Apesar de ter feito mais de um bilhão de bilheteria e ganhado um oscar, Zootopia: Essa Cidade é o Bicho parece não ter a atenção que merece. Perdido em meio à sucessos de princesas, a genialidade da fábula animal moderna pode passar despercebida por muitos. Basta notar que a gente não vê camisetas, bonecos e outros colecionáveis da franquia com tanta frequencia como outros sucessos da Disney. Logo, é prazeroso descobrir que o estúdio conhece o pontencial do mundo que criou, e além de uma série animada no Disney+ , deu à Judy e Nick uma nova incursão nos cinemas também.
Zootopia 2, se passa pouco tempo após os eventos do primeiro filme. E a dupla de policiais protagonistas ainda está ajustando sua inesperiência, e seu jeitinho particular de resolver os casos, com as regras da polícia. Depois de causar uma confusão pela cidade tentando resolver um caso, eles são desacreditados, mas descobrem uma pista que pode indicar um problema ainda maior. Uma cobra pode estar à solta em Zootopia, os répteis foram considerados perigosos, banidos e não são vistos por lá há mais de cem anos.
Se você já viu qualquer filme ou série policial já deve imaginar o caminho que a história vai tomar. Desacreditada, a dupla tem que agir por conta própria, com recusos limitados e soluções duvidosas, enquanto tentam ajustar suas diferenças. Vale lembrar Nick (voz de Jason Bateman no original, e Rodrigo Lombardi no Brasil) e Judy (Ginnifer Goodwin/Monica Iozzi) não apenas são inimigos naturais no ciclo da vida, raposa e coelha, mas também, são indivíduos muito diferentes. E quando o trabalho se extende para além do caso inicial, essas diferenças se tornam um empecílio.
É claro, é um filme para toda a família, então não há dúvida de que a amizade da dupla vai superar essas diferenças. A graça é acompanhar esse processo, ao lado dos personagens carismáticos e cheios de química que aprendemos a amar no primeiro filme. Aliás, muitos shiparão uma raposa e uma coelha, o que pode ficar muito confuso. Particularmente, espero que a tendência para o futuro seja trabalhar a amizade, partir para o romance além de clichê, traria empecílios e questões muito complexas para a molecada. Ou não, talvez eu esteja pensando demais!
Assim a dupla segue as pistas e desenrola a investigação que traz velhos personagens de volta, e novas aquisições. Entre as mais relevantes estão Gary A Cobra (Ke Huy Quan/Danton Mello) e a castor teorista da conspiração Nibbles (Fortune Feimster/Samira Fernandes). Mas também temos linces, mamíferos aquáticos, e claro outros répteis. E junto com eles, mais do ecosistema complexo de zootopia, que aqui é peça chave no mistério da vez. E sim, a construção de mundo continua caprichada, tudo pensado levando em conta a variedade dos moradores desse mundo.
Chefe Bogo, Flecha, Garramansa, Gazelle e outros personagens do filme anterior, estão de volta à cena. A maioria em participações pontuais, mas sempre bem encaixados em cena. E junto com eles, seus intérpretes famosos no audio original (a versão brasileira traz dubladores profissionais) como, Idris Elba, Shakira e Bonnie Hunt.
Enquanto novas estrelas participam em pequenas participações, a quantidade de nomes conhecidos é surpreendente! Andy Samberg, Danny Trejo, Stephanie Beatriz, Jean Reno, Alan Tudyk, Macaulay Culkin, Brenda Song, John Leguizamo, Auli'i Cravalho, Ed Sheeran, Michael J. Fox, Josh Gad, Anika Noni Rose e Dwayne Johnson estão entre os convidados. Muitos colaborando apenas com uma palavra ou outra, mas já disponíveis para aparições futuras em novos filmes e séries.
De volta à trama principal, o filme ainda encontra tempo para resgatar piadas recorrentes, como as relacionadas à preguiça, e aos DVDs piratas de Duke Doninha. Encontrar novos meios de fazer graça, especialmente com os moradores da Feira do Brejo, onde se refugiam mamíferos aquáticos e répteis, que tem uma cultura própria, diferente do restante de Zootopia. E ainda, esconder referências bem pensadas aos montes. Desde jogos infantis com hipopótamos até clássicos do cinema, como O Iluminado.
E por falar na Feira do Brejo e animais aquáticos, é nas cenas com água que fica mais evidente a evolução na animação. Especialmente em uma sequencia em que os protagonistas estão encharcados. O mundo dos bichos está cada vez mais bonito, e realista, mesmo tenhdo animais antropomórficos usando roupas.
Michael Giacchino retorna na composição da trilha sonóra, que ajuda muito tanto na criação de atmosfera, quanto no ritmo da aventura. Entretanto é a nova música de Gazelle que deve chamar a atenção do pessoal. Embora, particularmente, eu tenha achado "Zoo" escrita por Ed Sheeran, Blake Slatkin e Shakira, que também canta a faixa, menos impactante e conectada com a trama que "Try Everything", música tema do filme anterior que vive na minha playlist.
Zootopia começo como uma fábula moderna com críticas sociais inteligentes e escondidas sob a camada lúdica de um mundo povado por animais. Zootopia 2 expande esse universo com muito carisma, diversão, mais discussões e lições escondidas em uma aventura policial para toda a família. Lembrando que sequencias boas existem sim, e deixando um gostinho de quero mais. Que Zootopia 3 venha voando!
Zootopia 2
2025 - EUA - 108min
Animação, Aventura
P.S.: Tem uma cena pós créditos!
Leia a crítica de Zootopia: Essa Cidade é o Bicho e Zootopia+ !
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