Sucesso em outras épocas, as comédias românticas tem sofrido para encontrar espaço entre lançamentos no cinema. O que faz que a maioria delas chegue direto ao streaming, e muitos considerem filmes menores. Infelizmente, muitas produções atendem à essas baixas expectativas, ajudando a manter o gênero no limbo em que se encontra. Queimando o Filme, remake Prime Video, de outro filme original da plataforma, Cinco Chances Para Ser Feliz, é um desses casos.
Pia (Simone Ashley de Bridgerton), está chegando à casa dos trinta anos. E diante dos festejos do casamento da irmã mais nova, a família tenta se mobilizar para desencalhar a primogênita, que afirma não querer casamento ou filhos, mas uma carreira de sucesso em fotografia. Mesmo assim, aceita participar de encontros às cegas organizados pelos parentes, ao reencontrar seu namorado de adolescência, Charlie (Hero Fiennes Tiffin, de After).
Uma mocinha independente, determinada e meio atrapalhada, um galã ressurgindo das cinzas, um melhor amigo gay, um sacerdote predizendo romance, e até uma família intrometida com o diferencial da cultura anglo indiana. Queimando o Filme tem todas as peças para criar uma comédia romântica tradicional adorável. Mas confunde seu foco, e não investe direito em nenhuma das tramas que propõe.
O grande desafio da mocinha é encontrar o amor? Se acertar com a família? Salvar seu estúdio de fotografia? Tudo isso junto. Embora seja totalmente possível conciliar, e administrar estes diferentes aspectos da vida da protagonista. O roteiro deste remake não consegue fazê-lo. Saltando de um assunto para o outro, sem conexões, relações de causa e efeito, ou mesmo consequências.
Por mais que Simone Ashley seja carismática, vê-la saltar de confusão em confusão, não é suficiente para construir um romance, tão pouco para conquistar nossa fidelidade. Ainda mais porquê nenhuma dessas confusões tem peso na trama. Seu cabelo pega fogo acidentalmente? Ela nem sequer sofre por isso. Aparece descalça em um compromisso elegante? Ninguém sequer nota. Porquê criar essas situações, se nada contribuem para a história? E várias sequer arrancam rizadas.
A cultura indiana, que poderia oferecer um charme extra à trama, é usada como mero acessório para justificar muitas festas e roupas bonitas. E a divisão de tempo entre família, carreira e romance, nos impede de conhecer os personagens além da protagonista. Sem saber seus predicados, impossível torcer para Charlie conquistar a moça. Mesmo porquê, além de uma conversa ou outra, ele faz pouco esforço para isso.
Ao final das contas, Queimando o Filme tem todos os ingredientes para fazer uma boa comédia romântica. Não revolucionaria o gênero, mas poderia entreter e encantar. Infelizmente, a obra não sabe como usar esses ingredientes, tão pouco como encontrar um tempero extra que o destacaria. O resultado é uma trama fraca, que não nos conquista e será rapidamente esquecida.
Ao menos serviu para me deixar curiosa. Será que o original australiano Cinco Chances Para Ser Feliz de 2024 é tão interessante assim, para inspirar um remake ocidental sem sal feito às pressas? Vou assistir, e quem sabe, volte para contar!
Queimando o Filme (Picture This)
2025 - Reino Unido - 101min
Comédia românica
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