The Walking Dead: World Beyond - Temporada Final

A origem dos helicópteros que aparecem em The Walking Dead foi esclarecida! Esta foi provavelmente a única resposta que The Walking Dead: World Beyond entregou ao público, em sua primeira temporada. O restante do tempo fora preenchido com disputas de poder entre comunidades, planos mirabolantes, personagens tratados como mais relevantes do que realmente são, muito mistério em torno da República Cívica, arcos pouco originais, arrastados e repetitivos. Agora, a segunda e última temporada, chega para realmente movimentar esta história, de forma mais equilibrada, criativa e enérgica.

Seguindo caminhos separados, o quarteto formado por Iris, Hope, Elton e Silas (Aliyah Royale, Alexa Mansour, Nicolas Cantu e Hal Cumpston), vai finalmente conhecer várias facetas da República Cívica. Neste processo, acabam descobrindo as verdadeiras intenções, e práticas da comunidade, que inevitavelmente levarão os grupos ao confronto.

Com apenas dez episódio para resolver todos os arcos que criou ao longo do arrastado primeiro ano, esta temporada deixa de lado as longas caminhadas e reflexões sobre a vida no apocalipse. Separa os protagonista, e os coloca com motivações claras e diretas. A alternância entre os diferentes núcleos é equilibrada, e seus eventos se complementam.  A movimentação na trama, a inclusão de novos personagens e até o resgate de Jadis/Anne (Pollyanna McIntosh), são mais que bem vindos. Entretanto estas mudanças são feitas as custas da coerência no desenvolvimento de personagens.

Hope e Iris parecem ter trocado de personalidade, embora o roteiro tente mostrar a mudança como amadurecimento. Iris outrora consciente e prevenida, de uma hora para outra parece pronta para a batalha. Enquanto a impulsiva Hope, vira uma pessoa retraída e indecisa. Sim, essas mudanças poderiam fazer parte do desenvolvimento das personagens, se construídas de forma gradual, através de experiências vivenciadas por elas.  Aqui parece que alguém apenas apertou um botão e a dupla mudou de personalidade. 

O mesmo vale para personagens como Elton, que deixou a ciência de lado. E o forasteiro Percy (Ted Sutherland) que compra a briga, como se sempre tivesse feito parte da comunidade. Já a adição de Jadis, parece deixar a outrora ameaçadora, e melhor em cena no primeiro ano, Elizabeth Kublek (Julia Ormond) sem função. A personagem desaparece por boa parte da temporada, retornando apenas para lidar com as consequências do clímax. 

São de Silas e Huck (Annet Mahendru), os arcos realmente bem desenvolvidos na trama. Ele construindo uma couraça para ajudar a enfrentar o mundo. Ela com um dilema de fidelidade aos dois lados da disputa. 

Falhas de personagens à parte, o conflito principal é bastante claro, a República é o inimigo. E os personagens se mobilizam de diversos núcleos para combater esta ameaça, criando um clímax, criativo e dinâmico, mesmo que ainda com planos mirabolantes. Todos os personagens são envolvidos em algum momento, e os confrontos são interessantes. 

Ainda há tempo para a construção de todo um cenário em torno da Republica Cívica e suas atividades, em relação à outras comunidades, e na forma de combater/curar o apocalipse dos mortos. E é este contexto o verdadeiro motivo para a existência de World Beyond. A série planejada para ter apenas duas temporadas, é claramente a preparação para algo maior. 

Não é atoa que seu desfecho deixa o destino dos personagens em aberto, praticamente em posições estratégicas para contar um novo capítulo. Também não é surpresa a existência de uma cena pós-créditos no episódio final, para confirmar que mais está por vir no universo de The Walking Dead

Com uma segunda temporada melhor que a primeira, The Walking Dead: World Beyond, é na verdade uma grande apresentação. Uma construção de mundo, que tudo indica,  prepara terreno para os filmes estrelados por Rick Grimes, "sequestrado" por um helicóptero da República Cívica na nona temporada da série original, e desaparecido desde então. 


Nesta condição de aventura introdutória, tenta conquistar um público mais jovem, com uma aventura própria, mas falha ao se arrastar mais que o necessário. Provavelmente, funcionaria melhor com apenas uma temporada, com mais episódios, mas que fosse mais direta ao ponto. Ainda sim, a série cumpre bem seu objetivo principal, apresenta um novo contexto. Que venham novas produções para realmente explorá-lo. 

The Walking Dead: World Beyond tem duas temporadas com dez episódios cada, exibidas no Brasil pelo canal AMC. No Streaming, a primeira temporada está disponível no Prime Vídeo, e o segundo ano deve chegar em breve. 

Leia a crítica da primeira temporada.


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