Oficialmente este é o capítulo final, e o roteiro até faz questão de reforçar isso. Entretanto, nada é definitivo, quando se trata de uma franquia milionária e da vontade incomum de Tom Cruise de desafiar a própria vida. Ainda sim, a questão é O Acerto Final, é um bom encerramento para as aventuras de Ethan Hunt?
Partindo diretamente do desfecho em averto de Acerto de Contas Parte Um, mesmo porque esta seria a parte dois, que apenas mudou de nome por motivos de marketing. Hunt (Tom Cruise) e sua equipe continuam a missão de destruir a inteligência artificial que ganhou consciência própria e tenta dominar o mundo. Mas dessa vez sem apoio oficial nenhum e com mais inimigos, já que todos os governos tem interesse em dominar a tal Entidade por poder. Apenas a Ethan e seus amigos compreende o perigo de conferir tanto poder a uma pessoa apenas, ou mesmo a dificuldade de domar um sistema tão poderoso.
Trama que à primeira vista parece simples. Chegar primeiro à entidade e destruí-la, antes que os inimigos se apossem dela, e sem ser morto por eles. Mas lembra que este é "oficialmente o capítulo final"? E por isso, o roteiro acha que precisa fazer conexões e referências aos outros sete filmes da franquia. É aí que a trama tenta ficar complexa, mas só consegue ficar embolada.
Eventos e personagens de filmes anteriores surgem na tela, acompanhados de flashbacks e diálogos expositivos para situar quem não viu, ou não lembra de todos. Enquanto um longo esquema é criado para tornar mais longa e "impossível" a tarefa, que apesar das dificuldades, nunca temos dúvida que o protagonista vai executar. O resultado? Mais exposição, muito mais do que esperamos ver em um filme da franquia.
Um excesso de explicações e planos, que ao invés de deixar tudo mais claro, apenas deixam óbvio as falhas, improbabilidades do plano, e consequentemente as conveniências do roteiro. Em outras palavras, a tentativa de complexidade, nos da tempo para pensar demais, ao ponto de percebermos que planos, ações e escolhas dos personagens não fazem tanto sentido quanto os diálogos defendem.
E convenhamos, não é pela trama que acompanhamos a franquia Missão Impossível. A história é apenas um pretexto para conectar uma cena de ação e outra. E nesse sentido, quanto mais simples e objetivas as missões forem, melhor é o resultado. A tentativa de complexidade, e até de levantar uma discussão atual (só levanta, não discute de verdade) sobre tecnologia, poder e divindade apenas toma tempo e confunde, adiando as sequencias que o público de fato quer ver, e tornando a produção extremamente longa. Duas horas e quarenta e nove minutos de duração.
E por falar nas sequencias de ação, essas são exatamente o que o público espera, grandiosas e ousadas. Embora, para um filme tão longo, espera-se um número maior delas. As que mais se destacam são a grandiosa e alardeada cena do clímax, na qual Cruise se pendura para fora de um pequeno avião não apenas em movimento, mas durante acrobacias. E é a tradicional cena vendida como "aquela em que o astro quase morreu". Que infelizmente é entrecortada demais por problemas simultâneos, mas ainda sim é de tirar o fôlego.
E principalmente uma longa sequencia submarina, que surpreendentemente preza mais pela tensão que pelo frenesi em si. É a dificuldade e o ritmo mais lento que enerva, ao invés do tradicional desespero da correria.
Já o desenvolvimento dos personagens é inexistente. Ethan Hunt é definitivamente tratado como "o escolhido" e laureado pela narrativa como o grande herói do mundo. Enquanto nós, do lado de cá da tela pensamos, que ele não fez tudo sozinho, alguns até morreram pela missão. É claro que o desmerecimento do elenco de apoio não é uma surpresa. Afinal são elenco de apoio, para fazer Tom Cruise brilhar. O filme é dele, seu grande parque de diversões para realizar sonhos mirabolantes.
Além do astro, retornam a cena boa parte do elenco do filme anterior como Simon Pegg, Ving Rhames, Hayley Atwell, Pom Klementieff e Esai Morales. Além de nomes de filmes anteriores da franquia, um desafio para a memória dos fãs. Mas não se preocupe, eles tem tempo para explicar bem quem é quem. O filme tem quase três horas lembra?
Missão Impossível - O Acerto Final é um bom desfecho. Mais confuso e longo que o necessário, não é o melhor da franquia. E aposta em uma nostalgia que não funciona para todos. Mas diverte e traz cenas de ação ousadas e perigosas, que é o que procuramos quando vamos ver Tom Cruise na telona. O fã vai adorar, e os demais vão se distrair por algumas horas.Missão Impossível - O Acerto Final (Mission: Impossible - The Final Reckoning)
2025 - EUA - 169min
Ação
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