Donzela

Uma jovem atriz em ascensão em Hollywood, estrela uma fantasia de ação onde interpreta uma princesa que precisa salvar a si mesma. Arregaçando as mangas e desconstruindo seu vestido conforme enfrenta desafios para os quais sempre está m desvantagem. Parece uma descrição do excelente A Princesa, do Star+, lançado em 2022 e estrelado por Joey King. Mas trata-se de Donzela, filme de 2024 da Netflix com sua queridinha Millie Bobby Brown. Que apesar da premissa parecida, entregou um resultado bastante diferente. 

Elodie (Millie Bobby Brown) aceitou se casar com um príncipe de um reino mais rico para salvar seu povo. Mas a noiva na verdade fora "comprada" para servir de sacrifício a um dragão, com quem o reino tem uma antiga dívida. Presa sozinha na caverna do monstro e ciente de que ninguém virá salva-la, a moça precisa lutar com todos os recursos que encontrar para sobreviver e escapar de seu destino. 

E sim, a moça tem recursos. Desde os elementos do vestido, que virmos serem adicionados nela mais cedo, e que ganham novas funções conforme os desafios surgem. Até, elementos mágicos, pistas deixadas por outras sacrificadas e até inexplicáveis visões. Soluções que em alguns momentos são interessantes, em outros incomodamente convenientes. Mas, ei, escolhemos ver um filme sobre reinos mágicos e dragões, algumas conveniências são possíveis de relevar.

O que é difícil deixar de lado são os diálogos, duros, previsíveis e até meio bregas (no mau sentido), proferidos de forma mecânica pelos personagens. Frases de efeito explicações óbvias tornam tudo mais artificial. Especialmente com a postura que Millie Bobby Brown dá a protagonista. Cheia de poses e caras exageradas, a sensação é que a moça sabe que esta sendo observada por alguém além do dragão. Diferente de Joey King que entregava surpresa e energia em A Princesa, Bobby Brown não encontra um tom natural para sua princesa guerreira.

Outra que sofre com a caricatura é Robin Wright, para quem o roteiro só oferece o trabalho de rainha má. Nick Robinson e Ray Winstone atendem bem ao pouco que os papéis lhes exigem. O príncipe submisso a mãe malvada, e o rei bondoso de escolhas equivocadas. Ambos plausíveis de se arrepender antes do fim, mas não ao ponto de serem poupados do castigo. 

Angela Bassett é a única que consegue fugir do estereótipo, com uma madrasta cheia de opiniões e artimanhas, mas que genuinamente se preocupa com as enteadas. Nada revolucionário é verdade, mas com algumas camadas a mais que os demais personagens.

Design de produção e figurinos são competentes em criar um mundo mágico próprio e minimamente crível. Entregando momentos visualmente interessantes, e até um dragão de CGI, funciona bem na maior parte do tempo. A falha fica por conta das péssimas perucas que praticamente todo o elenco usa, e muitas vezes roubam a atenção dos mais detalhistas. E das sequencias de batalha confusas, cuja coreografia por vezes não nos deixa compreender a geografia das cenas. Saber quem onde cada um está, e pra onde está indo, é o mínimo para nos conectarmos com a ação.

Mais aventuresco do que "de ação" Donzela, acerta no enredo, mas falha na hora de contá-lo. Apelando para falas mal escritas, conveniências e flashbacks tardios. Além de um final corrido (saborear a derrocada dos vilões é a melhor parte, dê tempo a isso!).  Mas entrega o que promete, uma sessão da tarde divertida, especialmente para os fãs de Millie Bobby Brown. Eu ainda prefiro o similar com a Joey King, mas este também entretém!

Donzela (Damsel)
2024 - EUA - 110min
Aventura, Fantasia, Ação

Leia também a crítica de A Princesa!

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