Apesar da popularidade em baixa, e do encerramento da série principal, a franquia The Walking Dead segue lançando derivados. A maioria deles dispensável, ao ponto que as transmissões no Brasil se tornaram irregulares. O que desestimulou a produção de conteúdos sobre elas por aqui. Recentemente o Prime Vídeo parece ter adotado esse conteúdo, bem à tempo de finalmente conferirmos The Walking Dead: The Ones Who Live. Derivado que encerra a jornada de Rick Grimes, e ouso dizer, único realmente interessante dessa nova leva.
Para aqueles que não se lembram, Rick (Andrew Lincoln) deixou a série principal na nona temporada. Levado ferido, em segredo, e contra a vontade, por Jadis (Pollyanna McIntosh) em um dos misteriosos helicópteros que rondavam a série. Que mais tarde, em World Beyond descobrimos pertencer à República Cívica, uma comunidade avançada com planos grandiosos para a humanidade. Já Michonne (Danai Gurira) saiu da série na temporada seguinte. Quando descobriu que o xerife estava vivo, e saiu em sua procura.
É o reencontro desta dupla, em todos os aspectos, físico, sentimental, e em propósito, que acompanhamos em The Ones Who Live. E este foco é o grande acerto da série. Compreender quem estes personagens são, após anos de separação, e experiências distintas e reconectá-los, é o objetivo da série. Sim, existe a ameaça da República Cívica, mas essa alardeada expansão do universo, serve aqui apenas de cenário para desenvolver a dupla de protagonista.
Andrew Lincoln constrói um Rick, que esgotou todos os recursos e esperanças de retornar para aqueles que ama. Forçado a se moldar à novas regras, que gradualmente precisa se libertar, e voltar para casa, literal e figurativamente. Enquanto Danai Gurira traz Michonne como sua rocha, a bússola moral e guia necessária para resgatar este homem, das prisões físicas e principalmente mentais em que se encontra.
Ciente disso, o roteiro não enrola para reunir a dupla, embora reserve os dois episódios isolados para mostrar suas jornadas individuais até o reencontro.Uma vez unidos, a série insiste em repetir, e nós facilmente acreditamos, eles são capazes de qualquer coisa. A jornada é convencer Rick disso, e descobrir a verdadeira missão que possibilite esse retorno. Para tal, a série não economiza diálogos e embates entre a dupla, com uma longa e complexa discussão de relação, e de vida, que alcança seu auge no excelente quarto episódio.
Depois disso, o programa se dedica ao "retorno para casa" com uma "leve" reestruturação de mundo no percurso. Sim Michonne e Rick mudam o mundo, a tal mudança que tentaram fazer na série principal, mas não convenceu muito. O único problema aqui é a ameaça derrotada em si.
A República Cívica foi anunciada e alardeada por muito tempo, antes de ser finamente apresentada em World Beyond, série completamente descartada aqui. O que é uma escolha acertada, considerando que pouquíssimas pessoas viram o derivado, ainda que doa naqueles que gastaram seu tempo assistindo. Ainda sim, as revelações em torno da comunidade decepcionam, ao serem muito menores que o alarde em torno delas. Existe um plano megalomaníaco sim, mas relegado a uma facção específica dessa sociedade. O que nunca corresponde a ameaça anunciada.
Ao menos isso é ótimo para os protagonistas, que não precisam dividir tempo com tramas mirabolantes e personagens secundários. E que como a série alardeia, sozinhos são capazes de derrubar em um episódio, um sistema, que em outras épocas demoraria várias temporadas, e exigiria a presença de toda Alexandria.
E por falar em personagens secundários, os apresentados aqui são poucos se apenas servem ao propósito de servir de escada para o casal protagonista. O destaque fica com Matthew Jeffers, que traz o único personagem que gostaríamos de acompanhar por mais tempo. Lesley-Ann Brandt e Terry O'Quinn, completam o elenco fixo. Da série principal, além da antagonista Jadis, apenas três outros personagens aparecem aqui, um deles com um uso inusitado.
Ah, e claro, a série ainda tem tempo para zumbis e ação bem colocados na trama. Em momentos pontuais, quem ajudam a construir o cenário apocalíptico, criam obstáculos e ajudam a mover os personagens. Com a qualidade de maquiagem e efeitos já conhecida da série.
The Walking Dead: The Ones Who Live é o melhor spin-off da franquia. Ouso dizer, melhor até que as temporadas finais da série principal. Além de oferecer um desfecho envolvente e satisfatório para a jornada de seus protagonista. Matamos a saudade de ver Rick e Michonne juntos, e como bônus ganhamos a despedida bem feita que, tanto eles, quanto nós merecíamos.
The Walking Dead: The Ones Who Live tem seis episódios com cerca de uma hora cada. Todos estão disponíveis no Prime Vídeo.
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