Twisters

Se analisar o roteiro de Twisters direitinho, Glen Powel não é o protagonista, apesar de estar melhor posicionado no pôster e nos materiais promocionais. Ele é, na verdade, o parceiro charmoso, meio cafajeste, e improvável da protagonista. Mas é extremamente difícil evitar que o novo queridinho de Hollywood roube a cena nesta sequência independente, que transforma o clássico da Sessão da Tarde de 1996 em uma franquia.

Kate Cooper (Daisy Edgar-Jones) tem a mesma habilidade de "prever tornados" que o Bill Paxton tinha lá no filme original, mas abandonou a caça de fortes ventos após um evento traumático. A mocinha é trazida de volta a esta vida, quando o amigo Javi (Anthony Ramos), apela para seu desejo de salvar as pessoas destas catástrofes naturais. Para atrapalhar, a caça de tornados se tornou um "esporte" concorrido, com a chegada de Tyler Owens (Glen Powell), um ícone das redes sociais, famoso por mostrar suas aventuras perseguindo esses fenômenos naturais.

Uma equipe bem intencionada e seus concorrentes disputando para ver quem consegue os melhores tornados. Não precisa muito mais que isso, para resgatar a adrenalina e as boas sequencias de catástrofe do filme dos anos noventa. Mas, a sequencia deseja trabalhar ainda mais seus personagens e relações, além de guardar uma reviravolta sob as circunstancias em que toda a caçada é feita. Adições que, apesar de bem intencionadas, são o ponto mais fraco da produção.

À começar por Daisy Edgar-Jones, que apesar de dedicada, ainda não tem o carisma necessário para carregar o filme sozinha. É provavelmente por isso, que Powel rouba as atenções com tanta facilidade. Além disso, as pausas para construir a relação do casal, a amizade da protagonista com Javi, e o arco traumático da mocinha, vão além do respiro necessário entre as sequencias de ação. Se estendem mais que o necessário, ao mesmo tempo que entram em conflito umas com as outras. 

O que é mais relevante? O romance? A superação do trauma? Ou as segundas intenções sobre uma amizade? Sozinhas são boas ideias, juntas competem por espaço, mais do que se complementam. Mas ao menos, constroem um elenco relevante caso a produção ganhe sequencias. 

E por falar em sequencias, apesar de ser sim uma continuação assumida de Twister, o filme deste ano, guarda poucas relações com o longa de 96. Não resgata personagens, traz apenas a ciência de que a pesquisa do filme anterior fora feita, com a aparição rápida de uma geringonça bem característica. Uma pena, seria delicioso se Kate fosse filha de Bill e Jo, já que a moça parece ter herdado as habilidades do personagem de Bill Paxton.

Outro resgate bem vindo do filme original é a textura das imagens, que ganha uma granulação bem característica das produções da época. Especialmente nas sequencias de tempestade. Mudança justificada pela o uso de diferentes câmeras ao longo de toda produção, graças a existência dos youtubers. 

Ainda falando dos youtubers, o elenco inchado, cheio de personagens descartáveis e unidimensionais também é um aceno para o primeiro filme. Que trazia uma equipe barulhenta e caricata como mocinhos, em contraponto com os robóticos vilões. E também para criar aquela "algazarra de torcida", que aumenta a adrenalina da caçada. Tudo copiado direitinho aqui. A única novidade é o jornalista Ben (Harry Hadden-Paton), que dá um pequeno vislumbre dos impactos do trabalho do grupo no mundo, novamente preparando terreno para a possibilidade de possíveis continações. 

Já o trabalho do grupo, é a já conhecida "tecnologia mágica" típica de filmes de ação e catástrofe. Termos técnicos jogados aleatoriamente, escapadas milagrosas e soluções improváveis, facilmente aceitas pelo público por um simples motivo: não é por elas que estamos ali. É pela ação!

E essa é sim bastante satisfatória. Lee Isaac Chung diretor de Minari, faz um bom trabalho ao filmar o caos, e lhes conferir periculosidade e urgência, mantendo tudo compreensível, e crível. Dentro da proposta de absurdos de pessoas caçando tornados, claro! E surpreendentemente usando bastante efeitos práticos, em harmonia com o CGI, caracteristica marcante do primeiro filme.

O resultado é sim o resgate daquela empolgação e frenesi, que marcaram o filme de 1996. Há uma ou outra ressalva sim, Daisy Edgar-Jones e Glen Powell ainda não são Bill Paxton e Hellen Hunt, por exemplo. Mas podem vir a ser. Enquanto isso, a ação é mais que suficiente para justificar a sessão, e possíveis continuações. Que venha uma nova temporada de tornados! 

Twisters
2024 - EUA - 117min
Ação, Aventura

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