Lilo & Stitch

 Polêmicos entre críticos, mas, na maioria, lucrativos para os estúdios, os live-actions da Disney chegam à sua maior aposta ao "atualizar" um de seus personagens mais lucrativos. Stich se vende sozinho, é uma febre em merchandising, mesmo entre quem nunca viu a animação original. Vendo por este modo, a versão do experimento alienígena azul com atores de carne e osso até demorou. A questão é, essa "renovação" faz sentido?

A história é a mesma, o experimento alienígena altamente destrutivo chamado 626 (Chris Sanders), foge da condenação da Federação Galática e cai no planeta Terra, mais especificamente no Havaí. Em solo terrestre e ainda perseguido pelas autoridades, encontra uma forma de se proteger se tornando o "cachorrinho de estimação" de uma menina de seis anos passando por uma fase difícil da vida. Lilo (Maia Kealoha) e sua irmã adolescente Nani (Sydney Agudong) se esforçam para sobreviver após a morte dos pais, em risco constante de serem separadas pelo serviço social.

É assim, que Stich sem querer ganha nome, família e um propósito para além do que foi criado, destruir. Enquanto Lilo e Nani encontram através da dificuldade uma forma de se ajustar a sua nova família. São poucas as diferenças entre a animação de 2002 e o filme de 2025. De fato, algumas cenas e falas são recriadas com exatidão. O que deve agradar aqueles fãs que exigem fidelidade absoluta. 

Já eu, não sou um deles. Uma vez que filmes são "eternos", e sempre podemos revisitá-los, não vejo sentido em refazer algo que já é bom e acessível, sem acrescentar algo que atualize ou expanda a história e suas reflexões. E apesar da fidelidade absurda, o novo Lilo & Stitch, consegue acrescentar novos detalhes. Se suficiente para justificar sua existência, depende da régua de cada um. 

De longe a mais interessante é a inclusão de uma vida para Nani, para além de ser uma irmã mais velha. Atleta, e excelente nos estudos, a moça tem uma bolsa para a faculdade, mas não consegue pensar em uma forma de seguir com os estudos, sem abandonar a irmã. É no desfecho dela, e consequentemente de Lilo, que o novo filme difere do original. Não condenando a adolescente, a se anular por uma responsabilidade para qual óbviamente não está pronta, como o original fez. Uma mensagem completamente oposta do original. 

Outra mudança significativa é o sumiço do vilão Gantu. Aqui substituído por Jumba (Zach Galifianakis). Uma redução que faz sentido, eliminando camadas desnecessárias da trama. Enquanto Nani, além de David (Kaipo Dudoit), tem o apoio da vizinha Tutu (Amy Hill, presente em todos os filmes rodados no Havaí). Que torna a situação do serviço social mais realista, já que sem essa mínima rede de apoio, ela já teria perdido a guarda da irmã. O restante é extremamente similar a animação, salvo atualizações para nosso tempo, como a existência de celulares, o que não interfere em nada na história. 

Então, assim como no desenho, acompanhamos uma construção de uma nova família. E a reabilitação de dois desajustados, ambos Lilo e Stich faziam coisas ruins por não se sentirem acolhidos. Ao longo de uma aventura nas belas paisagens havaianas, com muita praia, surf e músicas do Elvis. Embora eu tenha a sensação que o Rei é mais presente na animação que neste novo filme. O original apresentou o cantor para muitas crianças, não sei se o fenômeno se repetirá aqui. 

A produção é caprichada, inclusive na tarefa complicada de manter um protagonista em CGI realista funcionando em todo o filme. É visível o esforço direcionado à Stich, tanto que outros aliens ganham "versões" humanas para poupar orçamento. 

E por falar nas versões humanas de aliens, Billy Magnussen se surpreeende, ao encarnar Pleakley em suas expressões faciais e corporais. É assustador quando reconhecemos sua forma alien, por trás da humana. Já Zach Galifianakis não consegue o mesmo feito, talvez pela reformulação de seu personagem, que ainda está no núcleo cômico, mas ainda é o vilão. 

Além dos nomes já mencionados, também estão em cena Courtney B. Vance, Tia Carrere (que era a voz de Nani na animação) e Hannah Waddingham. Todo o elenco bem ajustado ao que o filme exige e apenas isso. 

O grande destaque é mesmo a fofa Maia Kealoha. Um pouco menos ranzinza e carrancuda que a Lilo a animação, muito mais ingênua e extremamente espontânea, ela conquista nossa confiança com apenas segundo em tela. Eu diria que funciona até melhor que o Stich, que é apenas uma versão em CGI do mesmo personagem de 2002.

De todas as recriações em live-action da Disney Lilo & Stitch é mais seguro em termos financeiros. Não importam o custo e o sucesso do filme. O merchandising certamente superará os custos facilmente. Tanto, que muitos ficaram surpresos por este projeto ter nascido originalmente para o streaming. Em algum momento perceberam seu potencial e recalcularam a rota para o cinema. 

O resultado é uma recriação fiel, com algumas atualizações, e por isso é tão eficiente quanto o original. Talvez não tão charmoso quanto a animação, mas entretém os mais velhos, sem agredir sua memória afetiva. E certamente vai enlouquecer os pequenos, que talvez só conheçam o alien azul pelos produtos. Em outras palavras, é mais do mesmo, e mesmo assim uma aposta certeira da Disney! 

Lilo & Stitch
2025 - EUA - 108min
Aventura, Ficção científica, Animação

Post a Comment

أحدث أقدم