se antes a gente discutia a necessidade, e o nível de fidelidade ao original dos live-actions da Disney. A Dreamworks joga a discussão por terra, já que neste primeiro remake com atores de suas animações ela faz um copia e cola sem vergonha nenhuma. 

Não é apenas o roteiro que se repete praticamente idêntico, inclusive com as mesmas falas. Mas também todo o visual. Caracterização dos personagens, visual dos dragões, design de produção de Berk. É tudo igualzinho, só que na vida real. Quase como se tivessem filmado uma atração de parque de diversões inspirada no desenho. 

A única exceção é Astrid. O interesse romântico do protagonista, é vivido por Nico Parker, que não tem a mesma etnia da sua equivalente animada. Essa mudança, e sua justificativa abrem espaço para uma Berk mais diversa… mas isso para nos figurantes. A moça também ganha um pouquinho de background, mostrando o conflito entre ela que precisa se esforçar para ser excelente, e os privilégios do nepo baby Soluço. Mas isso é restrito a uma micro cena, extremamente rápida. Muitos podem nem notar esse ensaio de desenvolvimento. 

Tem também o elenco, que por ser “humano” e não desenho pode construir uma conexão diferente com o público. Mason Thames, recria o Soluço sem atrapalhado mas com empatia incomum para aquele mundo. E o restante da molecada encarna com extrema fidelidade os caricatos personagens da animação. Aliás esse é um detalhe curioso, o visual é realista porque é live-action, mas não por tentar se aproximar da realidade. Os personagens, suas características, o ambiente, e até ações são bem caricatas, já que seguem a risca o original.

Enquanto Gerard Butler reprisa o papel de pai do protagonista. Ele era a voz da versão animada. E parece estar se divertindo muito como viking bruto caçador de dragões. 

O restante é extremamente similar à animação. A construção da relação entre Soluço e Banguela, e a descoberta de uma nova percepção sobre os dragões. A necessidade de se provar do garoto, o temor e determinação de seu pai em protegê-lo. Os mesmos conflitos, sem tirar nem por. A duração ligeiramente maior, vem majoritariamente de sequencias de voos e batalhas um pouco mais elaboradas. 

E considerando, que a história funciona na animação, e este filme apenas a recriar com um “filtro de realidade”. É impossível dizer que Como Treinar o seu Dragão de 2025 é ruim. É o mesmo filme. O questionamento que fica é: Sua existência era necessária?

A resposta imediata é, não! Mas ao rever a animação de 2010 uma coisa chamou a atenção. Seu visual já está datado.A gente tende a ter o filme mais recente de 2019 como referência na memória, e ele lindo. Mas nove anos em animação 3d é um enorme salto tecnológico, o filme original parece muito mais primitivo. Essa é uma desvantagem das animações computadorizadas, elas envelhecem mal. 

Deixe de lado os temas e ritmo de quase cem anos atrás, o visual de Branca de Neve e os Sete Anões continua impecável. Agora volta pro primeiro Toy Story, ou para Como Treinar o Seu Dragão de apenas quinze anos atrás, e eles já parecem feios, baratos como filmes para TV. Apesar de serem o auge de sua época. 

Então atualizar o visual, e tornar as referências dele mais duradouras, podem ser uma justificativa para a existência desse novo filme. Se é motivo suficiente ou não, público e bilheteria vão dizer. Ao menos o visual é sim impecável, a interação entre dragões e humanos, é extremamente realista. Mas lembra, os dragões são CGI. E assim como a animação, pode envelhecer mal. Então talvez, o estúdio apenas esteja caindo na mesma armadilha de ficar datado. 

Como Treinar o seu Dragão é um remake precoce. Muito bem feito, mas não traz absolutamente nada de novo. Bom para quem nunca viu, ou para quem ama rever o original. Não é extremamente necessário, mas a sessão diverte e não prejudica ninguém. 

Diz aí se você prefere animado, live-action, ou acha que tem espaço para as duas versões. Segue curte e compartilha e eu te vejo na próxima crítica!

Como Treinar o Seu Dragão (How to Train Your Dragon)
2025 - EUA - 125min
Aventura, Fantasia

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